sábado, 27 de junho de 2009

Se quero, posso; se posso, faço.

Chamem o ladrão, chamem o ladrão, chamem o ladrão.
Chico Burque de Holanda in Acorda Amor



Vai acabar em tragédia maior o acidente de hoje pela manhã (mais aqui) envolvendo um “homem da lei” dirigindo completamente embriagado, sob o guarda chuva da impunidade de colegas durante (e depois?) da primeira fase da tragédia que ceifou duas vidas de pessoas, possivelmente ordeiras já que trabalhadoras.
A segunda parte da tragédia é que, por se tratar, no mínimo, de “réu primário”, o "mauricinho" que ganha dinheiro do Estado de Sergipe em Itabaiana pra nos defender dos infratores da Lei, desde que faça alguns favores ou já os tenha em sua carteira como feitos, cairá na vala do esquecimento, devidamente providenciado pelos “cujus”, e a Lei (da sem-vergonhice e do atraso) será mais uma vez estabelecida.
Eis um dos porquês de os crimes em Itabaiana quase sempre se resolver na base de antigamente: dente por dente, olho por olho. E só com um intermediário – o executor.
Não há nada de mais infame que o abuso de poder.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Epitáfio

Não sois máquina! Homens é que sois.
Charles Spencer Chaplin - O Grande Ditador



Morreu hoje aquele que encarnou a figura completa do homem que virou suco; material de consumo; objeto no sentido mais direto da palavra. Consumido pela máquina de moer “homens que nem jirimuns amassados”(1), de fazer sucesso a qualquer custo, de parecer aquilo que não é, e talvez jamais tenha querido ser. Numa das suas músicas cantadas(*), o grito, o pedido de socorro de um gurizinho obrigado a cantar, não de alegria, mas para divertir platéias, mais para alcatéias famintas de sangue humano, do que seres empenhados numa sadia convivência.
Durante toda a sua existência buscou ser apenas um ser feliz; infelizmente, parece nunca te-lo sido. Milhões, carrões, multidões... nada disso parece ter preenchido sua existência, sempre em busca de um sonho artificial de ser aquilo que, acredito, sinceramente nunca nele deve ter acreditado: o de ser branco tendo nascido negro. No fundo, apenas queria ser amado; e não possuído.
A doce voz se cala para dar lugar aos inquietantes questionamentos: vale à pena abrir mão da vida em nome da fama? Ou, teria tido ele a chance de ter sido diferente?
Que Deus o guarde, Miguel!
Como seu testemunho, ouvirei a música docemente cantada por ele em que evidencia a solidão de alguém que apenas tem na música sua amiga e companheira: Music and me.
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(*)Feliz (Happy)
A tristeza tem me abraçado como se fosse meu parente mais próximo
Então “Feliz” veio um dia expulsou minha tristeza para longe
Minha vida começou quando Feliz sorriu
Doce, como um doce para uma criança.
Fique aqui e me ame como único
Deixe a tristeza ver o que “Feliz” pode fazer
Deixe que “Feliz” veja onde a tristeza foi.
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Nota.
Feliz (Happy) é um personagem fictício criado pelo autor da música, e não o adjetivo correspondente ao nome.
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Michael Joseph Jackson (* 29/08/1958 - +25/06/2009)
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O titulo é inspirado na música Epitáfio, dos Titãs.
(1) Jorge Alfredo e Chico Evangelista in A massa.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A maximização do lucro.

Quando era apaixonado por um dos lados políticos – pela política serei sempre – de Itabaiana vi e ouvi muita coisa. Delas, algumas arranhavam meus ouvidos, mas, pela causa, se faz tudo. Até que a paciência encha.
Um dos acontecimentos mais comuns na vida político-partidária é a adesão de neófitos. Às vezes, ou quase sempre, a adesão se escreve com “$” ao invés de “s”; outras, em bem menos oportunidades, trata-se de alguém chateado, desiludido e às vezes até escorraçado por aqueles a quem viveu servindo e jurando fidelidade eterna em nome de um sonho que depois mais pareceu um pesadelo. Adesão é adesão. Não importa quem é o aderente. Um voto, um homem (ou mulher). É assim que funciona durante as campanhas. Depois delas, muitos que só tem um voto passam a valer milhares deles. Aqui entra a graduação. Os que valem por um; por dois; por dez; por cem; por mil e assim por diante.
Muitas vezes vi chegar – ou ao chegar – no comitê um caso de festa explícita: “Fulano mudou!” Catarse geral: Fulano mudou! Passada a eleição, meses, semestres e até anos depois, ninguém mais se lembra do Fulano se o Fulano não for “o” Fulano. Até mesmo porque o Fulano que veio já encontrou as posições tomadas pelos fulanos que cá estavam. Logo, é preciso ser um grande Fulano pra continuar sendo festejado depois da chegada. E quando se trata de alguém de visibilidade no outro lado, o primeiro a buscar arrastar-lhe o tapete é, pela ordem, o que formulou o convite; em seguida o chefe que subscreveu a aceitação.
O ex-secretário Nilson Lima, salvo o fato de que por acaso tenha feito uma adesão com “$”, está frito. Comeu os rolos de cordas dos anti-Dédas; e agora... nem mel, nem cabaça. Somente raros espécimes de ex-petistas sobreviveram fora do casulo estelar. Luiz Erundina, ex-prefeita de São Paulo é um raríssimo caso. E permaneceu orbitando em torno do PT. Lima, além de todos os erros já cometidos, começa por um partido que tem vergonha do que foi (o PPS é o antigo Partido Comunista Brasileiro).
É óbvio que todos os opositores a Déda estão fazendo o maior alarido pela deserção do ex-vermelhinho. Que sequer ficará na terceira suplência de deputado estadual.
Dentro do jogo normal, só tem lugar quem tiver estômago pra engolir toda a entomologia como meu xará, o senador. No mais, já está tudo arrumadinho.

Meia necessidade?

Essa história de creche fechando nas férias não dá para entender(leia mais aqui). Em primeiro lugar a Prefeitura tem funcionários de sobra nessa área para cobrir até três turnos de seis horas. Em segundo, por se tratar em princípio de uma necessidade de acolhimento a filhos de trabalhadoras, as ditas instituições têm que serem programadas pra funcionar durante todo o ano; e não apenas no período letivo. A creche também ensina, educa; mas o seu principal objetivo e fazer a guarda temporária e constante de crianças para que suas mães possam trabalhar. É um instrumento de distribuição de renda, já que propicia às mães a possibilidade do trabalho remunerado.
Uma coisa é a creche usar de apoio junto ao Conselho Tutelar para prevenir eventuais vadiagens de mães irresponsáveis que têm nas creches mero depósito de seus “indesejados” filhos; outra coisa e linearizar criando as “férias da creche”.
Como diz meu amigo Gia (ex-deputado Wilson Cunha): isso não existe!

É!

Sobre Marquinhos da Deltur vir a suceder Luciano Bispo em 2012(ver aqui): Nunca mais direi que é impossível piorar, porque, é sim, possível. E vai piorar!
Hehehehehe. Calma, isso é só humor negro deslocado do dia tradicional das sextas-feiras para uma terça, véspera de São João.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sim, e não.

“De qualquer modo, já que a previsão existe, em abstrato, fatalmente ocupará as fantasias dos conspiradores de sempre. Sobretudo se o governo falhar; se não falhar procurar-se-á fazer-lhe com que falhe, até pelo prazer de confirmar a profecia”.
FAORO, Raymundo in A semana final.
IstoÉ nº 1.212 de 23/12/1992, p.21.



Segundo o deputado federal José Carlos Machado, o governo Deda não tem projetos para Sergipe (mais aqui). A menos que apareça agora, depois de dois anos e meio, Machado está certíssimo. Espera-se de um governo “revolucionário”, “de virada”, de mudanças, que venha a ter seríssimos problemas para executar as reformas e mudanças necessárias a um novo tempo; já que revolucionárias; portanto, que tenha esses projetos e tente executa-los, ao menos.
Ainda segundo Machado, este é um governo lento. Aqui vimos fazer uma observação: o governo não é, propriamente lento; ele está lento pelas dificuldades naturais, mas também pela enormidade de entraves judiciais interpostos pela direitona sergipana, onde a Justiça de Sergipe tem origem, já que é lá onde foram parar dez em cada dez herdeiros de massa falida dos senhorios de engenho e criadores de gado. Para desbloquear esses trabalhos e dar celeridade ao governo seria preciso que o mesmo também tivesse um Batalhão de Engenharia como tem a União.
Estamos vivendo sob o reinado da neo-UDN (DEM-PSDB) ao melhor estilo golpista da Era Vargas. Em Sergipe não é diferente. Naqueles tempos só se construía na moita; para a oposição não ver antes da hora, e através de seus sócios na Justiça, bloquear. Ora não é diferente.
Nossos senhores feudais farão de tudo, somente pelo prazer, para mostrar “quem é que manda.” Até para confirmar profecias, como bem observou o grande Faoro.