sábado, 8 de setembro de 2007

Crescimento de Itabaiana desaba.

Os números da contagem populacional do IBGE recém fechados traz uma inquietante constatação acerca de Itabaiana: a expectativa da população municipal está encolhendo. Até junho, antes do fechamento dos números, a população itabaianense era prevista para 87.001 habitantes sofreu uma queda de quase seis mil, ou seja 6,73% em relação à população de 76.813 constatada em 2000 para apenas 81.826 habitantes.


Somente o êxodo explica.

Tomando por base o número de nascimentos e óbitos do SUS – Sistema Único de Saúde entre 2000 e 2005(*) tem-se que a população deveria ter aumentado no período em 9.832, a uma média de 1638 nascimentos por ano o que daria nos sete anos em questão 11.470 nascimentos. Por outro lado os óbitos de toda e qualquer natureza no mesmo período que entre 2000 e 2005 somaram 2534, numa média de 422 por ano, totalizaria 2956 nos sete anos em questão. Por esta perspectiva Itabaiana teria tido um mínimo de acréscimo de 8514 almas à sua população de 76.813 habitantes apurada em 2000. Ou seja, teria que estar com no mínimo 85.327. Uma média de crescimento como a experimentada, por exemplo, pelo município de Lagarto. Ali, para uma população de 83.334 em 2000 era aguardada uma população de 92.857, todavia se confirmou apenas 88.112. Uma queda na perspectiva de 4.745, bem menos que os 5.175 observados por Itabaiana, especialmente se considerarmos esses números na sua forma proporcional. Ou seja, Lagarto deixou de crescer 5,69% enquanto que relativamente a Itabaiana essa queda foi de 6,73%.
Se também levarmos em consideração que Itabaiana é, no interior de Sergipe, um ponto de atração populacional, aí o tamanho do prejuízo é bem maior. As próprias expectativas do IBGE para uma população de 87 mil habitantes já leva em conta o fato de que até recentemente Itabaiana foi forte pólo de atração, perdendo apenas para as cidades periféricas à Capital é à própria.
De qualquer modo, os números da contagem cruzados com os números do SUS demonstram que houve forte êxodo para outras cidades num valor de no mínimo três mil e quinhentas pessoas, ou seja, quase cinco por cento da população se mudou.
(*) O sistema não foi ainda atualizado com os números de 2006 e do corrente ano.


Crescimento cai fortemente também em todo o Estado.

Em apenas seis municípios sergipanos houve aumento real em relação à previsão do IBGE: Divina Pastora, Feira Nova, General Maynard, Santa Rosa de Lima, Santana do São Francisco e Santo Amaro das Brotas. Houve queda real em relação a 2000, ou seja, houve encolhimento populacional nos municípios de Amparo de São Francisco, Canhoba, Cedro de São João, Gracho Cardoso, Itabi, Maruim, Moita Bonita, Muribeca, Neópolis, Própria, Salgado e Tomar do Geru. Nos demais, houve uma pequena redução no ímpeto de aumento populacional, nada, porém que se compare ao que ocorreu a Itabaiana.
Em todo o Estado a queda nas expectativas foi de mais de 133 mil habitantes (1.899.867 contra 2.033.405 esperados). Obviamente que os valores relativos à capital, Aracaju, permaneceram na órbita da estimativa já que a contagem foi efetuada apenas nas cidades com população inferior a 170 mil habitantes. Entretanto, pelo espelho do que ocorreu em São Cristóvão, com crescimento abaixo do esperado; e de Nossa Senhora do Socorro que foi a primeira grande queda de expectativa – menos 41 mil nas estimativas do IBGE – é possível que a Capital também não tenha tido grande desempenho acima da estimativa.
Estão estagnadas com crescimento próximo de zero em relação a 2000 as populações de Arauá, Boquim, Cumbe, Estância, Gararu, Ilha das Flores, Japoatã, Malhador, N. S. de Lourdes, N. S. do Socorro, Pedra Mole, Porto da Folha, Ribeirópolis, Santa Luzia do Itanhy e Simão Dias.
A dança dos números ao longo dos tempos.

O primeiro censo em Itabaiana que se tem documentado foi o realizado em 1775 sob as diretrizes do então poderosíssimo ministro Marquês de Pombal. Naquele momento Pombal já estava com a cabeça a prêmio em Lisboa, mas suas ordens ainda ecoavam por aqui tentando dar um mínimo de civilidade a um Reino e suas colônias que antes dele ainda viviam uma administração da Idade da Pedra.
Foram encontrados nos então existentes cinco município que existiam no atual Sergipe e sua capital o seguinte:
Itabaiana, 230 casas e 1013 habitantes;
Lagarto, 545 casas e 4.064 habitantes. (destes, 228 casas e 1722 habitantes na Freguesia de N. S. dos Campos do Rio Real, atual Tobias Barreto)
Neópolis, com 264 casas e 2.031 habitantes. (destes, 138 casas e 1018 habitantes na Freguesia de Santo Antonio do Sertão do Urubu de Baixo da Barra do Propriá,);
Santa Luzia, 246 casas e 1786 habitantes.
Santo Amaro das Brotas, 284 casas e 2175 habitantes. (destes, 162 casas e 1162 habitantes na Freguesia de São Gonçalo do Pé do Banco, atual Siriri).
E na Capital, São Cristóvão de Sergipe d’El-Rei, 798 casas e 5.367 habitantes. (destes, 486 casas e 3120 habitantes na Freguesia de N. S. do Socorro da Cotinguiba).
O curioso é que Siriri era então ligado ao município de Abadia, hoje um simples povoado do pequeno município de Jandaíra, na Bahia e fronteira com o sul de Sergipe, e a administração de Neópolis – logo, também de Propriá – era diretamente ligada a Salvador. Esse aspecto de Siriri fez com que vários cartógrafos dos séculos XVIII e início do XIX, ao fazer seus mapas o colocasse nas proximidades de Itapicuru, onde além do próprio Itapicuru a povoação mais próxima era a de São João da Água Fria, também na Bahia.
Um outro detalhe deste censo é que não dá pra determinar a população da Freguesia de Santa Ana, hoje Simão Dias, então anexada à Freguesia de Tucano. Ambas somavam então 180 casas e 1734 habitantes. Do mesmo modo também ficam fora de conhecimento as populações dos municípios sergipanos que então faziam parte da enorme freguesia de Jeremoabo, que por sua vez fazia parte do mais enorme ainda município da Jacobina, como Porto da Folha, Carira, Pinhão, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória e Canindé do São Francisco.
Depois desse recenseamento, no estertor do período pombalino, a quase nascida organização do Estado português entrou em franco declínio com a deposição de Pombal em 1777, como entraria a seguir o próprio reino e só vamos encontrar novos recenseamentos já no Sergipe independente, e depois que a administração se organizou civilizadamente em meados do século XIX.