sábado, 12 de março de 2022

SINAL dos TEMPOS

 

 Será lançado nessa terça-feira, dia 15 mais um Guia do Comércio de Itabaiana, já em nova denominação Guia Play, publicação anual que começou com a Editora Perfil e já vai por mais de seis edições sob a batuta do radialista, publicitário e publisher Edson Martins de Jesus.
O evento ocorrerá na sede da ACESE – Associação Comercial e Empresarial de Sergipe, Itabaiana, às 19h30.
De utilidade ímpar, mesmo nos tempos dos “i-“ (i-food, i-pod, i-phone, etc., e etc.), o Guia não somente informa telefone e demais contatos comerciais, como registra anualmente as tendências de negócios no ambiente serrano, tornando-se também um importantíssimo registro histórico da nossa evolução comercial e de serviços.

Fim de era? 

Escrita cuneiforme em tabuetas de barro com 5000 mil anos de idade; escrita hieroglífica dos faraós, de 3500 anos; escrita do escriturário da capitania de Sergipe, em 25 de agosto de 1603, 419 anos completos, doando a sesmaria a Simão Dias, o mameluco (ou francês). E a tentativa de ler um arquivo que publiquei no Observatório da Imprensa em 07/10/2003.

A “bagaceira” que a digitalização e a interrede ou internet vem produzindo, disso todo mundo já está consciente. Tem filho tomando a benção dos pais, ambos à mesa do café, via redes sociais; pelo celular.
Até os meios ultra-atrativos da TV e outros de duas décadas atrás foram suplantados pelas telas, especialmente dos “smart phones”.
E a imprensa, literalmente impressa está a morrer.
Meses atrás recebi um pedido de colaboração intelectual e ao mesmo tempo o comunicado do amigo publicador (ou Publisher, se assim preferes) Edson Martins, sobre o tradicional Guia do Comércio de Itabaiana, publicado por ele. Disse-me o Edson e a sua esposa, minha confreira na Academia Itabaianense de Letras, professora Inês Rezende que essa edição que será lançada nesse 15 de março será a última impressa.
A proliferação de meios e as facilidades, assim como a rapidez com que as informações atualmente se movem são espantosas. E perigosas.
A inteligência é tridimensional; é imprescindível pontos de referências de onde nos referimos a tudo. A falta destes pontos de referências ou o seu relativismo absoluto está nos deixando tonto. E há um preço muito alto a pagar por tudo isso mais à frente.
A morte de mais um impresso referencial é lamentável.



sexta-feira, 11 de março de 2022

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?

 “A gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte. (...) A gente não quer só dinheiro; A gente quer inteiro e não pela metade”. (Comida, Titãs)


Hoje pela manhã participei de mais uma solenidade de posse de mais uma formação do CAL-Centro Acadêmico de Letras do Colégio O Saber.
Convenhamos, algo inusitado. Numa educação onde a única prioridade é enfiar conhecimentos robotizados na cabeça da garotada, visando “o sucesso” concurseiro tão em moda no país, no caso, os vestibulares; e ainda mais numa unidade privada de ensino é realmente, como disse, atitudes inusitadas. Porém, cabeças mais arejadas como a dos diretores da escola, Everton e Lourdinha; do quadro de mestres envolvidos e especialmente de uma inquieta e produtiva mente como a do poeta e professor Emerson Maciel dos Santos trouxe há quase seis anos, no início de 2017 a ideia de não somente perseguir excelentes níveis de aprendizado, notas e sucessos em vestibulares; ir além. Cultivar os espíritos. Fazer desse juvenil e fertilíssimo terreno cidadãos e cidadãs completos. Aquilo de que a escola jamais deveria se ter afastado. Aprender com arte a arte de eternamente aprender; de ter prazer em aprender.
O CAL tem formação inspirada na Academia Itabaianense de Letras, com trinta membros, diretoria completa, cada membro representando um acadêmico-fundador da sobredita Academia; e já lançou duas antologias literárias e tem uma terceira no forno, há muito ansiada, porém prejudicada por estes tempos pandêmicos, uma vez que deveria ter sido publicada no ano passado.
Fato alvissareiro, soube hoje, é que a nova Academia, fundada na cidade de Areia Branca tem em seus quadros uma ex-aluna e ex-acadêmica do CAL.
As academias locais são cidadelas de defesa da língua e da cultura local. Num mundo tão globalizado como o que ora chegamos, tudo tão célere, tão volumoso que beira a poluição informativa, se faz extremamente necessário que se desenvolva mecanismos de resistência à aculturação universal, de gosto questionável na sua esmagadora maioria. E aproveitemos as brechas do sistema para também acessar esse mesmo.
Meus parabéns aos 30 garotos e garotas que tocarão esse projeto pelos próximos dois anos ou enquanto no Colégio estudarem:
Rayssa Vitória Rocha Santos
Maria Luíza Ribeiro do Nascimento
Ana Luiza do Nascimento dos Santos
Shayanne Santanna de Oliveira
Paulo Gabriel Santos Vasconcelos
Larah Mellyssa dos Santos Noronha
Mirelly Costa dos Santos Almeida
Alicia Jainny Lima Santos
Heloisa da Silva Andrade
Ricardo Luiz dos Santos Vasconcelos
Letícia dos Santos Tavares
Camila Farias Fonseca
Estela Mary Sampaio de Menezes
Anny Karolayne Santos de Jesus
Maria Eloíza Cunha de Lima
Sofia de Gois Santos Batista
Helberty Henrique Santos Souza
Filipe Gabriel de Jesus Oliveira
Rebeca Victória Menezes Feitosa de Jesus
Maria Luiza Nascimento Santana
lara Silva Santos
Guilherme de Jesus Lima
Júlio Henrique Meneses da Silva
Levi Gabriel Oliveira Sousa
Arianny Santos Oliveira
Gabriel Ribeiro Santana
Maria Nayara Lima da Silva
Anthony Gabriel de Oliveira Freitas
Camilly Santos Cardoso
Ana Clara Rocha Reis.


Parabéns aos diretores e todos os envolvidos nessa arte de ensinar com prazer.


RESILIÊNCIA

 

 

Foram duas semanas de monitoramento: e todos os dias uma solitária flor lá estava lá em uma touceira com uns cem ramos, crescendo numa pequena fenda da calçada vizinha a mim. Os donos da casa, obviamente que como eu não considerou a touceira de beldroega como mato,  a deixou prosperar.
Mas eis que passou um senhor, proprietário de um animal de carga e vendo a suculenta forragem – em princípio é para isso que se destina a beldroega – resolveu pedir e lavar para reforçar o cardápio do seu burro ou cavalo, deixando apenas um ramo de resto.
O pé de beldroega resolveu radicalizar: além de brotar mais cinco ramos, todos eles com belíssimas flores. Sensibiliza até coração de pedra.
Lembro que quando foi prefeito de Brasília, a capital do país, Joaquim Roriz deu uma explicação mais que plausível para encher os largos canteiros da cidade visão de São João Bosco: as pessoas pisam na grama; mas nunca nas flores.
E continua o espetáculo de que compartilho todas as manhãs.

quinta-feira, 10 de março de 2022

DE IGREJAS, HISTÓRIA E MEMÓRIAS.

Sempre que revejo as magníficas pinturas de Frans Janszoon Post, pintor holandês do governo Maurício de Nassau, mais eu me maravilho. 

E me vejo dentro delas, inclusive da nossa hoje Igreja Velha.

quarta-feira, 9 de março de 2022

VEXAMES DA TECNOLOGIA.

 

Diversos momentos da telefonia: à esquerda, aparelho rústico, dos primeiros modelos; seguido do moderníssimo a manivela(preto); outro ainda mais moderno com discador numérico, já dos tempos das DDIs e DDIs; à direita o mais moderno fixo, seguido dos celulares analógica e um modelo atual, "smart", como tela de toque.
Na foto maior, o então governador do Estado de Sergipe, José Rollemberg Leite, ladeado pelo então jovem prefeito Antônio Teles de Mendonça e do presidente da Telergipe, inaugurando da Prefeitura Municipal de Itabaiana o sistema de universalização de telefone (fixo) em Itabaiana, em 13 de junho de 1978. (Foto, cortesia do ex-prefeito Antônio Teles)

Dando boas gargalhadas com uma colega que acabou de me fazer uma chamada de vídeo via celular. Involuntariamente.
Chamou, de imediato desligou; e passou-me mensagem de esclarecimento. Aproveitei e a acusei de invejosa, já que sou vezeiro em perturbar os meus contatos telefônicos com chamadas involuntárias, e não é de hoje.
Ao menos uma vez em média a cada semana tenho que me desculpar com alguém por fazer-lhe chamada “dedo tropo”; aquelas que você nem nota, mas tacou o dedão na tela do celular e o danado já disparou a chamada.
Quando o telefone era de manivela, e intermediado pela mesa telefônica nas centrais jamais se passaria por esse vexame; mas isso acabou completamente ainda nos anos 60. Aí veio o aparelho com o discador, DDD (discagem direta à distância) e DDI, internacional. Foram 30 anos de tranquilidade, excetuando-se os troteiros que sempre existiram. Em meados dos anos 90, a novidade: telefonia celular. A chance de falar sem os indefectíveis fios, de qualquer lugar, desde que tivesse antena geral de emissão/recepção do sinal.
Dez anos depois começa a virar febre a tecnologia digital. Muito mais refinada, mais expandida; contudo ainda com recursos de discagem via teclado, número a número. Todavia, já trazia a memorialização de números, tornando-os mais fáceis numa rechamada, e me induzindo em 2010 ao primeiro vexame: acordar um amigo as duas e meia da madrugada, certamente assustado com tal inusitada chamada a uma hora daquelas.
Entrando no emprego às sete precisava acordar às seis, o mais tardar, para dar tempo à correria. Dormia sempre depois da vinte e três, quase sempre próximo de uma da manhã, tendo que acordar debaixo de grito. Ou melhor, de alarme do celular; que dormia com o mesmo debaixo do travesseiro, bastante audível, mas suficientemente próximo para ser desligado antes que acordasse a casa inteira.
De março de 2010 a novembro de 2011 editei o jornal mensal Carta Serrana, aqui de Itabaiana, naturalmente mantendo com os diretores o diálogo mais franco e próximo possível. E eis que numa madrugada eu acordo com alguém me perguntando no celular “o que foi”. Meio atordoado, mas consegui de imediato identificar o que estava ocorrendo. Dei minhas desculpas, explicando-lhe o que provavelmente ocorrera; demos boas e contidas gargalhadas – afinal eram duas e meia da manhã – desligamos; e mudei o celular de lugar nunca mais ligando involuntariamente para assustar quem quer que seja. Havia de algum modo pressionado as teclas de aparelho que chamou o respectivo número.
O meu celular de teclas foi um dos últimos não especiais – que ainda existem – no mercado. Logo se tornaria comum a tela à base de toque. E, para mim ainda convalescente de AVC, justo que me afetou o lado destro, aqui e acolá estou digitando o que não quero e também sou ajudado pelo puxa saco do corretor automático (todo puxa saco me deve um conto!). E, quanto às chamadas, de áudio ou de vídeo... ih! Já perdi as contas.
São as falhas do excesso de tecnologia.

segunda-feira, 7 de março de 2022

LEMBRANÇAS. DE ONTEM, DE HOJE, DE SEMPRE

 

Acima: cenários de hoje à tardinha; Embaixo: Primeira turma do Ginasial (atuais 5ª a 8º série. Início dos anos 1950)
 
Estacionado ao lado do velho bar, outrora do saudoso Emeliano Matos, enquanto esperava minha acompanhante e portadora retornar com a sacola de bolachões de João Patola, veio-me um passeio pelos próprios neurônios ao me deleitar com um espetáculo que se tem repetido pelos últimos 72 anos: a concentração de jovens estudantes no portão principal do Colégio Estadual Murilo Braga.
A marca oficial dos bolachões de João Patola é Bola de Ouro. Que ninguém assim a ele se refere. Também tradicionalmente assim reconhecido nos últimos 45 anos. Porém, bem mais longeva é a espetacular concentração supracitada. Gerações e gerações. Começou com a de Zé Queiroz e Paulinho de Doci (José Queiroz da Costa e José Paulo de Oliveira), entre outros e já está a nível da galerinha bisneta daquela geração de lutadores, vista em parte aqui.
Mudanças ocorreram. Saíram as pesadas fardas cáqui masculinas e as graciosas saias azuis pinçadas com blusas brancas das garotas, substituídas pelo uniforme padrão dos dias atuais. Até mudança no perfil da clientela, hoje bem reduzida e basicamente do alunato da zona rural, graças ao transporte gratuito. Foi os ônibus passando e eu observando-lhes os destinos: Gameleira, Matapoan... ou Macela(*), Várzea do Gama... praticamente tdos os povoado do município; algo com que a minha geração rural de murilistas só poderiam ter em sonho.
Cenário gratificante.

(*)Corrigido por sugestão do professor Jorge Passos.
É que o topônimo é MACELA, nome da plantinha, outrora muito presente em torno do riacho de onde vem o nome do bairro e povoado anexo; e não MARCELA, originário do latim martius, marte, deus da guerra e nome de planeta, e de cuja raiz vem Márcio, Marcelo e Martim, além de março, nome de mês.
Minhas escusas.

domingo, 6 de março de 2022

SINA DE ESTRADAR

 

Vai olhando coisa a granel
Coisas que, pra poder ver
O cristão tem que andar a pé
(Teixeira- Gonzaga in Estrada de Canindé)

 

O Caminho de Santiago ou Via-Láctea

Lá se vão mais de cinco décadas que eu, molecote de oito a onze anos, nas noites escuras com céu límpido, deitava-me sobre a relva de frente à minha casa, no sítio, já noite adentro e ficava em silêncio, papo pra cima a perscrutar a abóbada celeste e seu manto infindo de estrelas de todos os tipos, brilhos e tamanhos. As Sete Estrelas e as Três Marias, além do Cruzeiro do Sul, eram as que mais me chamavam a atenção entre as constelações, mas tinha também o Rosário de Santo Apolônia e outros elementos com o Pote do Inverno que me prendiam. Este, o Pote, por motivos óbvios: repassados por pai desde gerações muito antigas, sua forma significaria bons ou maus invernos. Se na arrogância tecnológica dos dias atuais, o inverno e sua intensidade pouco importam, mas continua vital – ninguém vive sem comer – e, naquela época e no meio rural era a principal preocupação da sociedade responsável por alimentar bocas.
E aí vinha o espetáculo principal: o Caminho de Santiago, a Via-Láctea dos astrônomos. Era como uma cidade longínqua, em que, além de se ter os bicos de luz potentes – a estrelas – tem também os “salões” ou espaços onde há tanta luz que o céu noturno fica branco como leite; daí o nome Via-Láctea ou Caminho de Leite.
Hoje a poluição luminosa não nos deixa mais ver o esplendor noturno do céu e a nossa Via-Láctea, já que segundo a astronomia, nossa pequena bola azul, solta no espaço e pertencente ao Sistema Solar também à ela pertence.
Também hoje não ouço ninguém mais a falar em Caminho de Santiago, denominação provavelmente trazida pelos sefarditas que aportaram a esta terra em fins do século XVI, em repetição, possivelmente ao já tradicional Caminho de Santiago de Compostela, na Galícia, berço de Portugal, mas atual província espanhola.

Mas o turismo tradicional não explodiu. Entretanto, o velho turismo espiritual, onde para absorver as belezas “o cristão tem de andar a pé” – a peregrinação vem ganhando cada vez mais força.

O peregrino, saudando aos caminhantes ao saírem

 

 Corte rápido, Santiago de Compostela lá está desde a baixa Idade Média, a receber peregrinos, em maior ou menor intensidade, porém, a modernização e enriquecimento espanhol do último meio século tornou o que era hábito de poucos uma febre a quase todos os buscadores de paz interior pelo autoconhecimento via relaxamento espiritual. E não há forma mais fácil, sutil, prazerosa e eficiente que realizar isso em médias e longas caminhadas.
Porém a peregrinação se expandiu. Saiu dos centros tradicionais – que se mantém – mas já chega a santuários, antes menores e não para de crescer.
Na década de 1990, com o fim do comunismo soviético e ao mesmo tempo o advento dos robôs e melhoria do maquinário produtivo em geral, achou-se que a primeira década deste século XXI seria de puro lazer. Enormes investimentos foram feitos mundo afora em transportes, hotelaria, infraestrutura, enfim. Mas o turismo tradicional não explodiu. Entretanto, o velho turismo espiritual, onde para absorver as belezas “o cristão tem de andar a pé” – a peregrinação vem ganhando cada vez mais força. Agora, tudo pronto para assim que as condições sanitárias se mostrarem favoráveis, a Associação Sergipana de Peregrinos começar a operar um segundo milagre: O CAMINHO DE SANTA DULCE DOS POBRES.

Agora, tudo pronto para assim que as condições sanitárias se mostrarem favoráveis, a Associação Sergipana de Peregrinos começar a operar um segundo milagre: O CAMINHO DE SANTA DULCE DOS POBRES.

Sergipe, e Itabaiana e São Cristóvão em particular foram abençoados por Deus, pode-se assim dizer.
São Cristóvão, quarta cidade e vigésimo município mais antigo do Brasil, planejado pelo império de Felipe II d’Espanha, mais finalmente executado por Portugal, na reconstrução pós-invasão holandesa foi onde “nasceu” Santa Dulce, assim renomeada a noviça Maria Rita, natural de Salvador. Aqui ela fez seus votos como Dulce. E caminhou, sem a intenção de o ser, à santidade.
Itabaiana, a mítica terra da prata e do ouro, primeiro curral de abastecimento em larga escala na história do Brasil, no século XVII foi a terra onde se realizou o primeiro milagre de Santa Dulce.
São Cristóvão e Itabaiana foram pontos referenciais nas longas estradas reais que ligavam Salvador a Olinda. O “Caminho do Mar”, por São Cristóvão, Riachuelo, Divina Pastora, Japoatã e Brejo Grande; e o “Caminho do Sertão do Meio”, por Itabaiana foi trilhado por caminhantes, especialmente jesuítas e membros das outras ordens, em suas longas jornadas a pés cerca de dois séculos, o segundo; e três, o primeiro.
Agora, tudo pronto para assim que as condições sanitárias se mostrarem favoráveis, a Associação Sergipana de Peregrinos começar a operar um segundo milagre: O CAMINHO DE SANTA DULCE DOS POBRES.
Dividido em etapas, o Caminho fará basicamente o trajeto da estrada real CAMINHO DO MAR, a partir de Aracaju até Salvador. E, de Itabaiana a Aracaju, começa na esquina da Maternidade São José – local do primeiro milagre de Santa Dulce – segue pela estrada da cidade ao povoado Serra, aí entrando nos domínios do Parque Nacional da Serra de Itabaiana. Dentro do Parque atinge o Parque dos Falcões e daí até o Portal do sobredito Parque Nacional, popularmente, entrada para o Poço das Moças. Mais uma etapa até o Ecoparque Boa Luz e sua estrutura. Outra até a colina do Bairro Santo Antônio (onde institucionalmente Sergipe nasceu) e sua capela; e a matriz da paróquia Santa Dulce dos Pobres, na Praia de Aruana, sul da capital sergipana.
As belezas cênicas são incomparáveis. A estrutura física de apoio, visual e o patrimônio imaterial, também. De tirar o fôlego d”o cristão que andar a pé”.
No trecho Itabaiana-Aracaju são 61 km de pura magia, sem pressa, saboreando, desde os riachos de água límpida ao cheiro vegetal dos trechos de cerrados e mata atlântica do Parque, ao cheio doce dos canaviais do velho Vale do Cotinguiba.

Não faltarão lendas e referenciais históricos, folclóricos.

O Caminho, logo ao sair da cidade (Cortesia: Eduardo Andrade)

Em Itabaiana, antes da saída, tem-se a opção de viver o nascer do Ciclo do Gado na História do Brasil, ao visitar as ruínas da Igreja Velha; a velha, apesar de modificada Matriz de Santo Antônio e Almas, e em frete a essa, visitar o Santo Antônio Fujão e se deliciar com a lenda. Também aí, o mundo lúdico do jovem professor de latim, Tobias Barreto de Meneses, seja onde residiu, seja na Praça Fausto Cardoso, ao pé da sua estátua em frente à Filarmônica Nossa Senhora da Conceição onde tocou. Ainda na Praça iniciar a visita à Feira Livre pela história da sua criação a partir das enormes feiras de algodão da década de 1860, antes de na própria Feira penetrar por uma das vias de acesso.
Ao sair da Feira em direção ao ponto de saída – Na Maternidade São José – uma pausazinha na encruzilhada das duas estradas reais seiscentistas – a dos sertões do Jeremoabo, e o “Caminho do Sertão do Meio”: o canto nordeste do Praça João Pessoa, no quiosque e Praça de Táxi.
Na rótula do loteamento Villa-Lobos, uma pausa para registro espetacular: peregrino, totem “Eu Amo Itabaiana” tendo a serra grande por fundo. Dois quilômetros e oitocentos metros adiante, na terceira encruzilhada, um encontro repetido com o “Caminho do Sertão do Meio”, antes da fundação da povoação de Itabaiana e no tempo dos holandeses. Também da lenda dos matapoanes, atribuída aos índios boymé, já que próximo ao povoado Boimé. Mais mil e seiscentos metros e para quem albergou-se no Irmão Sol, Irmã Lua, será hora de limpar as gavetas para a grande jornada, primeiro ao Parque dos Falcões, a seguir revivendo um pouco a saga de Melchior Dias Moreia, o Parque Nacional e pé na estrada.

Loteamento e condomínio Villa-Lobos (Cortesia Juarez Ferreira de Góis)