quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A amizade sincera.

Há algum tempo atrás, Mino Carta, num desses momentos em que titãs como ele resolve massagear o ego de insignificantes como este meio escriba aqui, ao comentar meu comentário sobre um seu artigo (Uma advertência de sucesso, 28/06/2007 21:30h) e, num ato de pós-edição, junta-lo ao comentário gerador do fato, com propriedade lembrou-me dos alertas do grande Raymundo Faoro em relação ao perigo da ironia. Repliquei o dito re-comentário agradecido, inclusive pela lembrança do alerta de Faoro, uma das minhas leituras favoritas na ex-IstoÉ (que virou IstoFoi).
Mas tudo isso aqui é para falar sobre ironias e mostrar o quanto são sinceras as declarações lidas por mim há alguns dias atrás quando o jornalista Marcos Aurélio, ex-Secretário de Comunicação (ou Assessor, não sei) da Prefeitura Municipal, resolveu declarar a amizade fraterna entre ele próprio e Jâmisson Machado, administrador do Itnet.
Até no modus operandi os dois se parecem.
Aos fatos.
Em 2004 empreendi uma cruzada de divulgação de fatos históricos sobre nosso município usando como “gancho” um panfleto eleitoral. Pois bem. Para minha surpresa, “meu amigo” Jâmisson, logo depois ao me encontrar saudou-me efusivamente pelo trabalho... Senti-me quase viscoso de tanto elogio. Mas, mais surpreso ainda fiquei quando uns poucos dias depois, todo o meu trabalho apareceu na íntegra num sub-portal do Itnet... Sem autoria alguma. “Me arretei” e resolvi bronquear. Não sou dono de nada e tudo que faço é visando a publicação. Não negocio com informações. Não sou foca do jornalismo muito menos informante de máfias. Mas dessa vez eu “me invoquei”. Jâmisson corrigiu. Pegou o nome de uma empresa de publicidade que tenho e colocou lá como autora do trabalho. Quem fez o trabalho, na ótica dele, foi a empresa... essas coisas desta era cibernética: “não sois homem; máquina é o que sois”, numa reversão completa da bela mensagem de Carlitos, o eterno e adorável vagabundo.
Bem, eis que chegamos ao amigo de Jâmisson, o jornalista Marcos Aurélio que “recebeu de um leitor” (26/12) uma crônica sobre Chico de Miguel, cuja “crônica” aparece logo acima da sua (link para o blog nabocadopovo), no fronstspício (ops, home page) do mesmo portal em que ele publica suas mensagens. Isso depois de ter sido lida em pelo menos uma emissora (a Rádio Capital do Agreste, por Aninha Mendonça), ter sido publicada originariamente no portal itabaianase.com.br (24/12/07 às 08:08 h), y otras cositas más.
Conclusão: se o modus operandi de Jâmisson – de se apropriar do conteúdo produzido por terceiros em seu próprio nome – foi copiado por Marcos Aurélio, está confirmada a verdade da amizade entre os dois.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Salário de marajá

Completou 60 anos no último domingo a publicação da Lei Municipal nº 06 de 23 de Dezembro de 1947, onde os subsídios do prefeito subiram para R$ 14.196,17 em valores atuais (Cr$ 14.400,00 da época), com Verba de Representação de R$ 3.549,04 (Cr$ 3.600,00).
O único secretário da época passou a ganhar R$ 9.464,11 (Cr$ 9.600,00). É de encher os olhos até hoje, não?
Calma. Esses valores se referiam a todo o ganho de um ano. Logo, o salário mensal do prefeito era de R$ 1.183,01 com Representação de R$ 295,75 formavam um total de R$ 1.478,76.
E o salário mensal do secretário ficava em apenas R$ 788,67.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Multidão acompanha o féretro de Chico

Uma multidão de partidários, amigos, familiares e curiosos concorreu ao adeus ao ex-deputado Francisco Teles de Mendonça, o Chico de Miguel nesta segunda-feira, 23, véspera de Natal, com desfecho no Cemitério de Santo Antonio e Almas da Itabaiana. Presentes várias autoridades, dentre elas o governador Marcelo Déda Chagas, amigos e aliados políticos novos e antigos, como o ex-deputado (e ex-governador do extinto território do Amapá) Gilton Garcia.
O evento derradeiro deu-se às 17 horas como previamente marcado. Sem arroubos de comoção, todavia, o sentimento de orfandade estava no ar. Ficaram órfãos os que tanto e por tanto tempo seguiram a Chico; mas, mais ainda ficaram órfãos seus adversários viscerais que perderam o foco com a morte do velho líder.

Morre o mais longevo líder da história itabaianense.


Alguns, inclusive esse meio escriba aqui, apostavam que o velho Chico iria enganar a morte mais uma vez como tem feito desde que a uns oito anos passou a freqüentar cada vez mais os consultórios médicos e até hospitais. Não deu. Faleceu ontem, 23 de dezembro do ano de 2008(*) Francisco Teles de Mendonça, popularmente Chico de Miguel de Carrola como conhecido na sua Várzea do Gama natal. Completa o ciclo de vida como o mais longevo e bem sucedido líder político da história da velha Itabaiana: 44 anos de vida pública, dois mandatos próprios de deputado estadual; três também de estadual de seu filho José Teles e dois de sua filha Maria Mendonça; mais três de deputado federal do mesmo Jose Teles, um de prefeito de cada um dos seus filhos Antonio Teles e da atual prefeita Maria Mendonça, além de ter eleito José Filadelfo Araújo, Antonio José da Cruz e João Germano da Trindade como prefeitos de Itabaiana. Depois dele, o que mais tempo ficou no poder foi o coronel Sebrão, de 1896 a 1927; Manoel Francisco Teles, de 1941 a 1967, 26 anos; José Matheus da Graça Leite Sampaio, líder da Independência de Sergipe que ficou desde 13 de agosto de 1805, quando foi nomeado Capitão das Ordenanças da Itabaiana, até sua morte em 1829, 24 anos; Luciano Bispo de Lima, de 1989 até o presente, 18 anos; e Euclides Paes Mendonça 13 anos. Além desses também fez liderança em Itabaiana o lagartense Manuel Baptista Itajay, entre 1890 e 1916, por vinte e seis anos, portanto.
Com uma vida pública atribulada desde seu início, Chico teve de enfrentar as carências pessoais de conhecimento; as desconfianças dos liderados e até a falta de respeito por parte de alguns correligionários que se achavam mais aptos a assumir a liderança deixada por Euclides Paes Mendonça, para lidar com a maior agremiação política de então e que não arrefeceu mesmo com a perda do controle do Município em 1988.
Tão logo assumiu o primeiro mandato em 1967 se viu no epicentro do turbilhão da morte do ex-deputado Manoel Teles e não raras vezes teve que vencer os ardis de adversários e até de partidários de olho no comando do bolo. Todavia, sempre houve em Chico algo que faltou aos seus adversários e até aliados: nunca perdeu o jeitão de povo. A prova mais cabal de sua resistência política ser isso é que somente um outro líder também com cheiro de povo conseguiu retirar-lhe a prefeitura das mãos em 1988.
Não cabe aqui tecer maiores comentários sobre o comportamento do grande líder – a história já foi escrita – e sim solidarizar-se com seus familiares e partidários que perdem um pai. Sim, Chico foi o político que mais encarnou a figura do político-pai em Itabaiana; do coronel político – figura mítica da política brasileira de quem tanto se fala mal, de forma leviana, sem que se pesem os prós e contras. O maior aspecto de que Chico encarnou essa figura mítica é que, além da tradicional política de clãs aqui exercida – por todos, políticos e sociedade - foi ele o primeiro político na história de Itabaiana que deixa sucessores na mesma política. Como tal, deixa também toda uma cultura que vai desde as anedotas, aos atos de bravura e defesa dos mais fracos e oprimidos a até a opressão de outros. Enfim, um homem do seu tempo e do seu meio.
Abre-se neste momento um perigoso vácuo que, mesmo não tendo a dramaticidade de 1963, vai mexer com o equilíbrio de forças dentro da sociedade itabaianense.

Mesmo um pouco afastado das pelejas políticas Chico continuava a ser o cimento necessário à coesão de seu bloco.
Resquiet in pace!
Correção:
(*)Onde lê-se "23 de dezembro do ano de 2008" Leia-se 23 de dezembro do ano de 2007. Desculpas pelo lapso.