sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

ABRIL ANTECIPADO.

 

As cores de abril
Os ares de anil
O mundo se abriu em flor
E pássaros mil nas flores de abril
Voando e fazendo amor

(Vinicius de Morais - Toquinho)


Em geral, exceto na área florestal do Parque Nacional da Serra de Itabaiana, aqui no Agreste de Itabaiana as cores reinantes entre novembro e março são o marrom e o sépia, comuns à vegetação seca; salpicado de verde das camboas ou árvores solitárias, em maior ou menor grau.
A irrigação em larga escala modificou isso de quatro décadas pra cá; porém, onde quer que se encontre vegetação natural ou mesmo a artificial das pastagens ainda é assim.
Mas neste verão 2022-2023 está sendo diferente. O capim das pastagens não secou; vem como toda a vegetação rasteira que compõe a flora agresteira, e, especialmente neste mês de fevereiro, as constantes chuvas, em que pese esparsas e leves, se não vem reconstituindo integralmente o volumes dos açudes e riachos, ao menos têm mantido a terra úmida a toda a vegetação verdinha.
Hoje, 24 de fevereiro, última sexta-feira do mês o clima pro-chuva, vindo do início da semana se converteu em mangas d’água que reduziu o calor, deixando um clima de abril, tradicionalmente o início de nosso inverno que é chuvoso, já observado pelo Padre Francisco da Silva Lobo, em 1757.
Excelente ano.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O PODER DO SIMBOLISMO.

 

Uma foto de Walt Disney, na Praia de Copacabana, Rio, em 1941, hoje a mim enviada via WhatsApp pelo amigo e confrade na Academia Itabaianense de Letras, Antônio Samarone me rebobinou a mente.
Em 1941, quando o império estado-unidense se preparava para desfazer a arrogância e estupidez da elite econômica ocidental em criar Hitler como pistoleiro contra a Rússia comunista, tornou-se comum o namoro com o Brasil.
Na América do Sul, a Argentina ainda era mais rica; mas já estava em queda. Já não figurava entra as dez maiores economias do mundo como vinte anos atrás, quando foi a 8ª economia do mundo e 2ª da América; e o Brasil figurava no humilhante 68º lugar.
Também o Rio de Janeiro não era a refinada e fulgurante Buenos Aires; mas era a eterna Cidade Maravilhosa do Brasil, “bonita por natureza”, e que continuou mesmo depois das Organizações Globo e seus politiqueiros a trazer ao estado atual do milicianato.
Walter Elias Disney foi produto da Guerra Fria, do imperialismo “americano”. E do próprio grande talento, claro.
Seria impensável o imperialismo americano pós-Guerra sem o soft power da indústria da educação social, aqui, leia-se manipulação através da diversão, via cinema e mídia, em geral.
Em 1966, aos sete de idade, incompletos lembro de uma viagem ao povoado Dunga, hoje à margem esquerda da barragem do Projeto Ribeira, logo, município de Itabaiana. Fomos em mais uma visita à minha tia Joana, casada com meu tio de cortesia Néu, sitiantes, em cujo sitio passa a faixa original de energia elétrica para o povoado Ribeira(*); e a minha excitação infantil era observar, de longe a "imensa" torre recém colocada em cima da serra de Itabaiana "pelos americanos"; além de rever aquele sinal "do outro mundo", futurista, dos postes e fiação para a Ribeira, a cantar sob o sibilar dos ventos. E correr, obviamente às escondidas, por sobre a tubulação de ferro, friinha ao meio dia, ao cruzar a lagoa no terreno do sítio, conduzindo água da ribeira para a ressequida cidade de Itabaiana.
Qual não foi a minha surpresa! A estrada vicinal então se achava toda revolvida e aplainada por máquina de terraplanagem, qual aquelas que via constantemente na pista ou rodagem - a BR-235 - e, na passagem pelo riacho Sangradouro (sangradouro da Lagoa do Forno), tubos de concreto tinham sido levados com a terraplanagem pelas chuvas da última trovoada.
Ao comentar com meu saudoso tio de cortesia, Néu, meu pai teve o devido esclarecimento: "os americanos" tinham beneficiado a estrada com o intuito de restabelecer a antiga pedreira, já no povoado Mundo Novo, atualmente em franca produção. Mas, com o prejuízo, lamentava tio Néu seria provável que retornasse. E adeus às possíveis vagas de trabalho para o pessoal local.
Em tudo, na cultura popular, a marca de progresso "americanos". A mídia americana e seu imaginário criado e replicado localmente.
A pedreira foi criada originalmente pelos holandeses de Nassau, em 1640, em busca de prata, como mostra a obra de arte em mapa, publicado em Amsterdã, em 1646. Mas até 1970 não havia necessidade dela para produzir paralelepípedos e especial brita como hoje é. Só décadas depois da minha citada viagem começou a ser operada e não mais parou. Já não foi pelos "americanos" da engenharia brasileiríssima do início do Regime de 1964; e sim pela vigorosa construção civil sergipana, da explosão imobiliária dos anos de bonança via Petrobrás.
Porém, ainda hoje somos colônia do Império “americano”.