sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sem palavras

Já que não dá pra dizer qualquer coisa, que fique apenas aqui o registro: Uéliton Mendes da Silva, agresteiro do Caruaru, filho adotivo da Itabaiana, a original, de Sergipe, pesquisador sobre Luiz Gonzaga, que esteve metido em dez de cada dez manifestações culturais por aqui aprontou mais uma, ou seja, partiu sem avisar nem pedir licença a ninguém e com apenas 65. Tempos atrás me dava notícia de que Alceu Valença, seu amigo lá do outro agreste, o de Caruaru, a quem tenho na galeria dos (re)fundadores da música nordestina, e que dispensa qualquer apresentação havia tido um infarto. Desta vez ele próprio não avisou que faria o mesmo, só que de forma fatal.
Vai com Deus, irmão! Se é verdade que existe céu, com certeza aprontarás muitas junto com o velho Lua, de quem tanto soube, lá no reinado de São Pedro.
P. S. o desencarne deu-se ontem, 18 de junho, e desde lá que tento escrever algo. Não deu. Fica o registro.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Livres para atacar.

Ontem, 17, à tardinha, por volta das dezoito horas, uma minha colega de trabalho foi abordada na Avenida Eduardo Paixão, (BR-235), quase à entrada para o Riacho Doce. Havia muitas pessoas próximas, mas o vagabundo não se intimidou. Ela correu e deu sorte; nem perdeu bens, nem a vida. Hoje, próximo ao meio dia, um dos meus filhos, a caminho do ônibus que o leva à Universidade Federal de Sergipe, Campus São Cristóvão foi abordado na Área de Lazer, na proximidade dos quiosques, também cheio de gente, por um marginal que lhe levou a irrisória soma de cinco reais, já que o telefone celular que usa está pra lá de ultrapassado.
Teoricamente existe polícia em Itabaiana. Teoricamente. E ninguém me venha convencer que esse tipo de gatuno não é do conhecimento daqueles que deveriam zelar pelo bom convívio na “polis”, a “polícia”. A polícia pode ter dificuldade de prevenir grandes jogadas, geralmente feitas por grupos muito bem coordenados. Logo, se bate-carteiras estão atacando com essa facilidade toda é porque já receberam o sinal de que o campo está livre. Que a área está limpa. Que o gato dorme pesadamente e a ratazana pode passear e se refestelar à vontade.
Aí fica complicado. Eu não posso ganhar, porque se ganhar, terei que dividir com quem não fez por onde ganhar... e... “na tora”.
Jamais vai haver progresso com todo mundo amedrontado, perdendo tempo precioso em proteger o pouco que conseguiu. Tá ficando insuportável. A qualquer momento poderá se correr um abaixo-assinado e outros tipos de manifestação pedindo pra acabar com a polícia e pela liberação para o salve-se quem puder.
Da minha parte, acho um absurdo, uma irresponsabilidade desmedida a manipulação política que vem sendo feita em todo o Estado em relação ao aparato de segurança. Isso só piora as coisas. Isso vai dar m..

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Menos mal.

A aprovação no Senado nesta quarta-feira da PEC paralela que desfaz o nó criado pelo TSE em relação à vereança tem algo de justo. Acaba com o absurdo de termos em cidade de três mil habitantes nove vereadores enquanto que Itabaiana com quase cem mil só pode ter dez. A medida arbitrária foi baixada pelo TSE diante do vácuo constitucional e sob pressão da mídia grande do país que desde o impeachment de Collor deixou de ser informativa e opinativa para se apropriar do poder, inclusive do constituído pelo voto.
Da forma como está, as dificuldades do Poder Executivo aumentaram enormemente dado o também aumento de poder dos edis, sem esquecer do clima de jogatina em que se tornaram as eleições proporcionais municipais em municípios de porte médio, já que supostamente as remunerações atiçam a comilança de elementos muito menos preparados para a vida republicana; e muito mais para o ataque aos cofres públicos.
A referida PEC, além de corrigir as distorções citadas reduz o motivo do apetite voraz de muita gente ao reduzir os percentuais de repasses às câmaras municipais. A mesma ainda precisa de aprovação da Câmara dos Deputados.

Visões.




Há uma diferença básica entre quem tem visão e quem tem olho grande. Os que se enquadram neste último, em geral só enxergam o próprio umbigo; vivem de tropeçar na própria esperteza sem, naturalmente conseguir sair do lugar. Vive de pequenos golpes que jamais o fará grande. Já os que pertencem ao primeiro, raríssimos de serem encontrados, tem uma visão tão profunda que seus produtos atravessam gerações, às vezes séculos ou até milênios. Quando gerenciados para o lucro de médio prazo transformam-se em grandes e respeitadas fortunas. No mínimo se tornam exemplo para a história de um povo.
Ao fim dos anos 70 tínhamos em Itabaiana uma economia emperrada pela estagnação do mercado de serviços de transportes que dez anos antes havia ajudado a turbinar a economia local - vem daí a força do caminhoneiro – e pela perda de competitividade de nossos produtos agrícolas, majoritariamente de cultura de sequeiro, sem chance alguma frente às modernas técnicas de cultura mecanizada então em desenvolvimento no Centro-Oeste e Sul do país. Corríamos um risco maior do que as velhas cidades industrializadas de Propriá e Estância, também sendo atropeladas pela mais nova geração industrial.
Mas aqui entra um componente que, ou por golpe de sorte ou não, acabou por mudar o destino. Talvez seus executores sequer tenham pensado no tamanho e importância do que estavam provocando ao construir duas barragens e respectivos sistemas de irrigação. Havia braços. Havia micro-gerentes, comerciantes, capacidade de transporte instalada ociosa, braços prontos para o trabalho, desde que compensador. Havia vontade de progredir. Faltava logística. E ela veio. Água, estradas – antes eram proibitivas até a carroça no inverno – e energia. Aliás, até postos de saúde que pouca ou nenhuma serventia teve foram agregados, além de algumas unidades educacionais que foram construídas.
Entre 1970 e 1980 a população rural estagnou na casa dos vinte e cinco mil habitantes. Porém, a manter-se a marcha do êxodo registrada nas duas décadas anteriores seria de esperar que hoje praticamente ninguém mais morasse na zona rural de Itabaiana. O ritmo de venda de propriedades pequenas para agregação a propriedades maiores na década de 80 foi enorme. Fruto ainda do desencanto com o sistema antigo de fazer agricultura e da atratividade dos falsos juros da inflação galopante daqueles anos. Mesmo assim, e apesar de um componente novo - a insegurança policial experimentada a partir da década de 80 - a nossa zona rural permanece produtiva e é a base de toda a cadeia de geração de riquezas em nosso município. Tudo isso graças aos dois sistemas de irrigação. É preciso lembrar que, apesar do perigo iminente de salinização do solo, os poços artesianos também ajudaram muito. Mas, neste caso, ainda esta por vir um estudo criterioso que mostre se realmente foi vantagem ou não.
O fato é que, como se diz no popular, quando se junta a comida com a vontade de comer a coisa anda. O ser humano é um ser transformador por natureza, todavia, quando usa a energia de sua criação para agregar valor a situações pré-existentes, geralmente o resultado é excepcionalmente bom.

Nas Mattas da Itabayana.

Pois é, ontem publiquei aqui sobre o nenhum caso das autoridades itabaianenses em aproveitar o produto existente, apesar da falta de acabamento necessária, qual seja uma economia subjacente que, se não aflora, mas teima em se manter viva que é a da micro-indústria das confecções e calçadista, isso enquanto se discute abobrinhas sobre indústrias outras que dificilmente virão para Itabaiana, especialmente com o cenário observado hoje no mundo.
E não é que o SEBRAE consegui montar uma dessas feiras em Frei Paulo, nas velhas Mattas da Itabayana? Como dizem os poetas populares(*): “É pequenina, é memenguinha, é quase nada; mas, não tem outra mais bonita no lugar.” E é dos pequenos que se fazem os grandes.
Por aqui os esperrrrrrtos, os “sabidos”, ainda estão a esperar que dê certo em algum lugar pra tentar pegar carona. Na cópia. Possivelmente mal feita.
Não existe nada mais deprimente numa sociedade do que o desperdício.

...

(*)Armando Cavalcanti e Klecius Caldas, in Boiadeiro. Gravação de Luiz Gonzaga.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Questionamentos impacientes.

Perguntar não ofende: Porque diabos perder tanta energia com esse lenga-lenga de Distrito Industrial e empresas de fumaça - que ninguém nunca vê - enquanto ao largo, passa despercebido dezenas, centenas de costureiras e suas pequenas confecções, num dos lugares com tradição no ramo desde 1800(*)? E centenas de sapateiros num lugar que foi dos primeiros a se curtir couro de boi no continente americano?
Detalhe: nenhum dos dois ramos industriais demanda grande quantidade de água, coisa que Itabaiana não tem sem que antes venha a haver enormes investimentos.
...
(*)Memoria sobre a Capitania de Serzipe por Marcos Antonio de Souza Presbytero Secular. Anno de 1808. Aracajú, Typ. do Jornal do Commercio, 1878, 53 pp. in-4° (B. N.). In Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. 09, Tomo I, p.467. Rio de Janeiro, 1881-1882.

domingo, 14 de junho de 2009

Até que enfim.

Boa noticia captei no Blog de Edivanildo Santana: o vereador e advogado Olivier Chagas resolveu dar uma mexidinha num vespeiro que é intocabilidade dos bancos que operam em Itabaiana.
O atendimento ao coletivo no Brasil é uma vergonha onde quer que se chegue. Até os celebrados estabelecimentos privados ficam a dever em muito aos seus congêneres no chamado Primeiro Mundo. Basta dar uma olhada na fila da loja de G. Barbosa em Itabaiana, pra não se ir muito além. Quando o assunto é banco, aí é um desastre total.
Leis foram criadas pelo país afora na tentativa de coibir o abuso dos “ganhadores de dinheiro”, dos bancos, todavia, nem sempre funciona. Em Itabaiana também temos a Lei 912(vide anexo), que fará dez anos em dezembro, todavia, não é do conhecimento sequer dos agentes mais diretamente envolvidos na sua pressuposta aplicabilidade. Aliás, neste particular, o Poder de Polícia do Município, sob quem recai a obrigação de aplicação de penas, especialmente as pecuniárias, sequer funciona. Não existe a quem reclamar na Prefeitura para o caso de alguém ser lesado no seu direito. Infelizmente o Município funciona apenas para repasses: os que recebe; e que os repassa.
A iniciativa do vereador é bem vinda exatamente por chamar para o centro do problema o único setor que funciona a contento como canal de busca pela Justiça: o Ministério Público. Quem sabe assim, ao menos pelos próximos seis meses diminuamos de 50 minutos em média a espera numa fila de banco para os trinta previstos na Lei infra exposta. E, pra não botar mau gosto, não vou lembrar aqui que vereadores e outras autoridades - gente da mídia, inclusive (porque não?) - poderão ter limites de cheques aumentados, cartões de crédito com limites e outras facilidades esticados, enquanto o povo volta perder até um quinto de seu dia útil na fila de um banco.

(Por motivo do site da Câmara Municipal de Itabaiana ter retirado a respectiva Lei do banco de dados disponível na internet, segue abaixo o texto como lançado no Livro de Tombo de Leis da mesma Câmara)
LEI Nº 912
De 14 de dezembro de 1999.
Dispõe sobre sanções administrativas a estabelecimentos bancários infrator do direito do consumidor e das outras providências.
O PREFEITO MUNICIPAL DE ITABAIANA - SERGIPE.
Faço saber que a Câmara Municipal de Itabaiana, aprovou e o Sr. Prefeito sanciona a seguinte Lei:
Art. 1º - Fica o Poder Executivo Municipal de Itabaiana, no âmbito de sua competência, obrigado a aplicar as sanções administrativas quando dos abusos ou infrações cometidas pelos estabelecimentos de prestação de serviços bancários ao consumidor no que se refere ao tempo de espera para atendimento ao usuário.
§ 1º - Caracteriza abuso ou infração dos estabelecimentos bancários, para os efeitos desta Lei, aqueles casos em que comprovadamente o usuário seja constrangido a um tempo de espera superior a 30 e 40 minutos.
§ 2º - Para efeitos desta Lei entende-se como tempo razoável para atendimento.
I - Até 30 minutos dias normais
II - Até 40 minutos em vésperas de feriado ou após feriado prolongado.
Art 3º - As sanções administrativas serão aplicadas quando da reincidência de abusos ou infrações sendo:
I - Advertência quando da primeira infração ou abuso.
II - Multa de 200 UFIR’S da segunda até a quinta reincidência.
III - Multa de 400 UFIR’S da quinta até a décima reincidência.
IV - Multa de 1000 UFIR’S da décima acima reincidência.

Art 4º – As agências bancárias tem prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data da publicação desta Lei, para adaptarem as suas disposições.
Art. 5º – O município criará uma comissão de defesa de consumidor para apuração dos fatos, e após, esta mesma comissão encaminhará a assessoria jurídica da prefeitura para indicação da aplicação imediata das sanções previstas neste Projeto de Lei.
Art. 6º – Os estabelecimentos bancários não cobrarão qualquer importância pelo fornecimento obrigatório das senhas de atendimento.
Art. 7º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Gabinete do Prefeito Municipal de Itabaiana, em 14 de dezembro de 1999.
LUCIANO BISPO DE LIMA
Prefeito Municipal
JUAREZ FERREIRA DE GÓIS
Sec. de Administração

....
P. S. Sem a devida publicidade, jamais o povo vai ter conhecimento dos seus direitos. Uma das medidas que os valorosos edis itabaianenses poderiam impor seria a obrigatoridade de relógio visivel nos estabelecimentos (conferências e provas fotograficas) bem como informes em local visivel com os direitos do consumidor, principalmente em destaque o objeto principal da Lei supra exposta.