terça-feira, 27 de maio de 2008

Hih! Hih! Hih! Só pode ser piada!

Dizem que o Secretário de Estado da Saúde Rogério Carvalho se reuniu com os vereadores de Sergipe (veja mais aqui e aqui) para discutir medidas para o combate à dengue.
Pelo amor de Deus.
Secretário, as câmaras funcionam como camarinhas desde que as inventaram por aqui com o nome de senado da cidade em Salvador. Em 26 de abril de 1799 o Ouvidor-mor Antonio Pereira de Magalhães de Paços já alertava à Rainha D. Maria I que “as vereações não acontecem” e que os vereadores, em relação às suas obrigações com as vilas “as desamparão” (isso mesmo, no português daquela época). Sobre epidemia, em setembro 1855, todos os vereadores (com raras e desconhecidas exceções), se escafederam quando o pau quebrou. Todos os de Itabaiana, inclusive, que fugiram ao primeiro sinal de epidemia de cólera morbus na Vila, se exilando nos pés de serra e deixando a Vila acéfala. Só o delegado de polícia aqui ficou. Pior para Dr. Manoel Simões de Mello que, além de ter de trabalhar ao triplo, ainda perdeu esposa e filha com a epidemia. Pelo que me consta o nível de zelo pela cidadania desses senhores , salvo raríssimas exceções não mudou em nada...
Secretário, cadê o corpo de guardas permanentes de endemias do Estado que já deveria ter? Sei que Vossa Excelência não irá ler essa pobre missiva aqui, mas, se num acaso alguém vier lhe relatar, lembre-se: em 2002 foi juntando os cacos da SUCAM que Serra conseguiu debelar a descontrolada epidemia no Rio de Janeiro. Nessa hora tem que ter profissional. Agente de voto travestido de agente de saúde colocado por vereador e prefeitos não resolvem. E já que a União resolveu se eximir, só os Estados tem capacidade para articular tal força permanente.
Mosquito não atende apelos publicitários de campanhas políticas. Nem dá pra trocar atendimento de dengoso por voto como se faz por aí com os atendimentos médicos comuns. Isso é uma e-p-i-d-e-m-i-a, Secretário. Vai deixar piorar ainda mais, é?
Tão levando na brincadeira. Tô quase me arrependendo de meu voto pra governador (e tantos outros "patrasmente").
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Fontes documentais históricas:
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Relatorio com que foi entregue a administração da Província de Sergipe no dia 27 de fevereiro de 1856 ao Illm. e Exm. Snr. Dr. Salvador Correia de Sá Benevides pelo 1º Vice-Presidente da mesma Província o Exm. Snr. Barão de Maroim. Saúde Pública. pp. 02 a 26. Typ. Provincial de Sergipe, 1856.
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REPRESENTAÇÃO do Ouvidor da comarca de Sergipe d'Elrei Antonio Pereira de Magalhaes de Paços, dirigida á Rainha, sobre assumptos relativos á mesma comarca. Sergipe d'Elrei, 26 de abril de 1799. (Annexa ao n. 21.333). (21.334). Inv. dos documentos relativos ao Brasil no Archivo da Marinha e Ultramar, organisado por Eduardo de Castro e Almeida, pte IV. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Vol. 36. p. 315.