sábado, 15 de abril de 2023

QUERO SER ASSIM QUANDO CRESCER.

 

Hoje, 14 de abril, pela manhã fui ter um dedinho de prosa com meu guru e ídolo ceboleiro desde a infância, Francisco Tavares da Costa, o Fefi.
Em geral nos encontrávamos na sua Gráfica Tavares, porém, desde que foi acometido por problemas ósseos durante a pandemia, chegando a ficar em cima da cama, meses a fio, sua mobilidade natural ficou comprometida; e apesar de voltar a ficar de pé e até ensaiar alguns passos não mais retornou à rotina de ir e vir, e pouco tem vindo ao QG de onde administrou sua produtibilidade nos últimos 60 anos. Fui lá, então.
Saudações de praxe; brincadeiras, conversas jogadas fora, histórias vividas – por ele – e contadas... e sonhos. Muitos sonhos! Empolgadíssimo com as potencialidades de Itabaiana; o que precisa ser feito; o que pode ser feito... um mundão de projetos confessados, sugeridos, plantados. Coisa de gente que nasceu pra fazer.
Só pra lembrar: Fefi foi protagonista do nascimento do Carnaval em Itabaiana; botou a primeira loja de brinquedos infantis; fez as primeiras promoções públicas, logo seguido pelo saudoso Arrojado, inaugurando o marketing moderno por aqui; trouxe a primeira gráfica; foi cofundador da Rádio Princesa da Serra e esteve durante mais de 50 anos ao lado dos gerenciadores do Tricolor da Serra, chegando a ser seu presidente. E ainda sonha.
Fefi cravará 90 anos de vida bem vivida em agosto próximo.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

AH, ESSAS RUAS TÃO DESERTAS.

 

Nove e meia da noite de uma quarta-feira, abro a janela e é impossível não retornar ao passado e lembrar com saudades a minha pequena Itabaiana das décadas de oitenta e setenta, de fato até meados dos noventa, quando a vizinhança borbulhava de crianças, e era justo nessa hora o momento do recolhimento compulsório, reduzindo em muito a barulheira na rua, de atropelos, gritos, risadas e até xingamentos. Mas, especialmente na década de 70, a montanha de estudantes noturnos, quase todos do Colégio Estadual Murilo Braga enchiam as ruas até por volta de onze horas, engrossados pelos cinéfilos dos cinemas Santo Antônio e Popular, de algum circo, quando em passagem pela cidade e, claro dos papos nos bares.
Toda rua tinha um grupinho de estudantes retornando, entre as dez e onze da noite. A cidade toda era tomada por gente trabalhadora até as onze da noite, fato que recomeçava com os feirantes e caminhões a os recolher, a partir das quatro da manhã.
Os cantares de galos de vários tons, a partir da meia noite, hoje raríssimo de se ouvir, concatenado com as badalados do tricentenário sina do matriz de Santo Antônio e Almas embalavam em forma de canção de ninar o sono de quem repousava, a recuperar as energias para uma nova e extenuante jornada, tão logo amanhecesse o dia.

Cines Santo Antônio e Popular (onde atualmente funciona a Rádio Princesa da da Serra-AM), diversão para toda a semana.


Eu viajo. Contrastando os tempos. Muita riqueza e os níveis de bem estar material estão melhores a anos-luz de meio século atrás. Mas aquela poesia vivida tão intensamente que não era sequer notada, ao menos a mim, de vez em quando faz falta.
Eu sei que alguns espaços específicos na cidade atualmente há mais dinamismo que nas ruas serranas daqueles tempos; porém, eles são restritos. E entristece-nos ao saber que a vida anda encaixotada por trás de muros e guetos, mesmo que chiques e quase ninguém, literalmente se senta às portas para conversar; conviver, socializar.