sábado, 26 de novembro de 2022

CAMINHÃO BLOQUEIA ESTRADA DA BAHIA.

 


Calma! Foi só um caminhão estacionado no popular “Espaço Jovem”, do estacionamento de Estádio Estadual Etelvino Mendonça, no local por onde por três séculos chegou a estrada real da cidade da Bahia, hoje Salvador, que também tinha o nome de “Caminho do Sertão do Meio Salvador-Olinda”, por ser uma das ligações entre as duas maiores e mais ricas cidades brasileiras até o século XIX.

A cidade de Itabaiana já nasceu com o pé na estrada, antes mesmo de existir. Num cruzamento. 

Após a conquista de Sergipe, em 1590, abriu-se o Caminho do Sertão do Meio que, no rumo sul, atualmente passa por Campo do Brito, São Domingos, Lagarto e Tobias Barreto, entrando na Bahia; e no rumo norte, por Divina Pastora, Japoatã e Santana do São Francisco, antiga Carrapicho, atravessando o Velho Chico e entrando em Alagoas por Penedo.

E, em meados do século XVII – aproximadamente 1660 – foi aberto, em verdade ampliado o de São Cristóvão até o sertão do Jeremoabo, cruzando as duas estradas no atual ponto de táxi da Praça João Pessoa.

O pequeno trecho do Caminho do Sertão do Meio – onde também resido – é usado por mim diariamente nos meus acessos ao Centro histórico da cidade, quando feito a pés.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 ITABAIANIDADE

Montagem sob fundo de imagem do GoogleEarth, indicando mais um lugar com o nome Itabaiana, no município baiano de Presidente Tancredo Neves.


Em dezembro de 1975 houve o 3º Congresso Eucarístico de Itabaiana, a primeira grande festa da cidade além da procissão de Santo Antônio. Era também o tricentésimo aniversário de sua fundação. Que ninguém comemorou, e até hoje faz de conta que a data exata – 30 de outubro - inexiste; apesar de já ser conhecida e estar nos apontamentos do IBGE desde os anos 1940.
Mas o que daquela festa me chamou a atenção em 1975, foi a quantidade de ceboleiros espalhados pelos quatro cantos do mundo que esteve por aqui, especialmente nos últimos dias da celebração. Como uma espécie de Jerusalém, Itabaiana se viu invadida por seus filhos há muito residindo muito, muito longe e há muito tempo.
Em 1988 veio a segunda grande festa. Apesar de ser de campanha política, mas como se tratou do Centenário do status de cidade, recebido aos 191 anos já de emancipado, repetiu, em grau menor a romaria de 1975; apesar, repito, da contaminação político-partidária da festa.
Corte rápido no tempo, na atualidade é comum se encontrar o nome Itabaiana encimando tabuletas de identificação de fazendas, sítios, fábricas e especialmente de lojas comerciais. Mas, isso não é de hoje.
No início do século XIX, Hermelino Contreiras partiu daqui para o novo eldorado – o da borracha – internado-se na Amazônia. Como bom itabaianense seu negócio foi o mais leve e lucrativo de transporte, especialmente desde o Ceará ao Acre, esse ainda boliviano, agenciando mão de obra e transportando os seus produtos até o porto da soberba e endinheirada Manaus. Muitos itabaianenses seguiram suas pegadas; a maioria, contudo, não logrando o seu mesmo nível de sucesso acabaria por regressar, depois de algum capital junto.
Bem, ainda nos dias atuais, no meio da floresta amazônica, na margem esquerda do rio Juruá, lá está o Seringal São Sebastião, mas que ainda é conhecido por Itabaiana. Algumas informações raras, uma ou duas delas, apontando para o proprietário do Gaiola fotografado no porto de Cruzeiro do Sul: Hermelino Contreiras.
Pouco antes de 1900, Seu Manoel Félix de Oliveira subiu o Velho Chico até a exuberante Januária, norte de Minas, decorou o sobrenome, incluindo Itabaiana; no seu próprio e de seus filhos, estabelecendo um tronco familiar de tradição em Minas e Rio de Janeiro e fincado raízes barranqueiras no Velho Chico superior.
Mania de se dizer itabaianense, antes mesmo de se declarar sergipano. E de ostentar a marca Itabaiana por onde chega.
Isso é itabaianidade.





quinta-feira, 24 de novembro de 2022

ESTÃO VOLTANDO AS FLORES

 

Desde anteontem que a ostentação começou. Ontem, por volta da nove da manhã eu passei e fotografei. A mais "saída", toda orgulhosa é a primeira do canteiro; mas a seguinte também já lhe fazia companhia. Chão forrado de pétalas, pena que só durem no máximo uma semana.

Mas... e quem disse que o que é especial pode ficar exposto indefinidamente, né?

(Esquina das avenidas Valter Franco com João Teixeira - no semáforo - Itabaiana. Pros mais velhos, a famosa esquina de Zé Charuto.)

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

 O PEQUENO GIGANTE



Eu vim morar na cidade de Itabaiana, proveniente da zona rural, em 3 de março de 1975, no meio década de 1970, pois; e, tão logo fui chegando fui me familiarizando com suas particularidades e com seu quem é quem na sociedade, muito além da política, já um pouco conhecida através do ativismo do meu pai.
A Associação Olímpica de Itabaiana, ou simplesmente o Tricolor vinha de um segundo título estadual, no ano anterior, depois da glória primeira de 1969 e de 1971, campeão respectivamente de Sergipe e do Nordeste, título até os dias de hoje único do futebol sergipano. Por trás do tricolor, uma pequena constelação liderada por sua estrela maior, José Queiroz do Costa, ou simplesmente, Queiroz.
Meu mundo, como estudante do recém acabado curso Ginasial – em 1974 foi fundido com o primário virando Primeiro Grau – era resumido praticamente ao Colégio Estadual Murilo Braga, onde Queiroz foi da primeira turma de ginasianos, a partir de 1950; e à república de estudantes - onde morei - da Paróquia de Santo Antônio e Almas, mais de perto do Centro de Ação Social Católico de Itabaiana, o CASCI, onde o já rapazote Queiroz, de fins dos 1950 foi tesoureiro em seus momentos mais profícuos: quando construiu o Colégio Dom Bosco e a Maternidade São José, ícones privados da referida Paróquia, ao lado do Cine Santo Antônio, da Escola Técnica de Comércio (hoje CTP) e da própria Casa dos Estudantes na assistência social serrana.
E fui descobrindo Queiroz em tudo.
Festas da Rainha do Milho, no Murilo Braga: Queiroz era logo citado na busca por patrocínio. Que poderia vir diretamente em dinheiro ou em cessão do Cine Santo Antônio, já de alguns anos sob seu comando, o maior e mais equipado, cuja renda do filme da noite era revertida, ora pra festas como a supracitada, mas principalmente para as formaturas, ginasianas ou de Segundo Grau, ou ambas. Teatro amador, festinhas literárias... em todos os eventos, mínimos ou grandes Queiroz sempre liderou o Livro de Ouro.
Apesar de residir em Aracaju, Queiroz teve o nome citado como colaborador nas inúmeras reuniões sociais, de clubes de serviço, atas da maçonaria serrana, Rotary Club e Associação Comercial, mas foi no Tricolor, especialmente a partir do vice-campeonato de 1968 que se enterrou de corpo e alma.
Em 1978, mais um marco na História de Itabaiana: subscreveu, naturalmente liderando a fundação da sétima emissora de rádio de Sergipe, a segunda no interior, e que chegou a desbancar a audiência das demais, galgando o primeiro lugar... na própria capital: a Rádio Princesa da Serra.
A Rádio Princesa da Serra, pelo que representou naquele momento de perigo de estagnação para Itabaiana, merece um estudo aprofundado; não apenas no quesito política, mas cultural, econômico, sociológico, enfim.
A visão aguçada para o futuro, entretanto, foi embaçada pela politicagem nacional.
O lançamento do megaempreendimento – Vila Olímpica José Queiroz da Costa - que dotaria a Associação Olímpica de Itabaiana de lastro permanente para sua manutenção foi atropelado pelo congelamento do Plano Cruzado, que, somado a outras dificuldades fez o belo projeto refluir e acabar.
Queiroz também foi severamente punido pela maldição da política, especialmente a local: houve quem melhorasse economicamente em Itabaiana depois de entrar na política; mas jamais alguém rico para mais enriquecer. Ao contrário, quase todos empobreceram ou logo saíram dela ao longo da história. Seus cargos políticos, no entanto, especialmente o de Deputado Constituinte de 1988, marcaram seu nome com honra e louvor, já que obteve nota 10, máxima, por seu trabalho em geral na atual Carta Magna.
Queiroz poderia muito bem ser um empresário comum, e até ter entrado na política; feito o feijão com arroz e nos últimos 20 dos seus 86 anos de vida estar descansando uma vida de simples aposentado, depois de ganhar muito dinheiro.
Mas Queiroz apostou no que raros espíritos costumam apostar. Ou porque têm medo, timidez, ou simplesmente porque só se importam consigo mesmos. Queiroz vai além. Atualmente contido pela idade e débitos que ela costuma trazer, mas... “não é assim não!” E a qualquer momento sempre pode haver uma novidade.
A Academia Itabaianense de Letras estará nessa sexta-feira, 25 de novembro, a partir das 19h30, no plenário da Câmara Municipal de Itabaiana, outorgando a Comenda Potestas Montis a José Queiroz da Costa. É um modesto reconhecimento ao Pequeno Gigante, como dito pelo companheiro radialista e ex-vereador Gilson Messias Torres, o Portela. Pelo gigantismo em prol da terra em que nasceu e iniciou sua luta.
 “Muitos são chamados; poucos os escolhidos” (Mt, 22, 14); a muitos são dadas oportunidades; poucos as aproveitam dignamente.
Todas as deferências pelo que já fez lhes são devidas.
Parabéns, comendador “Força da Serra”.

Terminado em 22 de fevereiro de 1954, o Cine Santo Antônio, como auditório só foi inaugurado ao fim da administração municipal de Serapião Antônio de Góis. Presença, no círculo vermelho do jovem José´Queiroz da Costa, tesoureiro do CASCI, dono do prédio (atual Supermercado Nunes Peixoto)


Início da trajetória gloriosa do Itabaiana: comemoração do 1º título de campeão estadual. 1969


A emissora Rádio Princesa da Serra galvanizou a sede ceboleira de sucesso, seja no comércio, na cultura e na política. Porém o lado mais sentido do seu poder foram os cinco campeonatos que vieram a seguir a sua inauguração, em 13 de junho de 1978. Na foto maior, Queiroz posando com baluartes tricolores no pentacampeonato de 1982.