domingo, 3 de fevereiro de 2013

Será praga do Sebrão-tio?




Causa certo desconforto na classe intelectual itabaianense um fato mais que notório: a falta de uma homenagem a Sebrão Sobrinho num dos inúmeros logradouros e prédios do Município. É que, indiscutivelmente o grande pesquisador e historiador itabaianense é um dos grandes historiadores de Sergipe, e o primeiro de Itabaiana, superando até mesmo seu predecessor Lima Júnior.
Mas, de fato, parece uma perseguição ao Sebrão Sobrinho. No início da década de 60, ao assumir a Prefeitura Municipal de Itabaiana durante a ausência de seu titular, então candidato à Câmara de Deputados, em Brasília, Francisco Antônio de Jesus, popularmente Chico Risada, planeou a área em torno das nascentes do córrego de Santa Cruz, que partia do tanque de mesmo nome, para dar uma feição menos caótica às proximidades do Colégio Estadual Murilo Braga e ao mesmo tempo reduzir a insalubridade vizinha ao então Hospital Regional e de Caridade, Dr. Rodrigues Dória, hoje garagem da Associação dos Estudantes Universitários. Como de praxe, no início dos 70, não se cuidou de definir em Lei como necessário; mas, de qualquer forma foi ali afixado a denominação de Praça Sebrão Sobrinho. A data de tal evento é incerta, mas, possivelmente veio depois do falecimento do grande historiador itabaianense em 1973. De fato, a instalação da Praça ficou nas expectativas. O Município nunca indenizou a área e os donos a retalharam depois em lotes. Acabou, portanto, a Praça Sebrão Sobrinho. Aquela que teria sido a Praça da Juventude itabaianense, já que vizinha ao então maior templo da juventude serrana: o Colégio Estadual Murilo Braga.

Em 1986 foi construído o grupo escolar do povoado Mundo Novo. Como sempre, sem uma Lei que o definisse como mandam as leis maiores, alguém foi lá e batizou o prédio com o nome do grande historiador. A denominação somente se tornou oficial quando a Câmara Municipal aprovou a Lei 1.033, de 20 de março de 2003, que organizou a bagunça nas denominações das escolas, por exigência do MEC (se não o fizessem, o dinheiro não vinha). Ocorre que no processo de encolhimento da população rural, o Mundo Novo ficou entre os casos mais graves de perda de população. Se em 1975 o povoado tinha 78 habitações com uma população presumida de em torno de 300 habitantes, em 2010 havia 12 pessoas residindo em duas casas habitadas das quatro ainda existentes. O Município fechou a escola no mesmo 2010 por questões operacionais. Apesar de atender a dois povoados, Dunga e Mundo Novo, a frequência foi de apenas 10 crianças naquele ano. Mais um logradouro com o nome de Sebrão Sobrinho se foi.
Por fim, em 26 de agosto de 2003, alguém resolveu trocar a tradicionalíssima denominação de São Luiz na pracinha da capela de mesmo nome, na localidade outrora Campo Grande e hoje, oficialmente, Bairro Rotary Club, e lá colocar o nome do historiador. A Lei continua valendo, mas jamais pegará por dois motivos: Itabaiana toda conhece, não somente a Praça, mas a região como “o São Luiz”; e a própria Praça, cujo terreno nunca pertenceu ao Município foi usada pelo verdadeiro dono, a Igreja Católica, para quase quintuplicar o tamanho da capela já ali existente acabando completamente com ela. Na prática, mais um logradouro com o nome de Sebrão Sobrinho que acabou.

Resta, pois, ao Sebrão Sobrinho, uma honraria criada pelo Município, que infelizmente já se mostra de aplicação duvidosa dado à politicagem que dela já fazem uso, qual seja, a Comenda Sebrão Sobrinho. E principalmente, algo que, falta de bom senso e excesso de esperteza nenhuma conseguirá apagar: a obra de Sebrão, que sobreviverá a todos os energúmenos que o tentarem depreciar.

Parece até praga do Sebrão-tio, o Coronel Sebrão, cujo denomina uma que foi a mais importante rua de Itabaiana por mais de um século, desde o fim do período colonial até a República Velha, e que ainda hoje conflita com o termo popular de Beco Novo, quase um século depois de denominada, Rua Coronel Sebrão.