quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Certas coisas.

Está estampado e repercutindo como de natural, o boato sobre a possibilidade de o ex-governador João Alves Filho vir a ser o candidato dos DEMO na capital, Aracaju. João Alves é político, e de um político espera-se que atue na política; até aí tudo bem. O que não pode é a política que deve ser a arte de bem governar resumir-se a uma mera briguinha ou de canais de ciúmes e jogos interesseiros. João Alves Filho é um patrimônio da política sergipana. Com erros ou acertos, ainda é a maior liderança do Estado. Todavia, tudo tem limite. A onda alvista passou faz tempo. O João de hoje não é mais aquele de 15 de novembro de 1982 com 83 por cento. Queimar uma liderança dessa forma é muito ruim para o Estado. Mesmo que viesse a ganhar João só tem a perder. Aracaju, Sergipe e todos nós também. O quanto fará a mais o ex-governador à frente da Prefeitura de Aracaju, além de apadrinhar gente de fidelidade duvidosa? O que o ex-governador precisa é coordenar um projeto de recuperação do poder por seu grupo mediante uma oposição responsável e não com os chiliques dos Augusto Bezerra da vida.
Em 1992, durante a campanha de João de Zé de Dona à Prefeitura de Itabaiana, numa reunião na Associação Atlética de Itabaiana, o amigo e colega Edivanildo Santana presente à mesma perguntou a José Carlos Machado o porquê de ter-se licenciado do cargo de deputado estadual e assumido uma secretaria especial no segundo governo João Alves. Machado de pronto respondeu que a Assembléia só tinha graça quando Marcelo Déda ficava a espalhar fogo pelos seus corredores e ele atrás com o extintor apagando cada foco de incêndio. Esse é o tipo de trabalho partidário que João e a oposição precisa. O resto é neguinho querendo voltar a mamar, mesmo que em tetas menos suculentas.
Cá pra nós acho que se João meter a cara poderá ter o mesmo resultado que teve aqui o ex-deputado Wilson Cunha, o Gia em 1996. E não foi por falta de conselho. Nem mesmo de juízo de Gia. Numa conversa seis meses antes do desfecho da candidatura, até que ele concordou que aquilo seria um suicídio, porém, diante da pressão do partido por uma “liderança de peso” no processo eleitoral municipal daquele ano, o resultado foi o fim da sua carreira política e o afastamento ainda maior entre Luciano Bispo e João Alves.
Essa coisa de tudo ou nada; oito ou oitocentos é pra maluco ou ingênuo. Ou malandro que nada tem a perder. Homens responsáveis precisam pensar como líderes, como seres públicos que são. Isso implica em pensar na sociedade, no tempo e no espaço; e não apenas a grupos restritos ou pior, somente em si mesmos.