sábado, 18 de outubro de 2025

350 anos: Igreja encerrará comemorações em grande estilo.

 

"Card" da Pascom da Paróquia de Santo Antônio e Almas, sobre excerto de mapa holandês de 1646, com localização da Igreja Velha e da fazenda de Simão Dias Francês. E outros.

Com uma carreata emblemática, a partir das ruínas da Igreja Velha, ao anoitecer do dia 27 deste outubro, às 18 horas, em procissão em direção à matriz de Santo Antônio e Almas, a paróquia dará início ao término do Ano Jubilar da mesma, que é também da fundação da cidade de Itabaiana, há 350 anos.

As ruínas da Igreja Velha é o mais antigo monumento do Ciclo do Gado no Brasil, com alguma coisa ainda de pé. Mais velha até que a Torre, ou Castelo de Tatuapara, só reconstruído em pedra e cal, no início do século XVIII.

Foi construída pela vaqueirama – os curraleiros – dos primórdios da pecuária em larga escala no Brasil, para ser o início da cidade. O não reconhecimento oficial retardou a chegada da Igreja Católica, e, em 1675, seguindo as expectativas geradas, com a chegada de D. Rodrigo de Castelo Branco e sua infausta busca por prata, foi criada a Paróquia de Santo Antônio e Almas, na Caatinga de Ayres da Rocha Peixoto, em 30 de outubro de 1675, depois do sítio passar pelas mãos do pároco de Sergipe – o de São Cristóvão, Sebastião Pedroso de Góis – e acabar como propriedade da Irmandade da Almas.

400 anos...
só olhando pela janela do tempo.

Esse costume, o de prover uma paróquia nova, com suporte financeiro e administrativo de uma irmandade, era típico nas comunidades, desde priscas eras na Europa, e foi transplantado para o continente americano.

A matriz de Santo Antônio, até o nascimento da feira livre, no início da década de 1860, foi o único motivo de associação da imensa população rural de Itabaiana à sua sede municipal, até 1888 chamada de vila. 185 anos sendo a única chama de civilização.

Na programação religiosa da última semana de outubro, tem o Tríduo e Festa de Comemoração – três noites de reza - aos 350 anos, encerrando no dia 30 com um show do Padre Antônio Maria.

A Paróquia de Santo Antônio e Almas, está entre as 100 mais antigas do Brasil; e é a segunda criada em Sergipe.

E os 350 anos da cidade de (Santo Antônio de) Itabaiana e sua majestosa matriz, sua praça e sua frondosa e aconchegante arborização. Protegida por seu muro de serras, a toda rodeá-la.



quinta-feira, 16 de outubro de 2025

TRAUMA DE QUATRO DÉCADAS SANADO

O "Beco Novo" (Rua Coronel Sebrão) há 120 anos.
Era chamada do Beco Novo ou Rua de Riachuelo, pois era por onde os tropeiros pegavam a estrada para a então rica cidade da Cotinguiba.

No início de 1980, já há dois anos como auxiliar de serviços gerais e depois balconista nos Correios, fui surpreendido com uma promoção: fui promovido a carteiro. 
Nos meus primeiros meses uma decepção.

Os Correios tinham atingido um nível de excelência tal, que sua popularidade, como empresa, era a maior do país. Rapidez, cuidado, coisa de primeiro mundo, como diz o tabaréu americanizado.

E foi aí que tomei uma rasteira. 

Pego a carta, endereçada à Rua das Flores. Estranhei. Não conhecia nenhuma Rua das Flores, mas, dois meses percorrendo as ruas da minha cidade, naturalmente não as conhecia de có e salteado. E naquela semana, sequer estava no meu trecho habitual, já que substituindo o titular do outro roteiro. Devia ser uma daquelas que não conhecia, pensei.

Peguei a coleção de cartas e impressos em geral e saí para a entrega.

Entrei rua, saí de rua, e nada da estranha e poética Rua das Flores.

Com praticamente cem por cento da tarefa realizada, de certo modo extenuado, retornei à agência para finalizar o turno.

Perguntei a um e outro colega, ninguém soube me dizer se em Itabaiana a tal Rua das Flores existia.

Procedimento padrão, carimbei como "endereço desconhecido", e encaminhei a escrivaninha do chefe da agência postal, o amigo Juarez Ferreira de Góis, que já quase meio-dia, não mais se encontrava ali.

À tarde, quando ponho e pé dentro da agência para o turno vespertino, recebo logo a bronca do chefe: “Oh rapaz, está devolvendo a carta de fulano da Rua das Flores, porque?”

Bem, eu não conhecia o fulano; muito menos a Rua. Então enrubesci e fui meio malcriado, respondendo-lhe que nem conhecia o tal fulano, nem onde ficava essa rua.

Acho que caiu a ficha pra ele, pois baixou a voz e passou a tratar do assunto com ar de gozação. Em seguida me disse que a Rua das Flores era a Barão do Rio Branco e me mandou ir lá entregar.

Nunca mais tentei devolver cartas da Rua das Flores.


Resgate

Não lembro quem foi o vereador proponente; sei que foi aprovada a Lei Municipal 1.850, em 2013, que prevê o resgate histórico de algumas vias centrais, especialmente no Centro Histórico da cidade. Agora a administração da Cultura sob o cetro do médico e professor, Antônio Samarone, com o óbvio aval do prefeito Valmir Costa pretende implementar pra valer a Lei; e brevemente teremos mudanças em algumas placas identificativas, com uma história rica, até agora desconhecida, no mínimo esquecida.

E nomes como Rua Nova, Beco Novo, Rua do Fato, terão mais sentido a partir do conhecimento de suas histórias.

E ninguém mais vai devolver carta por desconhecer o nome tradicional e popular da rua.