segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Terras do Rio de São Francisco do Sertão de Baixo

Tópico na coluna de Cláudio Nunes desse dia 17, no portal Infonet traz à tona um problema trissecular e aponta para um fato interessante: enterraram um sapo no Baixo São Francisco, ao menos no que diz respeito ao convívio da Igreja Católica com proprietários locais. Desta feita há ameaças ao padre Isaías e mesmo ao bispo da Diocese de Propriá, D. Mario Rino Sivieri, todavia, essa história é antiga e os que se acharam sob o cetro de D. José Brandão de Castro tiveram muitas dificuldades, especialmente em 1982 quando em Ilha das Flores o padre foi posto a correr.
Mas, recuando um pouco mais vamos chegar em 20 de novembro de 1711, com as primeiras confusões, desta feita em Neópolis, então um simples povoado, e que forçou ao governo geral enviar tropas para sufocar levante na região. A igreja, como sempre ocorria naqueles tempos chegou bem cedo à povoação
(Carta que se escreueo ao Vigr° de Seregipe del Rey Ant° de Souza de Brum, sobre
o leuantam.to dos moradores da Villa noua do Ryo Sam Franc°. Da mesma data.

Anais BN-Rio, Vol. 10, p.86).
Em 24 de fevereiro de 1754, a Câmara Municipal
“da Villa Nova Real del Rey do Rio de S. Francisco”,
faz representação contra o Padre Joaquim Marques de Oliveira. A confusão rolou por mais de quatro anos. Somente quando veio o reforço militar e as negativas das cortes de Lisboa sobre a pretendida remoção do padre é que os ânimos se acalmaram. Em 1757, fruto dos tempos da organização administrativa de Pombal, em artigo escrito para a Real Academia de Lisboa o padre deu a primeira descrição minuciosa da região, inclusive da instabilidade das terras na boca do São Francisco onde fica o famoso povoado Cabeço.
Em 05 de outubro de 1761 o desembargador Joaquim José de Andrade oficia
"ao governo interino da Bahia, informando ácerca da syndicância a que procedera
sobre o procedimento dos Padres Barbadinhos italianos que tinham estado nas
Missões junto ao Rio de S. Francisco",
dentre as quais Pacatuba e Ilha de São Pedro (Japoatã era então dos jesuítas). As mesmas confusões de terras atuais.
Em setembro de 1788, segundo ofício do arcebispo D. Antonio Corrêa, de 09 daquele mês, a tragédia se confirma: foi assassinado
"o Padre Luiz Coelho de Almeida, Vigário encommendado da freguezia de Santo
Antonio da Villa do Rio de São Francisco"
(do Urubu de Baixo, ou seja, Propriá). A freguezia era a segunda do município de Neópolis.
Em 1792, uma representação de Antonio Gomes Ferrão Castelbranco que se apresentou como
“Fidalgo cavalleiro, na qual pede que sejam cassados os autos de medição e
repartição de umas terras pertencentes ao morgado instituido por seu avô o
mestre de campo Pedro Gomes (...)e dadas as necessarias providencias para o
supplicante no ser inquietado pelos mesmos Índios e pelo seu missionario Fr.
Isidoro Vignale, religioso italiano Barbadinho.”
Ou seja: mais uma vez o problema da terra.
Deixemos as confusões de desde então em banho-maria, já que foram muitas e dá um livro de no mínimo 600 páginas.