Se não conhece qualquer fotografia de Itabaiana, antes de 1890, quando Seu Teixeirinha resolveu apontar a sua já velha câmera para a matriz de Santo Antônio e Almas, colhendo sua imagem com uma pequena palmeira imperial, à direita da mesma, tendo à esquerda (direita da foto) um ainda imberbe jenipapeiro, que seria o ‘fofocômetro’ da acanhada cidade de até meados do século XX.
Em nova e bem melhor foto, de cerca de 1906 (quando também fotografou o “Mercado Cabaú”, contudo ainda não tinha sido colocado os postes de iluminação a querosene, de 1908), a palmeira já aparece bem maior, o jenipapeiro, frondoso, já era poleiro dos relatores da vida alheia.
A Praça, hoje Fausto Cardoso, e sua matriz, se constituem, pois, no mais antigo registro fotográfico de Itabaiana.
E o Photo Nacional, o mais antigo, genuinamente sergipano, e itabaianense, obviamente, teve início quando em 1871, no lombo de um burro, provavelmente portando caçuás, o então jovem Miguel Teixeira da Cunha cortou os mais de 300 quilômetros, de Itabaiana a Salvador, para de lá trazer seu “daguerreotipo”; os insumos, e os conhecimentos rudimentares sobre a invenção de Louis Jacques Mandé Daguerre, que substituía a pintura: a fotografia.
(Quase) Sem História
Itabaiana, cidade de não ricos, só pobres e remediados, nunca teve imprensa efetiva.
Até o fim do século XX, apenas a hercúlea experiência de O Serrano, 1968-1974, com espasmos até 1978. Fora disso somente raras publicações, mesmo tendo entre seus políticos um correspondente local da imprensa nacional: o jornalista Silvio Teixeira.
É, portanto, uma cidade antiga, sem preservação da sua memória, além dos documentos oficiais, e das raríssimas crônicas, nem sempre tão isentas, mormente em jornais da capital.
Até 1950, salva-nos a fotografia. Especialmente dos três primeiros documentaristas: os profissionais, Miguel Teixeira da Cunha, e João Teixeira Lobo; e o amador, Percílio da Costa Andrade.
Concurso.
Foi justamente buscando enaltecer o valor dessa tradição de registros, através da fotografia, que a Prefeitura Municipal de Itabaiana publicou recente Lei criando o Concurso de Fotografia Miguel Teixeira Lobo, instrumentalizando assim a Secretaria Municipal de Cultura a anualmente promovê-lo, doravante. (Veja mais aqui)
O desse ano, de fato, diante do adiantado do exercício, e da citada aprovação recente em Lei, terá início nessa sexta-feira, 5; mas só finalizará em janeiro, transcorridas todas as etapas previstas.
O Concurso fará homenagem a quatros fotógrafos já falecidos, obviamente; e a uma profissional, também falecida, marcante entre nós, quer como funcionária de um deles, de Romeu Alves dos Santos, do Foto Romeu; que de moto próprio, onde resistiu até o domínio da fotografia digital, por volta de 2005: Helena Vasconcelos Lapa.
A premiação incidirá sobre os treze finalistas na classificação geral, com o primeiro, o segundo e o terceiro lugar, respectivamente, ganhando cinco mil, três mil, e dois mil reais; e os demais, do quarto ao décimo-terceiro, um mil reais, como forma de estímulo, pela participação.
O tema, e demais particularidades será publicado no Edital do 1º Concurso, no “site” da Prefeitura.
A Praça Fausto Cardoso, com a lindíssima iluminação desse ano, certamente será gravada como foi por Percílio Andrade, a um século atrás, com suas humildes mesas de jogos; doces e a presença do trivoli, que depois muito rendeu, e desde 1971 que se encontra no antigo sítio de D. Caçula Teixeira, hoje Praça Etelvino Mendonça ou de Eventos.
Daqui a cem anos, as fotografias a serem agora tiradas serão deleite dos nossos bisnetos e tataranetos e outros descendentes.




