sábado, 13 de maio de 2023

COMO PERDER A MAJESTADE RAPIDINHO.

 

Barão de Cotegipe, para a Princesa Isabel depois da sanção da lei Áurea: "Vossa alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono". 13 de maio de 1888.
Dia 15 de novembro de 1889, dezoito meses depois, no primeiro infame golpe civil-militar da nossa história, a Princesa, seu pai o imperador e toda a família real foi para o exílio. Os senhores de escravos foram rápidos na vingança. Boa parte deles, piedosos cristãos que se horrorizavam com situações análogas a escravidão pelo mundo, e até celebravam os efeitos das medidas tomadas por Abraham Lincoln nos Estados Unidos.
De fato, não há muito o que comemorar em 13 de maio.
Não se libertou um povo; na prática um monte de miseráveis foi desprezado à própria sorte – ou azar. Sem-terra, sem cidadania, sem letras, sem nada além de desprezo, perceptível na menor leitura que se faça de gente como Felisbelo Freire, Silvio Romero ou João Ribeiro; imagina no resto.
De qualquer forma, não se burila numa sociedade, a civiliza de um dia pra noite, algo como a que encontrou por aqui Pyrard de Laval em 1610, ou mesmo Charles Darwin em 1832; e que Mem de Sá, em carta de 6 de março de 1570 já havia alertava a rainha D. Catarina, viúva de D. João II e regente do reino durante a menoridade de seu neto, D. Sebastião. No referido documento, assim se exprimia Mem de Sá, tratando do Brasil: "Esta terra não se pode nem se deve regular pelas leis e estilos do reino. Se Vossa Alteza não for muito fácil em perdoar, não terá gente no Brasil; e, porque o ganhei de novo, desejo que ele se conserve..."
Então... salve o 13 de maio, dia da Lei Áurea.


Em tempo: O Google, que já lembrou aniversário de roqueiro, vitórias de yuppies... até mesmo de escravos, como Hariet Tubman, nem menção ao fato histórico, fez até agora. Vida que segue.