sábado, 29 de março de 2014

Tonho Oliveira, o comunista romântico.

Hoje pela noite, tivemos a recepção ao acadêmico José Luciano Góes Oliveira na Academia Itabaianense de Letras. Discursos afinados, tanto o do apresentador, Vladimir Souza Carvalho, quanto o do próprio. Este discorreu sobre toda a História recente de Itabaiana, vivida por ele, numa forma brilhante de contextualizar o mundo herdado dos tempos do patrono de sua cadeira, Jose Ademar de Carvalho. Nestas idas e vindas, com perfeita maestria, o confrade tocou numa figura mais que grata de Itabaiana, a qual eu tive o prazer de conhecer: Tonho de Doce, ou, Tonho Oliveira, filho de Zezé da Requinta e D. Doce, que tem ainda o Paulinho de quem também tenho a satisfação de compartilhar sua simpatia e grande amizade.
Terça-feira, e não na segunda, dia 31, como tem insistido os envolvidos “culpados” da ditadura que por 21 anos envergonhou o país (os demais, os que lucraram alto, simplesmente buscam sonegar que participaram), completa meio século de um triste capítulo de nossa história. Não tolerando mais perder eleições por absoluta incompetência eleitoral, a direita - os que perdiam desde 1932 - trabalhou e conseguiu impor ao país a sua democracia sem povo. Um dos motes preferidos foi o fantasma do comunismo. Quando se analisa à luz da razão, senão estúpidos, foram de uma maldade ímpar, os que usaram desse artifício pra mergulhar o país num regime onde não tardou partir pra torturar e matar indiscriminadamente. 
Em mais um brilhante artigo, o médico José Marcondes teceu ontem no grupo Itabaiana Grande do Facebook (aqui, para quem tem Facebook) sobre suas viagens ao mundo dos selos e estampas outras, inclusive dos países da Cortina de Ferro, o que deu em dores de cabeça para Seu Afonso, pai do então garoto Cleidnadjo Araújo, nosso Dadá, e um dos seus vários colegas nas aventuras filateliais. De fato, eram assim, em sua esmagadora maioria, os comunistas, não somente de Itabaiana, mas de Sergipe, e do Brasil. Ao falar hoje à noite sobre a militância comunista de Tonho de Doce, Luciano Oliveira não esquece que Tonho era admirador, acima de tudo, da civilidade que o socialismo transparecia. Culto, estudioso e inteligente fazia questão de sair do trivial e ir buscar na literatura socialista as respostas pra muita coisa. Todavia, era comerciante, católico fervoroso, razoavelmente conservador no que toca à família, à propriedade e ao Estado, e, mesmo depois de preso arbitrariamente como o foi em 1964, em seguida à sua liberação mudou-se para Aracaju onde, além de se manter no comércio, “se envolveu com a nobreza”: sua loja de bicicletas ali fundada tinha o nome de fantasia de “O Rei das bicicletas”. Este é o verdadeiro perfil, em geral, do temível revolucionário comunista alardeado pelos perdedores de eleições pra tomarem o poder no tapetão.