quinta-feira, 13 de outubro de 2022

DIA MUNDIAL DO ESCRITOR

 


Teletransporte; projeção no espaço e no tempo; rede social a grande distância; e tudo armazenado para quando quisermos rever? Essa magia existe há pelo menos cinco mil anos.
Tudo começou quando alguém teve a ideia de grafar, eternizar um ato, de forma que pelos milênios a seguir, gerações vissem seus símbolos riscados dos feitos e revivessem mentalmente tudo aquilo. Estava inventada a escrita; estava criada a profissão de escriba ou escritor.
Cientistas ainda se debatem sobre quem teria tido a primazia: egípcios ou caldeus e até mesmo chineses; mas, ao menos ao que toca o que derivou para o alfabeto, um aprimoramento dos cananeus, a escrita que usamos foi inventada Egito, quando um guerreiro terrível submeteu os povos do delta do rio Nilo, e, além de cabeças e pênis cortados dos seus infelizes inimigos vencidos, algum artesão registra com os desenhos de um bagre e um cinzel ou formão.
O guerreiro, com sua sanguinolenta vitória por volta de cinco mil anos atrás veio a ser conhecido como rei de todo o Nilo, ou seja, o primeiro Faraó. Seu nome? Narmer.
Na pedra onde grafou suas estripulias sangrentas, além do monte de infelizes de cabeças e sexos decepados, um alto relevo, aparentemente sem nada a ver com a história; mas que se tornou o centro da história. Narmer, cujas sílabas, nar, era o nome para bagre, e mer, para cinzel ou formão em egípcio antigo. O rei “bagre cinzel” se tornou todo poderoso. O faraó. Nasceu ali a escrita hieroglífica com seus milhares de símbolos. E os escribas, hoje denominados de escritores, escrivães, etc..
Como já dito, o aprimoramento e adaptação dos hieróglifos à própria língua pelos cananeus, e sua popularização pelo Mediterrâneo pelos fenícios (também cananeus) em suas grandes navegações comerciais fez o desenho da cabeça com suas pontas virar de cabeça pra baixo e se tornar nosso “A”, o desenho do rio perder uma volta e virar “M”; o desenho da cabeça humano virar “R” e assim por diante.
E a democratização proporcionada pela invenção do alfabeto reduziu, mas não acabou a importância do escriba. Apenas o colocou como escritor cronista, contista ou poeta, mais à vontade para escrever coisas mais abstratas; alimentar a insaciável alma com a poesia, o pensamento; a filosofia, enfim.
Neste dia 13 de outubro, seu dia mundial, meus parabéns ao perpetuador do pensamento através de símbolos grafados, onde quer que estejam: o escritor.

ECOS DA HISTÓRIA


Residência e comitê (anexo) de Francisco Teles de Mendonça, em 26 de outubro de 2002, esperando o segundo turno das eleições.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

ESTRADA DAS ENTRADAS.

 

Carta Pat.e do posto de Cap.m de toda a gente que se manda a entrada dos Mocambos de Jeremoaba, provido em Fernam Carrilho. De 21 de maio de 1668. (Docs. Históricos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. 12, p.38)

Há cerca de 45 anos saí de Sergipe via Carira em direção a Jeremoabo. Nunca tinha feito isso antes. E de fato demorei 40 anos para fazê-lo novamente; agora, já aproveitando o asfalto novinho em folha. Mas há 45 anos, numa época em que só tinha olhos para viver os naturais arroubos da juventude já sentia uma estranha sensação de que aquela era uma estrada necessária a Sergipe, e à Itabaiana em particular.  E sequer havia conversado com algum dos caminhoneiros pioneiros de Itabaiana, para saber que foi ela o primeiro acesso, a traqueostomia que oxigenou a economia itabaianense, ao levar nossos homens da estrada até os mercados consumidores do Sul, especialmente São Paulo, turbinando a economia serrana a partir de então.
Todavia, a BR-235 nada mais foi que a otimização de uma ideia não tão nobre sob o olhar de hoje; de um mundo mais humano: a Estrada Real das Entradas de São Cristóvão de Sergipe d’El-rei pros sertões do Jeremoabo. De fato, a estrada dos escravos, cariris (índios) pegos aos montes numa área desde a Serra Negra aos confins do Raso da Catarina em Uauá, limitada ao norte pelo Rio São Francisco, principalmente pelo sergipano, talvez até itabaianense (toda a área de Itabaiana era município do São Cristóvão), Fernão Carrilho.
O meu interesse pela BR-235, já em 1980 fez-me ver que a rodovia era um projeto bem mais além de Jeremoabo: ela ia até o sul do Pará, e nos ligaria ao grande elo sertanejo de Juazeiro/Jacobina.
Na penúltima segunda-feira, retornando de Aracaju, logo nos primeiros metros da BR-235, após o último viaduto, o de acesso a Itabaiana vi mais uma vez – e fotografei – uma placa que muito me satisfaz por ser a realização de um sonho: ir além de Jeremoabo; chegar a Petrolina e Juazeiro. E dessa vez, sobre asfalto.
Mas hoje, 11 de outubro à tardinha, ao passar pelo Terminal Municipal de Itabaiana, mais uma grata surpresa: já tem micro-ônibus fazendo linha regular Itabaiana-Jeremoabo. E um sobrinho residente em Petrolina já pegou o hábito de vir em lotação até Aracaju, obviamente que ficando em Itabaiana. Sem falar na facilidade que tem parte dos nossos heróis da estrada de carregar de frutas e verduras no super atacado de Juazeiro, direto para Itabaiana.
Graças à multissecular Estrada Real da Entradas, agora na sua moderníssima versão asfaltada, retificada e ampliada, denominada BR-235.
Itabaiana e Sergipe bem além das areias da praia, como advertia Frei Vicente do Salvador em sua História do Brasil, escrita em 1627.


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

SÓ PRA LEMBRAR...

 

Há 40 anos atrás Itabaiana e Lagarto se rebelaram contra a camisa de força da arquitetura política dos coronéis sergipanos, obrigando-os a acolher o Negão, de tantas boas memórias.

(Fotos dos principais personagens, em montagem com reportagem da edição da Revista Veja, de 04 de maio de 1982. Depois das matérias no jornal Tribuna do Povo, nosso - meu e de Gilmar Carvalho - e da sua repercussão a seguir no Jornal de Sergipe, em 12 e 15, respectivamente de março anterior, das bombásticas declarações de Francisco Teles de Mendonça, Chico de Miguel, de que o candidato ao Governo tinha de ser João Alves Filho; logo subscritas por José Rosendo Ribeiro, Ribeirinho, líder em Lagarto).