sábado, 28 de março de 2009

O Cacete Armado



Símbolo incômodo para a granfinagem local dos anos 40, o velho Cacete Armado deixou de existir. De muito que seu nome é Rua de Santa Cruz, nome herdado do lendário tanque que houve nas proximidades, mas também, talvez inspirado por algum padre, ou talvez alguma piedosa matrona que ali viu sucumbir parte das energias másculas de que se achava proprietária e, principalmente, do dinheiro que o dito cujo ali jogou, o que a fez ainda mais infeliz.
Toda cidade que se preza, ainda hoje tem seu cabaré. É o lugar do verdadeiro descarrego, onde a miséria de pobres coitadas iludidas ou auto iludidas satisfaz a gana por carne humana dos guerreiros, que não são os de Atenas, como lembra Chico Buarque. Apesar da sua versão moderna, uma visão corrompida do seu verdadeiro sentido, já que motel advém de moving hotel, ou hotel de estrada, estes, aqui chegaram e chegaram pra valer. Perdi as contas de quantos já existem em Itabaiana. E acabou com os “inferninhos” de saídas das cidades.
O Cacete Armado tomou esse nome por motivo óbvio: além do trato malicioso relativo à sua destinação, o “pau quebrava” ali pra valer. Muita briga.
Os cabarés daqui parecem ter funcionado sempre na estrada de Itabaiana para o Campo do Brito. Primeiro foi na Rua do Ovo, atual primeiro trecho da Rua Campo do Brito, ao fundo do prédio da telefônica fixa que opera em Itabaiana. A estrada colonial saía do canto da Rua da Tenda (lado oeste da Praça João Pessoa) e seguia direto até a atual Rua São Luiz, passando ao lado do que é hoje o Estádio Presidente Médici. Dali enviesava alcançando o ainda pedaço de estrada existente por trás do motel que fica próximo ao riacho da Camadanta, na atual Rodovia João Paulo II, e, por fim, chegava ao Brito Velho (o novo surgiu a partir de 1835). Depois de 1929, a abertura da primeira estrada de rodagem para a já cidade de Campo do Brito alterou esse curso que continuou a ser usado apenas por tropeiros e carros de bois. Aqui surge a Rua do Pinto, atual Benjamin Constant, que, seqüenciando a Rua do Ovo, virava à esquerda passando pelo tanque de Santa Cruz até chegar onde hoje é a caixa de água da DESO, e dali até a rodagem. É aqui que nasce o Cacete Armado. Sob o clamor da sociedade séria e bem comportada, o “antro de perdição” da Rua do Ovo e Rua do Pinto é deslocado para além do Tanque de Santa Cruz, em frente onde hoje é o Colégio Opção.
Ao fim dos anos 60, com o crescimento da cidade e cada vez maior uso do transporte motorizado entre Itabaiana e o Campo do Brito, o Cacete Armado entrou em decadência sendo paulatinamente substituído pelo “Sambão”, hoje uma quadra de excelentes residências com frente para a Rua Quintino Bocaiúva até a esquina com Manoel Francisco Teles, e fundo para o Colégio Eduardo Silveira e o CSU. Na estrada para Campo do Brito.
Apesar do “Sambão” manter a tradição da estrada do Campo do Brito, ali também era a única saída para Aracaju até fins de 1978, quando foi asfaltada a Avenida Dr. Luiz Magalhães. Isso foi motivo de veementes protestos da sociedade itabaianense, tirando o sossego de tudo quanto foi Juiz, Promotor e Delegado de Polícia que chegava à cidade. Todo dia tinha uma intimação, uma ameaça de despejo; uma calmaria até que “a festa” retornava, em tom de comemoração. A liberação sexual total dos anos 90 exterminou quase por completo as velhas formas de prostituição substituindo-as por formas bem mais sofisticadas e maldosas. E caras.
Do Cacete Armado sobrou apenas a foto acima, que tive o cuidado de tirar antes que viesse abaixo e se transformasse em mais um terreno baldio em estado de especulação imobiliária total.

Escudeiros

“Amigo fiel” de Luciano Bispo, contabilizando – por si próprio – presença em todos os comícios desde 1988; fiel fiscalizador dos “crontas”, que outros aliados do prefeito colocaram na atual administração, reclama, com toda a justiça, dos adversários – que estão na administração – por estarem prejudicando politicamente o Prefeito. Detalhe: nos eventos patrocinados pelo Prefeito é o primeiro a chegar; todavia, se faltar qualquer coisa, um copo descartável que seja, ele fará com que todos saibam – ao invés de resolver – e, naturalmente, aproveitará para “queimar” quem, por descuido ou falta de recursos deixou de realizar direito a sua tarefa. Tarefa que enaltecerá o prefeito Luciano Bispo. A quem diz proteger.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Mosquito da dengue tem novo inimigo em Itabaiana

A equipe de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, representada pela sua coordenadora, a enfermeira Luciana Mendonça de Jesus, e pelo coordenador de equipe, o técnico de Saúde Ambiental, Gilson Gonçalves Lima, estará nesta sexta-feira, 27, na sede da Vigilância Epidemiológica do Estado tratando de mais uma etapa no combate ao mosquito Aedes aegypti. Trata-se da implantação a nível experimental de um novo larvicida(veja aqui) que será aplicado inicialmente somente na capital e em Itabaiana.
Mesmo satisfeita com os resultados até agora obtidos no combate a essa endemia, a Secretária Municipal de Saúde, Lourdes Machado Bispo saúda essa iniciativa do Ministério da Saúde e diz que envidará todos os esforços para que a tarefa venha a ser bem concluída pela sua equipe. Dentro do sistema de Saúde Pública há duas décadas, desde a implantação da 3ª Regional de Saúde em Itabaiana, a Secretária tem conhecimento dos gargalos apresentados na atual metodologia de combate ao mosquito vetor da dengue (veja também aqui)
Itabaiana - e a grande Aracaju(aqui) - já apresentou há alguns anos alto um nível de resistência das larvas do mosquito aos larvicidas então usados, segundo a SUCEN(e aqui), motivado pelo uso abusivo, indiscriminado e descontrolado do mesmos. Tal aspecto foi notado ao fim da década de noventa e o estudo concluído em 2001. Desde então, os cuidados com as duas áreas se tornaram intensos, especialmente Itabaiana, por ser um grande ponto de concentração e difusão de eventos decorrentes da migração, dada a sua característica de cidade de comerciantes e transportadores.
Pra ver mais: aqui.
Fonte:
Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Sombras.

Não é da minha conta, não; mas, ou o governo Déda põe um fim às especulações acerca da morte de Tonho Cabaré ou perde as eleições de goleada aqui no primeiro turno e depois no segundo no resto do Estado. E não adiantam embromações. Em Itabaiana isso não funciona, especialmente nesses casos. Terra com gente de quatro séculos de escaldo. Tem que ser convincente. Tudo tem um preço. A solução desse caso é o primeiro passo para a reconciliação do governador com o município. Caso contrário, pode pintá-lo de ouro; não irá funcionar.

Dívidas
Ao ser massacrado em 08 de agosto de 1963, muita gente viu ali um justiçamento de Euclides Paes Mendonça. Nas eleições de 1954, no oitão do então “prédio de Dr Gileno”, onde funcionou até pouco tempo atrás a Câmara Municipal de Itabaiana, naquele cantinho ainda hoje existente e formado pelo círculo que faz a esquina com a Praça, do lado da travessa tombaram mortalmente o cidadão conhecido por Selvino, da Cajaíba, e seu filho, esfaqueados até a morte. Não houve um só eleitor de Manuel Teles e até os mais sensatos de Euclides que não tomasse como vingança do chefe político por “traições” políticas. O espectro sinistro acompanhou os partidários de Euclides até duas décadas depois do acontecimento. Uns a negar; outros a se desculpar.
É o que dá, atos impensados.

Lembranças de Faoro

"De qualquer modo, já que a previsão existe, em abstrato, fatalmente ocupará as fantasias dos conspiradores de sempre. Sobretudo se o governo falhar; se não falhar procurar-se-á fazer-lhe com que falhe, até pelo prazer de confirmar a profecia”.

Não me canso de admirar o autor de "os Donos do Poder".



FAORO, Raymundo in A Semana Final. IstoÉ 1.212, de 23/12/92, p.21.

Gritaria de condenado.

Políticos, se capazes, devem assumir a sua competência: fazer política. Política é a arte de viver na polis; na civilização; parlamentar; negociar, discutir, harmonizar os contraditórios; logo, em política, se não é devido mentir, o é suprimir e até faltar com a verdade, como forma de defesa ou ataque preventivo. Mas, repito: jamais mentir.
O político é um ser tão essencial à sociedade humana quanto o é o ar que se respira. No universo é assim, o maior – nem sempre em tamanho – atrai o menor que gira ao seu redor. É a Lei de Gravitação Universal, simplificada.
A afirmação atribuída ao ex-governador João Alves Filho(na boca do povo e faxaju), de lançar suspeições sobre a urna eletrônica e as eleições é de uma infelicidade extrema. Jamais o político deve ficar contra o povo, ensina Maquiavel. João aqui está, sem absolutamente nenhuma prova, apenas uma mera denúncia; logo, indo diretamente contra a vontade do povo que aprovou a urna eletrônica. O que lhe sobrará, então, depois destas afirmações infelizes? Escárnio e desconfiança. Desmoralização de um político que tão bem representou - e ainda o faz - ao povo sergipano. O “negão”. “Gente da gente”.
Detesto desperdício. Acho o maior crime que um ser humano pode cometer. Principalmente o de símbolos da sociedade humana que se não existissem, teriam de ser inventados. João – e nenhum outro político do seu quilate – tem o direito de cair, salvo de forma natural, vencido pela retórica poderosa, se o for, de seus adversários. Nunca por precipitações próprias, deixando legiões de deserdados, ao praticar “discurso de perdedor”.
Assim caminha a humanidade.

terça-feira, 24 de março de 2009

Minha dor é perceber...

No próximo dia 03 de abril completará 20 anos que foi promulgada a mais recente Carta Magna Municipal – aliás, única – a Lei Orgânica do Município. No Artigo 3º de suas Disposições Transitórias diz que a Prefeitura encaminhará no prazo de seis meses as leis complementares: Código Tributário; Código de Obra e Urbanismo; Estatuto do Magistério e Estatuto do Servidor.
Bem, mas o que me traz aqui não é a aplicação específica de nenhum artigo; e sim, a lembrança da imensa tristeza que se abateu sobre mim quando numa madrugada qualquer de 2001, ao terminar de digitar o conteúdo da dita Lei Orgânica e descobrir que... Meu Deus! Que maravilha de Lei! E que palavras agora usar?
O que me leva à lembrança da Lei Orgânica e da tristeza que me assolou naquela madrugada é o crime ecológico (veja mais aqui) – sem criminoso identificado – ocorrido no Açude da Macela, sem nenhuma comoção popular (já que não saiu no Jornal Nacional) previsto nos artigos pertinentes ao Capítulo VI, do Título IV – Do Meio Ambiente. Sequer as fotografias que dessem lugar a calorosos debates com trabalhos escolares, passeatas... enfim: levantasse espíritos, ora em estado vegetativo, para a grandeza do lugar onde vive e a necessidade de cuidar da própria casa. Diante da indiferença, só falta a campanha: aterremos o açude (já pensou quantos “amigos” poderiam ganhar terrenos para serem negociados no futuro?).
Já que estamos no assunto, agora continua a me entristecer, saber que tudo continua como dantes e que, o Artigo 177 foi rasgado, dilacerado de ponta a ponta com a aprovação da famigerada Lei 1.222 de 08 de março de 2007, a que cinicamente dá direito (inconstitucional) de dar nomes de pessoas vivas a logradouros públicos; e que até o Santo Antonio, (Artigo 185, § 2º), previsto para ser colocado na serra, foi construído em tamanho reduzido, na entrada mais glamourosa da cidade, e num lugar onde todo mundo quer por alguma coisa o que já dificulta a visão do principal: a cidade.
Mas como “todos” irão embora, né?

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos. Ainda somos os mesmo e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos, como nossos pais.
Belchior - Como nossos pais.

P. S. O escrito originalmente Açude da Marcela foi grafado de forma errada (já corrigido). A grafia correta neste caso é Macela; e não Marcela. Já que se refere ao nome da planta, e não ao nome de uma pessoa.