sexta-feira, 31 de outubro de 2025

DOMUM HABEMUS.

 

Todo bicho tem sua toca; seu esconderijo; sua fortaleza. Precisa ter. Faz parte da sua segurança; da sua sobrevivência.

Como todos os seres viventes, em geral, também as instituições humanas necessitam de uma toca; um endereço. Uma sede.

Por longos 12 anos a Academia Itabaianense de Letras, uma instituição de prestígio, detentora, em seu conjunto, de muito valor intelectual, porém de pouquíssimo valor material, a começar do mais portátil, o dinheiro, tem sobrevivido à custa de sua representatividade, porém com sede, na prática, inexistente; porque com endereço meramente figurativo. Até o último dia 24 de outubro.

A Cessão, por parte do Executivo Municipal, nesta atual administração do prefeito Valmir dos Santos Costa, de um prédio para sede da instituição se constitui num ato de grandeza para o Município, que passa a abrigar mais uma instituição, de reconhecida referência social itabaianense, ao tempo que dota a Academia Itabaianense de “uma toca”; fator de segurança institucional porque imprescindível à sua operacionalidade como ente social, a mais promover o vetusto “Lugar, morada dos homens de onde os rios vêm”: I’t’aba’ü’one, Itabyane, Itabaena, Itabayanna... Itabaiana.


O Prédio


Entre as primeiras fotografias de Itabaiana, todas feitas por Seu Teixeirinha (Miguel Teixeira da Cunha), segundo pesquisa do acadêmico Robério Barreto Santos, subscrita pelo também acadêmico Vladimir Souza Carvalho, patrono da historiografia serrana, e atual presidente da entidade, está a icônica, do lado oeste da Praça Fausto Cardoso, mostrando o então tímido Mercado Municipal, hoje prédios da Prefeitura Municipal, e seu vizinho, onde funcionou até recentemente o velho Cartório de 1º Ofício.
A foto, com visão de parte do lado sul da sobredita praça, também traz o registro de casas, em frente – um estabelecimento comercial, entre elas – e no detalhe, parte do sobrado de taipa, rebocado e caiado, como foram todos os demais da cidade.
Ontem e hoje.


Nesse formato, o velho sobrado, propriedade particular, desapropriado pela Lei Municipal, número 168, de 1958, na administração Serapião Antônio de Gois, e imediatamente cedido à Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, foi retomado em 1969, derrubado, reformado como casa térrea, e cedido ao Tribunal Estadual de Justiça, que ali alocou o Fórum Mauricio Cardoso, até o início de 1986, quando construiu o atual prédio próprio, no hoje Bairro Serrano, a margem direita da Avenida Dr. Luiz Magalhães.
A ex-sede do Fórum Maurício Graccho Cardoso (até 1986), e de várias secretarias municipais (em verde, por traz do carro branco), abrigará, ao menos pelos próximos 30 anos, a sede da Academia Itabaianense de Letras. Os membros da arcádia já podem dizer: "Temos casa!"

Desde a saída do Fórum, em 1986, o prédio ficou inutilizado até fins de 1989, quando passou a abrigar sucessivas secretarias municipais. Agora, a Lei Municipal 2.932, de 24 deste outubro de 2025, 350º ano da fundação da cidade, o cede por 30 anos à Academia Itabaianense de Letras. Que, temos certeza, fará uso pleno do mesmo, para o engrandecimento intelectual, e cultural como um todo, da velha Santo Antônio de Itabaiana.

Em 1954, na Praça Fausto Cardoso, recém urbanizada, o velho sobrado sobressai às copas das árvores, aparecendo-lhe ao fundo, o primeiro andar, futura sala de projeção do antológico Cine Santo Antônio (Hoje Supermercado Nunes Peixoto), também futura sede da Rádio Princesa da Serra, em 1978.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

HOJE, O 350° ANIVERSÁRIO - PARABÉNS!

 

Durante 190 anos foi ela o único sinal de referência civilizacional no Domo de .Itabaiana. Primeiro, nos primeiros 90, como uma acanhada igrejinha de taipa, rebocada, e com talvez piso de pedra rústica; depois, por mais um século, agora, sim, uma pomposa igreja matriz, de pedra e argamassa de cal, alva, branca de encandear, especialmente aos visualizadores da parte sertaneja do município, nas tardes ensolaradas e quentes dos sertões nordestinos.

Matriz de Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Referência ao seu santo maior, Fernando, que se tornou Santo Antônio; e ao Arcanjo Gabriel, o pesador de Almas.

Por 190 anos, foi o único motivo de vir para um aldeamento, que de sede municipal só tinha o nome, e a prerrogativa, haja vista nela terem os cartórios, que mui raramente se usava; a Casa de Câmara e Cadeia, que dificilmente se reunia e deliberava; e até prendia. Mesmo tendo a onipresença da escravidão, não se tem notícia de onde funcionou o pelourinho.

Em 1863, a vila, como era então chamada, ganhou algo novo. Quente; desordenada; febrilmente agitada: uma feira livre. Alguns meses de carros de bois espalhados pela praça, com enormes cargas de algodão, e já apareceram vendedores. De simples implementos agrícolas artesanais locais, a seda chinesa.

A matriz perdeu o protagonismo total. E mais vem perdendo, gota a gota, nos últimos 160 anos. Mas ainda é o amálgama, o elo, que congrega todos os serranos, inclusive os viventes de outras plagas.

Parabéns pelo 350° aniversário, cidade de Santo Antônio de Itabaiana.

Parabéns, paróquia e matriz de Santo Antônio e Almas. A mãe da cidade.