terça-feira, 16 de outubro de 2007

A função social de FHC. E outros.

Excelente a matéria de Luiz Carlos Azenha (clique aqui para ler), publicada ontem, 15 de outubro em seu blog. Não há como não tecer de imediato uma relação com o que se abateu sobre Itabaiana depois da confirmação da onda de mudanças abortada em 1994 com o golpe político do Real, mas reiniciada vigorosamente em 2002 com a primeira eleição de Lula à Presidência da República.
No plano nacional a própria mídia grande, inteiramente anti-petista passou a reverberar o chavão “viúvas de FHC”, no sentido de identificar os afoitos e desesperados que perderam a boquinha com o fim do mandarinato tucano em Brasília. Aqui em Itabaiana, ao susto do mesmo 2002 somou-se a confirmação de 2004 e reafirmação de 2006. Pronto. Caiu um véu de fumo negro digno de comparação a mais tétrica das imagens do Apocalipse.
Desarticulou tudo. A auto-estima de muita gente foi ao fundo do poço. Coisa séria, mesmo.
O sentimento que ora se vê na nação, em Sergipe e mesmo em Itabaiana por parcela ponderável e influente da sociedade é preocupante, pois mostra claramente que mantemos a maldita tradição do excessivo apego ao cargo público, eletivo ou não, como forma de ganhar dinheiro. Em verdade, se este apego se desse entre os degraus intermediários da sociedade, tudo bem; mas o pior é que ele ocorre nas pontas do sistema, especialmente com ricos empresários. O Brasil é um dos poucos países grande do mundo em que rico concorre a eleição pra ficar ainda mais rico; pra ganhar dinheiro. O Bushinho e seus falcões devem ter-se espelhado em nós. O sinônimo dessa adesão interesseira ao extremo é sonegação, concussão, corrupção, roubo. Quero deixar bem claro que não tenho nada contra empresário entrar na política, especialmente do nível de riqueza do nosso empresariado itabaianense, todavia, é preciso que fique bem claro: não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo; e a política é um sacerdócio, apesar de insistentemente, e quase sempre na sua totalidade ser invadida por certos sacerdotes com odores sulfúreos. O empresário grande, pela própria natureza da sua posição social já é um governo ou peça dele.
Quando falo de tradição é que esta remonta as origens da chegada da civilização ao Brasil quando levas de funcionários, todos judeus e desterrados para cá, aproveitavam pra roubar o rei. Aliás, uma implacável forma de vingança.
Mas, voltando ao assunto chave, a perda de mordomias e às vezes até de colocações honestas – apesar de conseguidas na xepa – derrubou a auto-estima de muita gente e é aí que entra a necessidade da liderança. Do FHC local.
Faz algum tempo num grupo político de Itabaiana se discutia sobre as agruras por que o grupo então passava, quando um dos membros, de grande influência no mesmo fez a seguinte observação: “Nós já estamos como nossa vida arrumada, vamos cair fora e deixar essa droga (o termo foi outro) pra lá”. De imediato a liderança maior olhou para a dita liderança menor e indagou: “E como nos vamos olhar nos olhos de nossos amigos que nos acompanharam por todos esses anos?”. A solução imediatista, e egoísta do desabafante morreu ali.
Sempre há luz ao fim do túnel.