sábado, 13 de dezembro de 2008

Aprendizes de ditador.

É impressionante o quanto a elite(?) nacional consegue desprezar os ensinamentos de Maquiavel. E olha que quase todos vivem de meter a pua no mestre da ciência política, tachando-o de desumano. Para em seguida fazer pior. Pois bem, o CONTRAN-Conselho Nacional de Trânsito(que não manda em nada; jogaram toda a responsabilidade nas costas dos prefeitos), pela Resolução 298/08 resolveu ser mais real que o rei: quer acabar com uma cultura, qual seja a do mototáxi. Enquanto o IBGE constata que essa modalidade de transporte está entranhada nos costumes locais de 52 por cento das cidades brasileiras, os doutores da Lei, com 15 anos de atraso resolveram tapar o sol com a peneira batendo de frente com uma cultura. Nem mesmo na era do AI-5 seria possível a aplicação eficiente de tal ato legal. Já é cultura, oh magnânimos doutores! Deixaram enraizar porque quiseram. Agora somente um investimento gigantesco em alternativas viáveis poderia acabar com essa modalidade de transporte. O riquexá made in Brazil veio pra ficar como seu similar original da Índia. Soa idiotice tal resolução que todo mundo sabe, já nasce mortinha e enterrada. Simplesmente ridículo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Vivendo perigosamente.

Trabalho que acaba de ser publicado pelo IBGE aponta para graves problemas estruturais nas cidades brasileiras onde, em 90 por cento delas, há problemas ambientais.
O quesito favelização, por exemplo, é o mais preocupante: uma em cada três cidades do país tem favelas, palafitas ou outro tipo sofrível de moradia.
Em Itabaiana, em que pese não termos uma área contínua e considerável de habitações que caracterizem uma favela, a lista de problemas é preocupante. Desde a coleta de lixo aquém das necessidades e com características que merecem cuidados, a assoreamento de córregos, desmatamento abusivo, esgotamento sanitário questionável.
Além do sítio urbano contínuo com algum beneficiamento, mesmo que incompleto, ainda temos formações urbanas na zona rural onde aglomerados vêm se formando sem absolutamente nenhuma estrutura, como é o caso clássico do povoado Mundés(também conhecido como Rio das Pedras) além de Carrilho, Mangabeira, Lagoa do Forno, Gameleira e Cabeça do Russo, entre outros. Nestes povoados não há um só metro de esgoto, muito menos uma lagoa de estabilização e o pior: todos eles estão colocados em nascentes ou a lado de cursos de água que abastecem as represas que nos fornece toda a água que consumimos, seja no consumo doméstico, seja na irrigação. O próprio sítio urbano central, a cidade propriamente dita, está localizada em nascentes que, apesar de secas na maior parte do ano, canalizam água para as ditas represas. A cidade de Itabaiana está assentada num divisor de águas onde parte de seu esgoto corre para a Barragem do Ribeira, da micro-bacia do Vaza-Barris; e a outra parte corre para as barragens Jacarecica I e II, da micro-bacia do rio Sergipe. É como se mijássemos em cima e apanhasse embaixo para beber.

Estatísticas.
A proliferação de problemas, doenças principalmente, em que pese não haver nenhum estudo sobre isso é perceptível só em analisarmos os parcos recursos estatísticos existentes. Em 1987, por exemplo, de cada cem exames coprológicos realizados no laboratório do antigo SESP, 65 apresentou algum tipo de parasito transmitido pela água no todo ou em parte. Em sessenta e dois por cento dos exames foi encontrado amebíase, inclusive do gênero histolytica e em quarenta em oito por cento foi encontrado giardíase, gênero praticamente transmitido pela água contaminada. É interessante lembrar que então a água da represa da Ribeira apenas começava a entrar no sistema e o abastecimento ainda era majoritariamente feito pela primeira represa, bem menor e praticamente descontaminada. Nunca mais esse levantamento foi feito, porém acreditamos que de lá pra cá os problemas não foram resolvidos por osmose; já que de forma concreta também não o foram. Pior: foi reduzida ainda mais a área de matas galerias, item elementar para filtragem do que adentra aos cursos d’água, além do que, como já apontamos, ter havido um enorme crescimento de estruturas semi-urbanas junto aos cursos de água e até em suas nascentes, sem o devido saneamento básico. É problema pra mais de metro, como se diria no popular.

Péssima tradição.
A grande grita popular ao fim dos anos 70 era de que Itabaiana era uma cidade mal cuidada. E era mesmo. O sítio urbano explodiu (já que cresceu sem nenhum planejamento) a partir de 1970, retomando o pique abortado em parte, de 1964 até aquele ano. Rendas municipais deficientes e inabilidades administrativas levaram a cidade a ter em 1988 quase setenta por cento de suas ruas ou outros logradouros sem um paralelepípedo e todos eles sem um metro de esgoto. A comissão do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo – SERFHAU, do Ministério do interior assim resumia o aspecto de Itabaiana em 1970: (item 4.1.2, Infra-estrutura Social) “Não há em Itabaiana, qualquer aproveitamento da paisagem, que se apresenta monótona, sem oferecer qualquer atração”. (In Relatório Preliminar de Desenvolvimento Integrado. Op cit. APES, cx. 21, doc.09). No quesito esgoto e demais problemas ambientais, nada diferente do já relatado.
Agora que se avizinha mais uma administração pública do Município é esperar que os problemas resistentes sejam solucionados. Avanços, especialmente depois de 1990, houve muitos. Todavia, muito caminho há ainda a percorrer até que se possa efetivamente vivenciar por aqui uma cidade de alta qualidade de vida.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

“Deprê”

Hoje pela manhã estive por breves minutos na tri-secular Câmara Municipal. Ainda não havia começado a Sessão marcada para as nove, mesmo que lá estivesse eu chegado às dez. Mas não foi isso que me chamou a atenção. É de praxe e já foi pior. O que me chamou a atenção é o clima nervoso que impera na casa. Fim de mandato, mesmo com próximo garantido é momento de tensão. Funcionários comissionados na berlinda, quase perdendo seus postos; vereadores não eleitos desapontados com o clima de fim de feira e, pra completar, essa confusão semeada pelo TSE pautado pela mídia grande, há mais quatro anos e que ninguém ainda engoliu a respeito das vagas. Como resultado, quem ganhou pensando em ganhar cinco pode ficar somente com três. Quem ficou de fora por apenas uns pouco votos, ficas na esperança de reencontrar-se com seu investimento. Tensão e tensão. Tá horrível.
Infelizmente essa percepção de tensão não se resume apenas à Câmara. É como se toda a cidade estivesse sobre um barril de pólvora. Se não vê alegria dos que ganharam, nem mesmo tantas esperanças como seria o esperado. Da parte dos que perderam a coisa é pior. Entre uma falsa esperança de permanência movida a canetada, logo desmentida; e a certeza de que acabou, é tensão e sobre-tensão. Não se percebe resignação, portanto aceitação por parte dos que perderam. Isso é ruim porque não é isso que se espera de um certame entre civilizados.
É o pior Natal de que me lembro por aqui.
Exaudi nos, Domine.

Contrastes: o luxo e o lixo.

A natureza rebela-se contra os “desadministradores” humanos e, mesmo diante da sequidão do que deveria ser um cuidado jardim, brota a beleza sublime contrastando a rudeza dos espertos como a lhes querer envergonhar pelo nefasto hábito do mal-querer.
Nada. Nem vidros quebrados há mais de dez anos; pichações de propagandas de péssimo gosto, paredes de pintura desgastada, grama seca, lixo... nada consegue ofuscar o brilho da natureza e suas flores.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ufa! Será que agora vai?

O Governo do Estado alardeia a constituição de uma tal de brigada estadual de combate às endemias no melhor estilo “propaganda pura”. Sequer apontou para simples mortais como esse parco escriba como tais profissionais foram ou estão sendo treinados. Teriam eles tido algum curso de entomologia, por exemplo? Estariam sabendo já diferenciar um barbeiro de um baratão? Aí vem a pérola: “(...)a Secretaria de Saúde (SES) iniciou nesta quarta, 10, a capacitação dos 600 CONTRATADOS pelo Governo do Estado para(...)”... e é assim, é? A dente de cachorro? Sem seleção por concurso? Claro, se é sem seleção por concurso deduz-se que serão “trabalhadores temporários”. E onde já se viu trabalhadores especialistas poderem ser temporários?
O DNERu, depois SUCAM debelou ou controlou malária, doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose e etc., contratando o pessoal quase todo indicado pelos políticos. Todavia não os pôs pra trabalhar no mesmo dia. Mesmo que as escolhas não tenham sido por concurso público esse pessoal teve treinamento intensivo de meses e até anos, até poder assumir um quarteirão. E aí vem nosso governo e contrata pessoal que deveria ser especializado como se contratasse estivador ou trabalhadores braçais.

Idéia boa com execução questionável.
A idéia de uma “força” estadual de combate às endemias é extremamente louvável haja vista vir corrigir um absurdo praticado contra o sistema de saúde a partir de Brasília: o de entregar a municípios despreparados, técnica e financeiramente, a tarefa de isolar focos de doenças transmitidas por vetores de alta mobilidade. Os ditos municípios não têm condições de realizar os vultosos investimentos de retorno demorado em capacitação de pessoal de que a área necessita. Também têm enorme dificuldade em compor com outros da região para uma ação conjunta o que aperfeiçoaria o processo. Como resultado, bilhões de reais jogados às traças e endemias que haviam sido banidas no início do século próximo passado, de volta e de forma descontrolada. O que se questiona aqui é que o modus operandum permanece: propaganda, auto-promoção dos gerentes(?) , gastos e mais gastos geradores de notas fiscais (comissões?), enquanto se não percebe concretude nas ações de fato necessárias.
Aliás, esses portais de governo (estaduais e municipais, principalmente) bem que poderiam trazer mais informações e menos promoção pessoal de seus titulares. Tá horrível, tanta cara deslavada a se promover (promoção de efeito questionável, por sinal), enquanto informações de suma importância para a sociedade deixam de ser publicadas.
Nota: O signatário também é laboratorista do SESP (extinto e com pessoal incorporado à FUNASA), do Ministério da Saúde desde 15 de setembro de 1982, com cursos internos de especialização em malária, leishmaniose, Chagas, Hanseníase e viroses tropicais em geral, entre outros.

Mais vereadores.

Exultai, oh suplentes de vereadores itabaianenses, a CCJ do Senado da República acaba de aprovar a PEC 20/08, em parte, o que deverá aumentar o número de vagas em Itabaiana, resumido numa canetada pelos ditadores do TSE mediante pressão da mídia grande a apenas dez vagas. Se aprovada até o final de seu transcurso nas sucessivas votações vai deixar muito “investidor” - gente que gastou às pampas pra se eleger – no “preju”. Aguardemos, pois.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bomba H ou “peido-de-véio”.

No domingo correu um zum-zum-zum pela cidade - pela enésima vez - semeando a idéia de que o prefeito eleito Luciano Bispo não assumirá. A promessa que rolava nos pés de calçada era de que o Jornal Cinform, na sua ediação de ontem, segunda-feira, 08, “detonaria uma bomba” contra Luciano. Porém nada foi repercutido, hoje, porém, vem a história de que o Ministério Público Federal entrou com ação contra o ex e agora futuro prefeito por improbidade administrativa. Infelizmente não há número de protocolo do processo na única matéria já publicada(veja mais aqui) para que se possa ser mais conclusivo sobre a realização da dita entrada ou não. Sem elementos suficientes para tal, mas, ligado o “desconfiômetro” acho que isso é mais um traque; um peido-de-véio como se chama no popular, ao mais popular dos traques soltos pela garotada nas festas juninas. Primeiro cabe perguntar: não estaria tal denúncia apenas requentando uma outra feita è época da inspeção da CGU (PROCESSO Nº 2004.85.01.000674-4), ora no STF? Estaria ela realmente sendo feita, mesmo que similar já esteja encaminhada e sobre o mesmo objeto?


A quem interessa?
O reesquentamento (é o que me parece) da matéria acima aparenta um factóide pra gerar um fato político. Nessa seara não há mocinhos. Quem sairia ganhando com tal notícia? Algum tubarão? Ou não passa de interesse de algum bagrinho?
Interessaria à prefeita, ora em visível, diria até inegável processo de reconquista de importante fatia eleitoral que lhe faltou em 05 de outubro? Não acredito. Isso configuraria golpe baixo o que desfaria toda a boa imagem conseguida com o pique do asfaltamento ora em curso. Ao governador Déda? Estaria o Governador mexendo os pauzinhos para pressionar Luciano? Por Luciano de joelhos? Não acredito. Macaco velho de Congresso Nacional Déda sabe muito bem que esse tipo de barganha, além de mais parecer banditismo, chantagem, não costuma funcionar. Ao deputado federal Albano Franco? Estaria o deputado fazendo valer seu poderio junto à Justiça para admoestar Luciano e suas possíveis quedas pelo governismo, sobre "quem está no comando"? Sei não, mas acredito que Albano é mais macaco velho do que Déda e isso responde a pergunta. Logo, julgando apenas pelos elementos até o momento disponíveis acho que isso é mais uma plantação, como costuma dizer minha mãe, “para a boca não feder”. E se tal denúncia de fato vier caberá a pergunta: e porque só agora? Estaria o MPF sergipano voltando a uma prática que foi comum a vários quadros do MPF a alguns anos atrás; a de buscar holofotes? Arrisco que não. Um detalhe: quando das inspeções da CGU, uma das suas obrigações é encaminhar as denúncias à Justiça. E não passar quatro ou mais anos para então fazer a dita denúncia. Aguardemos, pois.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Efeito radial

Lendo no blog de Edivanildo Santana que o governador Déda vai injetar três milhões de reais no perímetro irrigado da Ribeira (Itabaiana e Areia Branca), me veio à mente um versinho de uma música do cearense Ednardo: “Cada braça de caminho, um soluço de saudade; toda vereda de roça vai descambar na cidade”. (Ednardo - Estaca Zero).