quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Güenta as orações, muié!

A música, ou melhor, a bela paródia musicada de Luiz Gonzaga, também cantada pelo Quinteto Violado, entre outros é conhecida. Mas como muita gente não conhece ou associa o título com a música e o verbete do título acima, dela retirado vai uma dica: a música é Samarica Parteira. Ilustra nela o saudoso “Lua”, os costumes dos sertões de antigamente no que se refere ao nascimento de um filho de rico; do Coroné Barbino. Obviamente não falta o grupo de rezadeiras de encomenda que, como carpideiras (choradeiras profissionais nos velórios), eram contratadas para rezar por algum motivo. Preguiçosas, vê-se no transcurso da música que é necessário que Samarica - a parteira - esteja a todo o momento concitando-as a cumprir com o seu dever impondo pela ordem: “Güenta as orações, muié!”
Pois bem. Diante do clamor que ora já se levanta relativo à péssima impressão - pela enésima vez - sobre o disparate da violência local criado pelo clima de ajustamento entre as gangues que dominam Itabaiana, eis que parcelas da população itabaianense já se viram uns pros outros e dizem: “güenta as orações, muié!”. Depois, passados cinco ou dez dias sem mais uma série macabra como a que assistimos nos últimos dez dias e “cada um vai pro seu lado, pensando numa mulher ou num time; olhar-se-á o último (deles) corpo estendido no chão e se fechará a janela diante do crime.”(*)
Enquanto tivermos na nossa sociedade influente, idiotas dela representantes que acham digno a elevação deste tipo de estatística com o argumento de que “só morre bandido” vamos continuar sendo... terra de bandido. Um favelão.

(*) Calados foi cada um pro seu lado/pensando numa mulher ou num time./Olhei o corpo estendido e fechei/minha janela de frente pro crime. João Bosco e Aldir Blanc in De frente pro crime.