quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Analogias.

Pasmo aqui com mais um ato de desmanche do país promovido pela sua “elite”, ora de muita visibilidade na justiça e na indústria de opinião, com a prisão de um ícone da Defesa Pátria, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, voltou-me à mente certos devaneios que nunca me deixam.
Fugindo dos temíveis assírios, os fenícios fundaram o império cartaginês; como a Fenícia, um estado fundeado na negociação, onde a guerra sempre foi o último recurso, até mesmo porque o nacionalismo cartaginês não passou de apegos individualistas de cada um a seus lucros.
Fugindo da traição dos gregos que lhes incendiaram a cidade, por onde extorquia todos que ali passassem, gregos inclusive, os deserdados de Troia construíram Roma. Que se tornou o mais longevo, o maior, o mais forte e poderoso Estado até existente. Os romanos inovaram, criando a inclusão social e a divisão de poder, cujos espasmos de tensão eram dissipados derramando sangue alheio em terras distantes, pela glória do Senatus Populus Que Romanus, que ainda hoje é o espírito de Roma, camuflado nos dois estados que por ali subsistem e coexistem.
E eis que chegou a hora da verdade: Roma e Cartago, como era de se esperar bateram de frente. E a Roma republicana, calcada na agricultura, comércio e guerra arrasou para sempre com a Cartago individualista, sem nacionalismo íntegro, calcada no comércio tendo a agricultura como mero suporte a este, e nada de guerra.
Pano rápido!
Fugindo da exponencial máquina de guerra de Castela, financiada com o dinheiro dos latrocínios a judeus, quase sempre queimados, os portugueses, que em 1249 chegaram ao máximo que queriam em termos de território, com a conquista do Algarve, ao também se verem ameaçados tal qual os reinos menores da península que Castela os engoliu, repetiram os fenícios e puseram o pé na estrada. Aliás, nas águas. Os fenícios haviam se notabilizado por serem marinheiros do mar azul, ou seja, alto mar, porém quase restrito ao Mediterrâneo; os portugueses levaram isso a capricho conquistando-os a todos. E, meio sem querer vieram aportar no Brasil. Como os fenícios trouxeram com eles os judeus de Salomão, dois mil anos depois. Aqui foi fundado um país que até hoje não tem certeza de sê-lo. A elite é de espírito puramente colonial, mais desobrigada com o país que aqueles egoístas comerciantes cartagineses, e o povo a inveja e sonha ser exatamente como ela. Neste meio, alguns Aníbal Barca da vida se levantam de vez em quando e, conquanto sequer ouse desafiar Roma, muito menos a afligir como o fez o grande geral de Cartago, leva o Império que, como todo Império é zeloso pelo seu poder a sempre estar de olho, e agir com todas as armas que possui contra “os perturbadores da ordem”.
Fugindo da extorsão de senhores feudais, aliado a cerceamento de liberdades, dentre as quais as religiosas, comunidades paupérrimas das ilhas britânicas atravessaram o Atlântico pra fundarem um país diferente; romper com o passado, tal qual aqueles troianos expulsos pelos gregos. E fundaram o maior império de todos os tempos, superando Roma em todos os quesitos, inclusive na matança de estrangeiros em terras estrangeiras, além do cultivo de certos esportes que diria, cruéis. Recriaram a inclusão conforme Roma: “cresça e apareça!”, recriaram a democracia, mais para os moldes gregos, com cidadãos plenos e escravos sem plenitude, e criaram uma máquina de guerra assustadora porque capaz de eliminar boa parte da vida na Terra. Sistema político tão instável quanto o romano, tem necessidade imperiosa de estar em guerra pra desviar os focos domésticos de tensão, e nos últimos cento e cinquenta anos, poucas vezes não esteve em Estado de Guerra.
E eis que me vi certa noite, uns cinco ou seis anos atrás tomado de súbito pavor. E se o país, a despeito de sua trevosa elite chegasse ao estágio de potência? Como se comportaria “Roma”? Queimaria Cartago novamente, salgando-lhe simbolicamente o solo? Deportaria-nos como escravos para longínquas províncias? A Índia, mais uma vez, não interessa à “Roma” dominá-la; pelo mesmo modo também a China, e a questão com a Rússia mais parece ser uma birra dos comerciantes judeus, máxime de certa tribo adotiva do que propriamente uma necessidade de “Roma” como um todo. Mas “Cartago” e sua elite hiperindividualista, em larga parte canalha, já tornada colônia há tempos, a essa é imperdoável qualquer naco de insurreição. Como se comportaria “Roma” ao saber-nos dotados de relativa e real capacidade de defesa? Como se sentiria vendo-nos encaminharmos para quinta, quarta, talvez até terceira potência mundial?
Minha solidariedade ao almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva por não ser mais um rato.
Eu não suporto ratos!