terça-feira, 23 de outubro de 2007

Um típico caso de falta de importância.

Hoje pela manhã ouvi pela enésima vez no ano – de vários outros que o antecedeu – o carro de som passar anunciando mais um obituário.
É coisa de lugar de terceiro mundo e bota terceiro nisso, contudo, ao lado dos mausoléus suntuosos que se faz no mundo ibero-americano, e, sejamos justos em mais alguns do mundo mediterrâneo de onde herdamos quase todas as nossas tradições ditas civilizadas, é mais uma forma de demonstrar quem é o bom do pedaço; quem pode mais. Mesmo depois de morto.
É algo meio grotesco, às seis e às vezes até às cinco da manhã acordar um montão de gente que nada tem a ver com a “fama” do ilustre defunto. Todavia, é cultura; mesmo que não erudita ou das mais louváveis. Não adianta espernear.
O fato em si, entretanto, traz uma inquietante constatação para mim que de vez em quando ameaço entrar na área de publicidade: a de que as quatro emissoras de rádio da cidade de nada valem quando se quer anunciar pra valer qualquer coisa.
O obituário publicado surgiu nos jornais, naturalmente e, em Sergipe, ele foi passado para o rádio pela Rádio Cultura nos seus primeiros tempos, início da década de sessenta deste século próximo passado. Como a Rádio Princesa da Serra – a primeira inaugurada em Itabaiana – copiou em boa parte o estilo da Cultura ocorreu que já nos seus primeiros dias o obituário estava incorporado à sua programação extraordinária. Daí para o carro de som foi um pulo. O problema – das emissoras – é que, como apenas o carro de som se consolidou como veiculo exclusivo para esse tipo de evento, isso demonstra claramente que as pessoas não confiam no rádio como forma de fazer chegar mais longe e com eficiência o seu recado. E como fica a publicidade?
Alertai-vos, companheiros radialistas! A responsabilidade pelo sucesso ou insucesso é vossa.