quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

RUA DO FATO E SUAS TRADIÇÕES.

 

“São casas simples com cadeiras nas calçadas; e na fachada está escrito que é um lar.”

(Garoto e Chico Buarque, Gente Humilde)

 

Já não são mais só de casa simples o que se vê na tradicionalíssima Rua Itaporanga. As novidades arquitetônicas e ostentatórias já se fazem presentes, denotando firme ascensão social e econômica, se coadunando com o calçamento de meados da década de 1990, e agora o asfalto, de exatamente 2 de junho de 2019.
Mas, como se intuitivamente seus moradores lhe adivinhassem a importância histórica, apesar das atualidades da TV por “streaming” e das redes sociais mantém firme o costume de sentar-se à porta às tardinhas, para o bate-papo e socialização, convívio entre vizinhos e passantes – como eu, ontem, 11, à tardinha – e como têm feito desde que a as primeiras moradas humildes ali se estabeleceram há mais de três séculos, ainda em pequenos sítios.
E o que era oficialmente travessa, no primeiro registro documental como zona urbana – a Lei 236/1962 – foi renomeada extraoficialmente como Rua e depois convertida em uma das mais aprazíveis avenidas.
A minha passagem, por sinal foi para matar a saudade de quando residi no número 278, entre 1987 e 1991. Rever velhos amigos, lembrar de outros que de lá mudaram, incluindo os que partiram para o plano superior.
É bom desfrutar da segurança de uma rua cheia de vida, de pessoas, a inibir espíritos trevosos.

Longevidade

 O fato é que a Rua do Fato, de fato é a mais antiga entrada de Itabaiana por se tratar da Estrada Real para a capital, São Cristóvão – e não de Itaporanga como depois ficou – e é mais velha cerca de 20 anos que a própria cidade de Itabaiana, fundada em 30 de outubro de 1675.
Em 1660 por ela já passavam os índios da nação cariris, da região de Jeremoabo e todo o Raso da Catarina, encangados como escravos pelas mãos de Fernão Carrilho, para serem embarcados em São Cristóvão.
Faz parte das vias originadas das duas estradas reais originais, que tinha em Itabaiana o seu cruzamento. A Estrada Real de São Cristóvão, com traços na mesma Rua Itaporanga, Alemar Andrade (do Shopping Peixoto) e acesso ao Le Corbusier, na direção sul, e lado leste da Praça João Pessoa, Rua Augusto Maynard e primeiro trecho da Capitão José Ferreira; e a Estrada Real Salvador-Olinda ou Caminho do Sertão do Meio em traços ainda remanescentes nas Ruas Antônio Francisco de Oliveira Filho, São Luiz (inclusive o oitão direito da igreja), Campo do Brito, Manuel Garangau, primeiro trecho da Marechal Deodoro e todo o trecho curvo da Rua Gumercindo de Oliveira (Rua de Maraba).