sábado, 8 de outubro de 2022

MILAGRES DE SANTA DULCE

 

Mas o pobre vê nas estradas
O orvalho beijando as flores
Vê de perto o galo campina
Que quando canta muda de cor
Vai molhando os pés no riacho
Que água fresca, Nosso Senhor
Vai olhando coisa a granel
Coisas que, ‘pra mode’ vê
O cristão tem que andar a pé
(TEIXEIRA, Humberto; GONZAGA, Luiz - Estrada do Canindé)


Começou ontem, aquilo que podemos denominar de viagem inaugural do Caminho de Santa Dulce, uma trilha peregrina inspirada nas congêneres que já existem no Brasil, e especialmente na mais famosa do mundo, a de Santiago de Compostela, de término na Galícia, origem de Portugal, e parte da Espanha, no extremo noroeste desta.
O Caminho de Santa Dulce, idealizado pelo peregrino Anselmo Rocha, vem sendo criado há quatro anos, sofrendo severos atrasos devido a pandemia da covid, contudo está praticamente pronto, mapeado e na maior parte sinalizado, e compreende 464 quilômetros de fé, devoção e deslumbre com um dos pedaços de terra mais belos do Brasil, com paisagens lindíssimas; que também teatro recheado da sua história, e com infraestrutura básica para uma excelente caminhada.
São vinte e seis etapas, onde a inicial começa da Maternidade São José, local do primeiro milagre, em Itabaiana até a Matriz de Irmã Dulce dos Pobres, em Aruana, ao sul de Aracaju. Futuramente, outros grupos de caminhantes ou peregrinos individuais poderão estabelecer suas próprias estruturas; porém, esse grupo pioneiro seguirá tendo essa divisão de etapas durante o percurso.
O trajeto inicial, de Salvador, no dia de ontem, até a chegada, no próxima dia 20 à Barra do Itarari, município de Conde, na Bahia cobrirá metade do caminho total. É um mega reconhecimento de área, e ao mesmo tempo teste de como opera em grupo a travessia do trajeto, diversas vezes já feita individualmente pelo seu idealizador, só ou acompanhado minimamente.
Possivelmente em 2023 quando for estabelecida a peregrinação completa, saindo de Itabaiana, Sergipe, até o Santuário de Santa Dulce dos Pobres, em Salvador, Bahia, estará restabelecido o seiscentista Caminho do Mar, entre outros dos jesuítas e outras ordens religiosas, que por quase três séculos através dele se deslocaram em suas missões evangelizadoras.
No pequeno grupo pioneiro, de Itabaiana, além do citado Anselmo Rocha, Vicente Bispo (de Cajuzinha), ex-secretário de Obras do Município de Itabaiana, que, entre outras pioneirices foi o primeiro serigrafista, na fase romântica dessa arte e ele ainda adolescente da nossa velha loba.
Uma boa caminhada aos pioneiros peregrinos de Santa Dulce dos Pobres. Milagres vos aguardam em Itabaiana, a outra ponta do caminho.