quarta-feira, 7 de maio de 2025

33 ANOS DE FEIRA DO CAMINHÃO.

Nesta quinta-feira, 08, à noite, o Prefeito Valmir Costa, com sua equipe lançará a programação, que deverá, se muito, sofrer alguns ajustes, para a próxima Feira do Caminhão.

Promete ser mais uma grande festa, provavelmente ainda melhor que as passadas.

Nestes 350 anos de fundação, Itabaiana, a Capital Nacional do Caminhão(*), e seus despretensiosos heróis redentores dessa terra multissecular merecem.


A 1ª Feira do Caminhão

A primeira edição foi realizada no Calçadão da Avenida Dr. Airton Teles, à época o espaço de shows, cada vez mais barulhentos, ao lado de uma casa de Saúde, a Maternidade São José, local do primeiro milagre de Santa Dulce dos Pobres.

Declino de tecer comentários sobre o sucesso comercial da Feira, por desconhecimento integral de seus resultados; mas foi um assombro; especialmente pela ousadia de trazer a recentemente denominada Rainha dos Caminhoneiros, Sula Miranda, que estourara nas paradas musicais em todo o país, em fins de 1986, com um mega sucesso dedicado ao caminhoneiro: Caminhoneiro do Amor.

Neste ano de 2025, 33 anos depois, informou-me o Secretário de Cultura, Antônio Samarone, Sula estará, mais uma vez, presente, assinalando seu prestígio às gerações e gerações de guerreiros da estrada.


As procissões dos motoristas.

À esquerda parte da fotografia de José Paulo de Oliveira (Paulinho de Doça), do recem renomeado Bairro São Cristóvão e sua antiquíssima capela. E à direita, o cartazete de João de Balbino, líder pioneiro da festa, e já passando o bastão ao então jovem Rolopeu, nove anos depois da festa criada, e tendo São Cristóvão como padroeiro.

Começou por São Cristóvão, o padroeiro dos viajantes, portanto, também dos motoristas. Na campanha política de 1958, Euclides Paes Mendonça era candidato ao retorno à Prefeitura e seu partido, através do Prefeito Serapião Antônio de Góis criou uma espetacular campanha de marketing envolvendo a categoria profissional mais promissora da época: os motoristas.

Para isso transformou o velho Tabuleiro dos Caboclos em Bairro São Cristóvão, inclusive com denominação de sua capela, de tempos imemoriais, e a festa católica, com procissão e outros atos religiosos, tudo isso coordenado por João de Melo Rezende, o João de Balbino, que, mesmo depois de se mudar para a capital ainda permaneceu no comando, até sua passagem para Antônio Francisco de Jesus, o antológico Rolopeu.

Em 1975 a Paróquia mudou o patrocínio do novenário, tirando as famílias tradicionais, e passando estes para as categorias profissionais. Por ser a dos motoristas a mais vistosa, mais rica e prestigiosa categoria, ficou com a última noite de patrocínio desde então. Rolopeu, na organização.

Em 1976, diante da proximidade das duas festas – Trezena de Santo Antonio em 12 de junho, e São Cristóvão em fins de julho – Santo Antônio ganhou prioridade, mesmo continuando São Cristóvão sendo o padroeiro. Foi ali a reduzida última vez. Desde então, é sempre no dia 12 de junho o momento máximo.


Quando nasceu e Feira do Caminhão.

Calçadão da Avenida Airton Teles, palco da 1ª Feira do Caminhão, na festa de Santo Antônio de 1992. Sublimado, anotações da reunião em que fiquei ciente da programação da 1ª Feira.
Foi um período estressante para mim. Secretário do partido que acabaria elegendo o sucessor,  e consolidador da liderança política de Luciano Bispo, em término de primeiro mandato, o tempo andava muito encurtado pra mim, entre as obrigações com o meu ganha-pão; as atribuições sociais, meu pré-escritório de marketing (que acabou, morrendo na praia); e ainda me envolvi e envolvi outros, de certo modo e especialmente meu saudoso amigo-irmão, Josenildo Pereira de Souza, na solução de uma problema que parecia insolúvel, qual seja, o impasse entre a teimosia do também saudoso amigo e patrão na Rádio Princesa da Serra, José Queiroz da Costa, de um lado; e do outro, o citado prefeito, que, apesar de uma boa administração não andava bem das pernas, politicamente. Carecia de algo revigorante para fazer o seu sucessor e despontar para a gloriosa carreira que despontou. Detalhe: enfrentaríamos a máquina poderosa de Francisco Teles de Mendonça, o saudoso líder Chico de Miguel, ferida, mas longe ser abatida. E a genialidade política do velho líder trazia uma novidade: Chico resolveu candidatar a sua filha, a educadora Maria Vieira de Mendonça ao cargo de prefeito. Seria a primeira mulher a administrar o município, em seus já 295 anos de existência. Não ali, mas acabou sendo depois, em 2004.

O partido em formação (PDC, Partido da Democrata Cristão, inspirado nos alemães); as forças em composição, e as inúmeras reuniões, quando necessárias, a discutir tudo, e, obviamente fechar questão.

O bunker era a então casa do próprio candidato, João Alves dos Santos, o João de Zé de Dona, o segundo andar da Rua Boanerges Pinheiro, 995.

E o foco do mês de maio de 1992, foi a Trezena dos Motoristas, do dia 12 de junho, a seguir, coadministrada pelo Município, ou seja pelo prefeito – e seu candidato - primeiro teste de fogo da campanha.

Sugestões vão, sugestões vêm, e, numa reunião da segunda quinzena de maio, alguém falou em algum tipo de exposição, outro, de desfile diferenciado do já promovido desde 1975, na procissão; por fim também se falou em feira. Até ali eu era quase que o único marketeiro da ainda pré-campanha, claro, ouvindo todos os pitaqueiros. Ao pronunciarem a feira eu assenti com veemência, colhendo também o assentimento do pré-candidato, do também assessor Moacir Santana, e do próprio prefeito, além dos demais. Desde então, ficou grande demais para mim. Saí do controle, que, logo depois o perderia de toda a campanha. E, na reunião de 8 de junho já foi anunciada toda a programação, inclusive a presença de Sula Miranda.
Exemplo também foi o que correu à minha revelia, porém com toda a minha aprovação, a ideia nascida na Ala Jovem, da realização da carreata mirim. 
E o modelo veio até hoje, praticamente sem mudanças; salvo as pontuais, desde as atividades da 1ª Feira do Caminhão de Itabaiana.


(*) Lei Federal 13.044 de 20/11/2014


segunda-feira, 5 de maio de 2025

CHRONOS NÃO PERDOA...

 

Mais um amigo cumpre seu tempo – breve - e se vai: faleceu Valfrando Gomes da Mota, popular Nem de Abdon, meu amigo e comparsa de rock e demais estilos musicais que a minha geração teve o privilégio de com eles se deliciar.

Que a flecha do tempo não para; isso está mais que consagrado. Porém, como diz meu também amigo, Dr. João de Oliveira, o João de Benício, a gente docemente se engana, os jovens sem na morte pensar; ou se desespera - os maduros e velhos - com a certeza de que a hora, cada vez mais próxima, vai chegar.

E, enquanto isso, inundamos nosso conhecido vale de lágrimas com nossas dúvidas, mesmo que sobre as certezas.

Conheci Nem, por acaso, 1980, com minha estreia de discotecário-programador na velha Rádio Princesa da Serra. Nem de Abdon, queria trocar vinis, coletâneas "da Parada", por raridades da MPB e de rock, especialmente country, em duplicidade (a emissora tinha dois), ou descartáveis, por estar muito acima da média da audiência da emissora. Negócio da China, já que as coletâneas, em geral eram de temas de novelas, da Som Livre (Sistema Globo) que não distribuía gratuitamente às emissoras. Sucesso garantido, quando já não estourando nas paradas. Juarez Ferreira de Góis, meu chefe, autorizou

Foi empatia imediata. Com pequenas - e às vezes profundas - diferenças, ali fizemos amizade, que adormeceu nos últimos trinta anos, já com ambos casados e pais de família, como quase todos demais do grupo que veio depois; mas aquele tipo de amizade, focada, máxime na música, onde a cada vez mais raro encontro, vinha uma resenha acerca de novas obras, novos artistas, e toda a plêiade dos veteranos, que embalaram nossas vidas, "na alegria e na tristeza", enfim, na vida vivida, arrisco, esplendorosamente.

Vai com Deus, amigo; é tudo posso dizer agora.

E, se lá existir essa cópia daqui, como insinuam, vai preparando um novo Arizona(*), porque, já foram outros, antes de você, e até eu por lá chegarei, entre agora e mais uns cinquenta anos, não sei; mas que irei, irei.

Adeus, sujeito!


(*) Arizona era o apelido da tenda de Nem, onde trabalhava, pondo fotos e gravuras em quadros para vender, na Rua São Paulo, aqui em Itabaiana-SE. O nome pegou porque até o sábado, ao meio dia, era lugar de trabalho, de negócios; apesar de já se ensaiar um Jimmy Hendrix, Bob Dylan, Belchior, Alceu Valença, Heart, Creedence, Dire Strais, Quinteto Violado, Xangai, etc., etc., e etc.; mas no sábado à tarde, e domingos e feriados... de clássico a rock pauleira, rolava tudo. regado a cerveja, claro. E só juntava marmanjo. Por isso Arizona: "Onde os homens se encontram", como na propaganda do cigarro de mesmo nome, da Souza Cruz.