quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Delegacia nova; vícios seculares.

A inauguração prevista para a próxima semana (e pode? Na semana das eleições?) da nova sede da Delegacia Regional de Polícia de Itabaiana (mais aqui) nos remete ao início do século XIX, quando por décadas, depois de o Brasil independente, a mesma funcionou em prédio alugado. Em 1843 sua localização era na Rua do Sol, a única com alguma importância no vilarejo, porém em fase de construção, segundo fala do presidente provincial Anselmo Francisco Perreti à Assembléia Provincial . Em 1850, em fala dirigida à mesma assembléia em 1º de março, o presidente Amâncio João Pereira de Andrade alarmava-se sobre o estado das cadeias públicas de Sergipe: “Na de Itabaiana são os troncos a segurança dos presos, que de mais, precisam ser guardados com sentinella a vista./Consta que o edifício, onde he a prisão publica dessa Villa está em por tal modo arruinado que ameaça hum desmoronamento; convindo por isso, que seja, o quanto antes demolido, para evitar-se algum successo fatal ao mesmo destacamento que ali se abriga.” Em 1858 dizia o presidente João Dabney d'Avella Brotero: “Na Villa de Itabaiana existem paredes de pedra e cal que indicão terem sido feitas em toda circumferência de um antigo e arruinado sobrado de domínio Municipal, ou Provincial, com destino para a Cadeia, sobrado que houve alli, e que servia de prisão e de Quartel. Estas paredes não têm uma altura igual, em um parte tem cinco ou seis palmos, em outra dose./Observa o Delegado qu esta obra está no centro de uma rua, e em um logar que não permite esgotadôro./Hoje serve de prisão uma casa alugada. Durante o anno foram a Ella recolhidos 13 presos; actualmente não tem nenhum.” Em 1872, a mesma coisa, conforme diz o presidente Luiz Álvares d’Azevedo Macedo, em Relatório de 16 de junho: “Ordenei o aluguel de uma casa, que servisse de Cadeia na Villa de Itabaiana, não podendo merecer tal nome a antiga casa que servia de prisão.” Notar que até mesmo a casa particular usada anteriormente era extremamente precária.
A queda na qualidade, ao menos no que toca às instalações policiais é flagrante. Saímos de um prédio robusto em 1949, (finalmente construído em 1918) para um de inferior qualidade na esquina das ruas Antonio Dutra com Capitão Mendes. Ali a cadeia ficou por quarenta anos quando foi mudada para a choupana onde até hoje está. E agora, nem mais prédio próprio, e portanto feito para tal finalidade, terá.
A localização parece servir mais a propósito publicitário do que de eficiência. Completamente equivocado para tal finalidade. Tomara Deus que tal locação não o seja por um velho costume que grassa por aqui, qual seja o de alugar prédios para funcionar instituição pública como forma de “ajudar” certos “amigos”, mediante copiosos aluguéis.
Ver mais em:

Falla com abrio a 2ª Sessão da 6º Legislatura da Assembléa Provincial de Sergipe, o Excelentíssimo Presidente da Província, Doutor Anselmo Francisco Perreti, em o dia 21 de Abril de 1843. Typographia Provincial. Sergipe. 1843. (origem: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro)

Falla que dirigio Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua Sessão Ordiná ria no 1º de Março de 1850, o Exm. Snr. Presidente da Província, Dr. Amancio Joção Pereira de Andrade. Typographia Provincial – 1850 No Largo do Palácio, por J. J. da Silva Braga. (origem: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro)
Relatório com que foi aberta a 1ª Sessão da Duodécima Legislatura da assembléa Legislativa de Sergipe pelo Excellentíssimo Presidente João Dabney d'Avellar Brotero. Bahia, Typographia de A. Olavo da França Guerra. Rua do Tir-Chapéo, n.2. 1858. (origem: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro)

Relatório apresentado perante a Assembléa Legislativa de Sergipe da Província de Sergipe pelo Exm Snr. Presidente da mesma, Doutor Rui Álvares d’Azevedo Macedo por ocasião de sua abertura no dia 04 de Março em 1872. Typ. do Jornal de Aracaju. Rua da Conceição.
(origem: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro)

http://www.crl.edu (Brazilian Provincial Reports)