quarta-feira, 22 de maio de 2013

Os prefeitos das praças.


No início dos anos 90 Itabaiana fervia de boas expectativas. A estagnação da agricultura tradicional, manual, calcada na policultura de gêneros alimentícios havia sofrido amargamente com dois fenômenos dos anos 70 e principalmente 80: a inflação galopante e a concorrência predatória do agronegócio, muito agressivo, competitivo e competente que o velho plantation. Foi o agronegócio quem sepultou a secular cultura do algodão de Itabaiana, depois a do feijão, do milho e por tabela a da produção de farinha de mandioca, esta, base alimentar do brasileiro até início do século XX, porém tendo resistido no Nordeste até os anos 70. Ficou impossível competir com o arroz barato; e com o milho e o feijão do agronegócio. Pois bem, em 1986 inauguramos as barragens e aí vieram estradas na zona rural, energia, mais escolas, postos de saúde que não funcionaram de pronto, mas estavam lá. E a política também mudou. Aliás, quase muda; mas o fato é que em 1990, Itabaiana transpirava futuro. E quem capitalizou tudo isso? Luciano Bispo de Lima, parte ativa no processo, mas, como Euclides Paes Mendonça, muito mais beneficiário dele. Chateados com o sucesso do novo prefeito, o eleitorado chiquista lhe pôs o apelido de “prefeito das praças”. Que, claro, soou como elogio, já que “quando o cavalo está carregado de açúcar, até o rabo é doce”.
Mas a mania das praças vem de bem antes de Luciano Bispo. De fato ela começa com a transformação da velha e secular Rua da Tenda, saída para a antiga capital, São Cristóvão, em Praça Pinheiro Machado, pela Lei 90 de 12 de julho de 1916, pouco depois do assassinato do avô do radialista Francis de Andrade pela polícia do coronel Sebrão. A Lei é a mesma que também nomeou o Beco Novo com o nome do Coronel Sebrão. Com a inauguração da Rodagem para Laranjeiras, que entrava na cidade pelo lado leste - frente do Banese - em 1° de abril de 1928, em 11 do mesmo abril, a Lei 111 (do período da República Velha) renomeou a praça para Coronel Manuel Dantas, o governador que fez a inauguração. E Pinheiro Machado, ainda vivo politicamente ganhou a Rua de Macambira como homenagem.  Em data incerta, contudo, a esperteza politiqueira a renomeou para João Pessoa, nome que preserva até hoje. Ou seja, a Praça João Pessoa já foi iniciada com o populismo de Sebrão que pra mais dar-lhe o tom deu-lhe o nome de Pinheiro Machado. É que o senador Pinheiro Machado era no início do século XX, o cara que, do Congresso mandava em tudo. Uma espécie de Antônio Carlos Magalhães do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. E o populismo interesseiro foi mantido para puxar o saco de Manuel Dantas; e depois do Governo Getúlio Vargas.
Todos os prefeitos desde Silvio Teixeira mexeram em alguma praça; todos. Desde a simples troca de arborização à transformação completa, como fez Maria Mendonça na Praça João Pereira. Mas a menina dos olhos de todos sempre foram as Praças Fausto Cardoso e João Pessoa, por motivos óbvios. Mexeram na Praça João Pessoa: Sílvio Teixeira, Manoel Teles, Euclides Paes Mendonça, Vicente Machado Menezes, Antonio José da Cruz, Antônio Teles de Mendonça e Luciano Bispo de Lima. Este duas vezes: a primeira em que pavimentou a praça com pedra portuguesa, inclusive seu interior, ainda na piçarra; mudou a iluminação, pôs uma fonte no monumento à Apolo XI, que nunca funcionou, e os quiosques; na segunda que mudou toda a arborização da mesma, retirando as velhas algarobas e substituindo-as pelas atuais. Mas a grande obra de Luciano Bispo em praça foi a repetição de Euclides Paes Mendonça: a Praça Fausto Cardoso com sua pavimentação a pedra portuguesa e calçadão em frente à bissecular Igreja Matriz de Santo Antônio. Observando à distância, 24 anos depois, fica cada vez mais evidente que alguém cutucou Luciano, que Euclides iniciou sua fama de desenvolvimentista pela reforma da Praça Fausto Cardoso. E ele fez o mesmo.
A primeira grande obra de Manoel Teles foi a primeira tentativa de urbanizar a Praça João Pessoa. A primeira grande obra de Euclides Paes Mendonça foi urbanizar de fato a Praça Fausto Cardoso. A primeira grande obra de Luciano Bispo foi justamente reformar a dita praça, dando-lhes os ares atuais. Vai ver que Valmir dos Santos Costa, aproveitando o convênio feito pelo próprio Luciano também quer impor sua marca pracista desde o início do mandato, com mais uma reforma na Praça João Pessoa, já que isso vem configurando sucesso político vindouro. Em que pese Manoel Teles não ter sido tão bem sucedido.