sábado, 21 de março de 2009

Para inglês ver

Ao completar 15 anos de existência o PSF, Programa de Saúde da Família, um ambicioso programa de saúde - com prioridade na saúde e não no comércio da doença - mostra-se cada vez mais exaurido.
O programa veio embalado no aparente sucesso do PACS, de 1991, que também sofre da mesma anomalia: falta de dinheiro, investimentos em qualificação profissional e credibilidade.
Ambos os programas previam criar um sistema típico dos sistemas de saúde canadense e inglês, no que toca ao atendimento e à prevenção de doenças. Um fracasso. Aliás, esse talvez venha a ser o motivo do SUS não vir a ser considerado Patrimônio da Humanidade como se afoitam alguns a acreditar e lutar por isso. Do ponto de vista do atendimento ambulatorial tradicional, o programa a duras penas e gordas verbas vem dando conta do recado; já na prevenção tem sido um desastre. Basta observar os casos de recidivas e repliques de endemias mais violentas como a dengue. Aliás, é justamente pela deficiência no sistema de ACS/ESF (Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família) que os hospitais tem sido sobrelotados de pacientes, na maioria das vezes sem a menor necessidade de ali estar.

Agentes ganham menos

Os repasses federais de hoje deixam os Agentes Comunitários de Saúde ganhando menos que os de 1994. Isso também se observa nos demais membros das Equipes do PSF.
Em 1998, a média mensal de repasses para os ACS em Itabaiana foi de R$ 15.338,54 (R$ 42.354,79 em valores de hoje). Detalhe a ser considerado: inicialmente não eram mais do que 20 Agentes de Saúde no município, e o salário mínimo era de R$ 130,00 (R$ 358,97 atualizados). Hoje, existem 160 ACS e o repasse mensal dirigido a esse pessoal é de R$ 105.742,00 nesse mês de fevereiro último. A relação de repasse, portanto, cai de R$ 2.200,00 em maio de 1998, para menos de R$ 660,00 neste fevereiro último. Nem mesmo o sofrido PAB (Piso de Atenção Básica) Fixo caiu tanto. Era em maio de 1998 de 62.131,67 (R$ 171.566,79 atualizados) e agora em fevereiro foi de 134.443,75 (queda de 27%).
Em geral a saúde vem perdendo terreno frente às verbas federais; quadro que é piorado pelo assédio consumista estimulado pela indústria de insumos e serviços à essa área, tornando o usuário um mero consumidor e não um cidadão com direitos à saúde e ao bem estar.

Sonho distante.

Seria um sonho. O cidadão sente um mal-estar, chama o Agente de Saúde que lhe providencia um Médico da Família que imediatamente, caso necessário, o encaminha a um especialista que de imediato resolve o problema. Tempo do curso: três horas se muito; e o cidadão em questão, caso necessário já estaria uma das mais bem equipadas salas de cirurgias do país. Mas aí tem a verba que não chega; ou chega atrasada. Ou é desviada. Tem o ACS que na verdade faz do trabalho um bico porque ganha menos por mês do que pagou de mensalidade ao curso obrigatório de auxiliar de enfermagem; tem o médico que ganha por mês menos do que lhe custaram livros médios do seu curso; tem a enfermeira que, pra conseguir comprar uma “baratinha” tem que dar plantão em quatro estabelecimentos. Por fim, tem a cultura do consumismo onde é motivo de status adentrar uma clínica particular, cheia de aparelhos inúteis, porém de visibilidade bastante apelativas.
E a fila “não” anda!.

Dados: Datasus.
Correções de valores: FEE

Ao caro Zé Costa.

Artigo muito bem escrito pelo professor de Educação Física, José Costa (ver aqui, no blog de Marco Aurélio), demonstra pela enésima vez uma realidade que se parece eterna: bacharelado em pedagogia ou equivalente não faz parte do clube dos que têm bacharelado em medicina, direito, enfermagem , química... só isso para parar por aqui. Assim o entende a sociedade que vota e mantém os políticos que estão no poder. Assim, obviamente, entende os políticos que governam para essa mesma sociedade.
Caro Costa, eis algumas pérolas extraídas do baú da História sergipana:

“A instrucção Pública, que maiores desvelos merece de todos os Governos cultos, com dor o digo, tem estado nesta Província no mais completo desleixo, como a fortuna não lhe tem sido propícia.”


FALLA com que abrio a primeira sessão da quinta legislatura da Assembléa Provincial de Sergipe o Exm. Presidente da Província, Commandante Superior Seabastiaão Gaspar d’Almeida Boto, em o dia 11 de janeiro de 1842. P. 8. Typographia Provincial. 1842. Cf. Anais da Biblioteca Nacional, vol. 09, Tomo I, p.735 e aqui, na internet: http://www.crl.edu/ (ver Brazilian Provincial Reports - Sergipe).

“Dous annos de experiência devem tervos mostrado, Srs., que o Artigo 11 da Lei, dando ao Professor Público o direito de alugar o Magistério avilta-o, e estabelece alugueiros quase sempre inhabeis, e pouco moralisados; o Magistério se poem a leilão, e quem por menos faz hé o substituto.”

FALLA com o Exm. Sr. Presidente da Província abrio a primeira sessão da segunda legislatura na Assembléa Legislativa desta Provincia de Sergipe, p. 5. Typographia de Silveira. 1838. Cf. Anais da Biblioteca Nacional, vol. 09, Tomo I, p.735 e aqui, na internet: http://www.crl.edu/ (ver Brazilian Provincial Reports - Sergipe). (11/01/1838).

É da instrucção que se deriva a prosperidade pública e a felicidade individual. Podesse entre nós o ensino ser pautado pelos bons modelos que nos offerece a Inglaterra, a França, a Bélgica e os Estados Unidos da América; fosse o professorado um sacerdócio e não um meio de vida – commum como qualquer outro – que muitos procuram...”


RELATÓRIO com que o 2º Vice-Presidente Exm. Snr. Dr. Dionizio Rodrigues Dantas passou a Administração da Província de Sergipe no dia 02 de dezembro de 1869 ao Exm. Snr. Presidente Dr. Francisco Jose Cardoso Junior, p.5. Typ. Do Jornal de Aracaju. Aracaju 1869. e aqui, na internet: http://www.crl.edu/ (ver Brazilian Provincial Reports - Sergipe). (11/01/1838).

Deste último, que fecha o dito no primeiro parágrafo deste escrito, deduz-se que, a plutocracia sergipana já estava a pregar o sacrifício aos outros, em nome de “valores maiores”, enquanto já assumia seu complexo de cão vira-lata, ao se achar incapaz de atingir o nível americano, por exemplo; ao tempo em que se esbaldava com os parcos recursos de que a Província dispunha, repartindo-os entre si, como ainda hoje é. Eis porque em 1910, ainda fruto da política centralizada do início do Segundo Império, éramos a 10ª economia dentro do país e logo a seguir caímos para a rabeira de onde nunca mais saímos.
Parabéns pelo artigo, professor.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A insustentável leveza do estar

Cozinhas, panelas, fritadas, limpezas "etnicas" e outras coisas à parte, comuns ao mundo da política, e vem aí os 100 dias da administração Luciano Bispo. Num instante. Daqui a pouco passaram-se 1000 e ninguém viu.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Que matéria!

Tenho por hábito ler Nassif. Mesmo quando desbanca(*) de leve a minha Filarmônica preferida. Mas essa aqui (clique para ver) veio de encomenda. Faz tempo que não leio algo tão elucidativo; brilhante.

(*)“Com a Orquestra Sinfonica de Itabaiana, que nos desafinados me traz tantas recordações das bandas da minha infância.”

domingo, 15 de março de 2009

Reminiscências



Sem querer acabei por descobrir nos velhos arquivos um exemplo da formatação inicial do portal itabaiana.inf.br, em seu primeiro semestre de vida. Coincidentemente, a Prefeitura Municipal de Itabaiana está a anunciar seu portal no mesmo itnet aqui relacionado.