quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Efeitos borboleta. Ou, o acaso não existe.


Um jovem repórter necessita de suporte: orientação, conselhos e financiamento aos primeiros voos no rádio que, no devido uso dos talentos pessoais os levem até a glória, inclusive de ser uma força política dentro do seu estado: fala com o Brasil.
Um jovem empresário tem uma ideia: fundar um grupo de comerciantes na cidade, baseado em experiências de recente passado; com ele uma cooperativa de compras, e com isso fazer frente à naturalmente predatória concorrência que desponta nesta dinâmica década de 1990 com a vigorosa modernização dos shoppings centers na capital. Não consegue fundar a cooperativa; mas em lugar traz o Clube, hoje Câmara de Diretores Lojistas, a CDL. O Brasil estava lá.
Um jovem, querendo promover seu negócio atrai outro jovem; este, artista de mão cheia das artes gráficas começa timidamente e timidamente continua até que, ao cabo de um ano, desanimado com a falta de progresso de sua revista na base que escolheu e onde apostou todas as fichas, está prestes a fechar seu sonho de publisher e gráfico e partir pra outra. De repente, tudo muda, os sonhos voltam com força total, monta uma das mais modernas gráficas do estado, diversifica, deixa o negócio com os irmãos, e investe em algo impensável para Itabaiana, vinte, dez, cinco ou mesmo dois anos antes: uma Bienal do Livro, já na quinta edição e consolidada como o grande evento da indústria cultural no estado de Sergipe, sediada em Itabaiana, óbvio. Quem o cobrou a voltar a estrada e enfrentar? O Brasil.
Na última virada do século Itabaiana viveu uma espécie de puberdade; aquela coisa de, repentinamente irrompermos numa nova fase de vida sem a mínima noção do que fará dela; os medos, afoitezas, erros e mancadas uns por cima dos outros. Não foi exatamente uma fase de segurança, e, aos primeiros grandes erros sempre vieram as indagações, interiores ou não: e agora?
Porém eu voltarei dez anos antes e vou encontrar o escritório de uma marmoraria de um então recente amigo, um garotão simpático, comunicativo, apesar de contido, um pouco tímido, e lhe sentir certa empatia. O sujeito me pareceu inteligente e parece ter-se afeiçoado a mim, o motivo não sei dizer. Foi amizade à primeira vista.
Cinco anos depois eis que vou encontrá-lo numa marmoraria própria, e enamorando-se de uma amiga, aplicada funcionária de uma ótica. Aqui começa pra valer uma saga que levou o sítio urbano de Itabaiana a crescer 30 por cento em dez anos. Meus conhecimentos e traços rudimentares em arquitetura, completamente amadores aplicados à dita loja ótica chamaram a atenção do jovem empresário marmorista que, superestimulado pelo dono da mesma mergulhou prazerosamente num curso de Arquitetura e Urbanismo. A sopa que se seguiu levou-o a partir de 2006, em primeiro, surpreender-me com uma foto de satélite da área urbana, em alta definição; e a seguir embarcar no maior projeto urbanístico do interior do estado até então, que modificou todo o conceito urbanístico de Itabaiana.
E retomou a confiança da cidade.
Sintomaticamente, o primeiro investimento, bem mais tímido denominou-se Mandacaru, símbolo da resistência nordestina, mas, o segundo veio trazendo uma homenagem explicita à mente remotamente responsável por toda essa carga de estímulos: o nome Chiara Lubich, uma religiosa leiga, fundadora do Movimento dos Focolares, mundial, e suas várias oficinas, entre as quais a Economia de Comunhão, já chegou aqui, em 1978 pelo casal Altamiro Brasil e Joseiza, tão dinâmica quanto, que ao mesmo são ligados, antes mesmo de suas chegadas à Itabaiana, em fins dos anos 70 do século passado.
Então: qual o nome da borboleta que, ao bater asas provocou toda essa tsunami modernizadora?

Enfim, Francisco Altamiro Brasil.

Fui surpreendido no último fim de semana com a notícia de que, Francisco Altamiro Brasil presidirá a Câmara de Dirigentes Lojistas de Itabaiana que, ajudamos a nascer naquele 7 de outubro de 1989. Eu, como assessor; ele como empresário, sempre empreendedor futurista e estimulador de tudo quanto foi ideia boa nos últimos 40 anos. Não direi, “já era hora”, porque gente como Brasil passa a léguas de rótulos; logo, ser ou não ser presidente, pouco importa. O que vale é trabalhar. Produzir. Ser útil. Mas que é, digamos, justo que enfim ocupe o cargo máximo da instituição, disso que não haja dúvidas.
O credencia o eterno espírito de adolescente de que é portador; a experiência de, inclusive já ter ocupado um cargo público, titular no secretariado municipal, a participação em várias diretorias da própria CDL; a natureza humana, o alto nível de empatia, o pensar sempre à frente, como bem o demonstra os quatro exemplos com que iniciei essas mal traçadas linhas
Parabéns ao ex-presidente, Jâmisson Barbosa Ferreira, que ora deixa o cargo; aos demais que têm administrado essa que, tenho por ela um sentimento de pai por vê-la vir ao mundo e ter acompanhado seu desenvolvimento até o seu debut, aos 15 de idade, em 2004.
Que meu amigo Altamiro Brasil, companheiro de tantas jornadas nestas últimas quatro décadas faça uma boa administração.