“E graças a esse feito, de homens que tem valor, meu Paulo Afonso foi sonho que já se concretizou”.
Com esses versos da epopéica canção popular, publicada em 1955, a dupla Zé Dantas e Luiz Gonzaga saudaram a redenção do ex-rico nordeste, processo que ainda hoje não se completou; mas que já deu grandes passos. A música Paulo Afonso é uma homenagem à inauguração da hidrelétrica.
E é sobre homens que tem valor que agora delineio.
Hoje pela tarde recebi do amigo Aluizio Santos, colega de Casa dos Estudantes nos anos 70; e ex-prefeito de Pedra Mole, um videozinho, lembrando que fazem cinco anos da morte do ex-governador de Sergipe, o engenheiro João Alves Filho.
Nos meus parcos estudos sobre meu Sergipe, o estado pouco parecendo que nunca será tri-trem; nunca passará de “ser jipe”; do que pude depreender, só houve três governantes de destaque; que por algum modo escaparam das armadilhas de uma elite política, pior que a nacional, que já é bastante sofrível: Maurício Graccho Cardoso; José Rollemberg Leite, I e II; e sua criatura, o Negão da água. Os demais, foram completos inabilidosos, e manietados pela caterva da preguiça, mas com esperteza para sempre se manter agarrado ao butim; ou preguiçosos, mesmo. “Bonecos de posto”.
João, contudo, cometeu um grave erro: Tentou uma segunda, terceira e até quarta vez, parafraseando Vicente Celestino, “caindo, caindo”. Não merecia ter passado por isso. Pelo que João Alves representou para Sergipe, jamais deveria ter retornado em 1991. Muito menos em 2002.
Porém, com todos esses erros políticos, e administrativos deles advindos, inclusive a desastrosa administração da capital, capital, diga-se, refeita por ele, entre 1975 e 1978... continuará o Negão.
Aquele que inverteu as expectativas negativas, que, infelizmente, ora estão de volta.
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hoje á tarde. |
Ao ser convidado há três semanas atrás, pelo amigo, guerreiro de causas populares, inclusive a causa negra, professor Luciano Soares Santos, o Tito, para ministrar uma palestra sobre este tema, no dia de hoje, coincidiu que: é uma data especial, porque do falecimento do nosso único governador negro; na escola que ostenta o seu nome: Escola Governador João Alves Filho; num povoado que nasceu há quatro décadas, de um dos principais focos de seus governos, a água e seus desdobramentos como motor de desenvolvimento: A Agrovila, assim chamada por uma vila de agricultores irrigantes.
Ao percorrer a estrada que leva às ruinas da Igreja Velha e cercanias, incluindo a hoje grande povoação da Agrovila, um filme veio a me passar pela cabeça, ao ver as lindas e soberbas plantações, e as centenas de aspersores a fazer chover, gerar riqueza em forma de alimentos no município de Itabaiana, onde, o celeiro do Estado quase “fecha pra balanço”, com o fim da agricultura de sequeiro, ao fim dos anos 70. Dados do Censo Agropecuário de 2017, das 3.262 propriedades do município de Itabaiana, 1.480, 45,4%, quase metade, praticavam a irrigação.
Em 1980, dos 5.660, apenas 117 eram irrigados. Um terço estava vendendo o solo (areia) para construção; e metade deles, as famílias estavam vendendo por preço barato para reconcentradores de terras, que aumentou os tamanhos médios das propriedades, enquanto reduziam seu número para 3.561, em 2006; e 3.262, agora em 2017.
Mas em 2006, ano do penúltimo Censo Agropecuário, o número de propriedades irrigadas saltou para mais de 29%. E em 2017, repito, 45,4%.
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| Aspecto da Agrovila. Mais parecendo uma bucólica cidadezinha que uma vila de agricultores. O enriquecimento das famílias está à vista. |
Estancou-se o empobrecimento, virando para enriquecimento.
Graças aos projetos de irrigação. Projetos do Negão. Do João da Água. O homem do Chapéu de Couro.
Que a sua memória seja eterna e que outros nele se inspirem. Só assim Sergipe voltará a ter esperança.



