quinta-feira, 20 de agosto de 2015

COM OS DIAS CONTADOS.

Entre julho de 1978 e setembro de 1982 eu fui funcionário da eficientíssima Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, tendo sido promovido por concurso interno à mais nobre das profissões que considero no serviço postal, qual seja a de carteiro.
Quando no fim de 1980 entreguei cartas pela primeira vez no novíssimo Conjunto Euclides Paes Mendonça, hoje preservando o mesmo nome, e incluso no Bairro Rotary Club, o que mais me impressionou foi a enorme árvore que vi de longe, num dos lados da praça ainda em formação, pelos fundos do prédio do Centro Social, que desapareceu 10 anos depois para dar lugar à Escola de Primeiro Grau Nivalda Lima Figueiredo. Não tanto me impressionou nem mesmo o sítio de fruteiras; algumas talvez centenárias, e que cairiam no machado paulatinamente com o passar dos anos, até as últimas mangueiras e cajueiros, com a urbanização da Praça, durante a campanha eleitoral de 1992. Mas aquela árvore enorme, sim. Em primeiro porque não a tinham derrubado, se estava quase no trajeto de uma das vias circundantes à própria praça, a ocupar o passeio público? Confesso que meu instinto preservacionista naqueles tempos não era tão apurado como hoje.
Pois bem, o tempo passou; lá se vão trinta e cinco anos do conjunto construído, e o tamarindeiro continua lá. Podado trocentas vezes, com "orelhas de pau" (detalhe na foto) que mais parecem pedaços de seu imenso tronco... mas continua lá, altaneiro. Porém hoje, disse-me uma moradora local que seus dias estão contados: vão derrubarem-no porque está estragando as casas ao redor. Isso é indiscutível; o que é discutível é: e quem tem mais direito, o tamarindeiro com muito mais de cem de idade, ou os invasores que chegaram há apenas três décadas e meia? Em geral, estes acabam "ganhando" na questão. 
Já garanti minha cópia da imagem da vetusta e grandiosa árvore para a eventualidade de seu desaparecimento.