terça-feira, 19 de março de 2013

Cultura de roubo.


Eu estou assustado com a naturalidade que cada dia mais percebo nas pessoas ao tratar do assunto “roubo”. Parece uma coisa não somente comum; mas natural. No domingo à noite, cheguei à minha janela que dá pro lado da rua e presenciei um papo entre jovens que me deixou mais preocupado do que o habitual. Tratava-se de cinco garotos onde o mais velho deve ter seus dezesseis anos. Inicialmente, nada de novo; mas a minha insistência em tentar entender seu mundo, mesmo a certa distância também me levou a ouvir as lamúrias de dois deles que dirigiam suas motonetas e as mesmas não davam partida. Um terceiro deles, o mais velho e sozinho em sua motoneta se aproximou e começou a dar dicas de como fazer para as motonetas – acho que Shinerays – pegarem. Até aí tudo bem: papo de adolescente e pré-adolescente. Mas quase não acredito quando um dos mais novos dentre eles fez a pergunta: “Essas duas aí são as roubadas, é?” Como os três que pilotavam estavam por demais entretidos, a pergunta foi refeita: “Essas são as roubadas, né?” Ao que assentiram dois deles. Numa naturalidade, em pleno meio da rua, por volta das dez da noite, logo com muita gente acordada e possivelmente ouvindo, como eu ouvi, e onde os únicos complicadores para serem identificados era que todos usavam bonés, o que pra mim no primeiro andar era bem mais difícil ver-lhes; e principalmente estarem a uns vinte metros da lâmpada local e, claro, já ser... mais de vinte e duas horas. Depois disso, saíram empurrando calmamente “suas” motonetas e conversando... sem o menor sentimento de culpa ou medo; aliás, percebia-se, de vantagem, frustrada, talvez pelas motonetas possuírem algum mecanismo de trava, não sei. Hoje vejo notas de que Polícia e SMTT andaram... mais uma vez (isso se tornou rotina) fazendo uma pequena limpeza nas motos “irregulares”.
É horripilante esse estado de primitivismo a que chegamos. Justo porque parece que ninguém mais se importa.
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