quarta-feira, 11 de junho de 2008

Oba! Já temos vinte assassinados neste ano.

A índole de todos hé de uma summa reserva e vingança; por qualquer leve capricho se despicão e o fazem atraiçoadamente a tiro, vulgarmente de traz de páu; o primeiro cuidado d'estes he haver huma arma de fogo, ornato que temem muito, se tornão atrevidos e capazes de todo o mal; e n'este continente he o uso da espingarda frequente, as mortes frequentes; os homens quietos e arranchados temem estes vadios e os soffrem, por evitarem cahirem na indignação d'elles... (...) as justiças se não fazem (...)


Diante do vigésimo assassinato no ano em Itabaiana – 50 por cada cem mil habitantes na média anual - ocorrido nas proximidades do Estádio Presidente Médici nesta quarta-feira, 11 de junho, só nos resta lamentar como o fez o Ouvidor-mor Antonio Pereira de Magalhães Paços em carta à Sereníssima Rainha D. Maria I em 26 de abril de 1799, relativo a Sergipe.
Por aqui é assim. A polícia só prende bagrinho, bêbado ou algum leve arruaceiro; esquentado que atirou em alguém, talvez. Quanto à bandidagem, estes vivem impunemente e se acertam da forma como sabem: matam-se uns aos outros. Se no meio aparece alguém que não faz parte desta corriola, se a família é "de sangue no olho", vai à forra através de um pistoleiro. Se não, resigna-se e pede a Deus pra que nunca mais aconteça. " As justiças se não fazem(...)"
E meus impostos continuam a ser cobrados.