quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Monstrumento.

Monstrumento. Ou um monumento à monstruosidade. Perdoem o neologismo, mas é nisso que cada vez parece estarem Prefeitura e Governo do Estado a transformar a unidade de saúde do ex-SESP. É um fecha-fecha interminável. Janela, muros... fecha tudo!

Contra-senso. No mínimo.
Todos os manuais de Saúde Pública da OMS e conseqüentemente de todos os órgãos a ela filiados mundo afora, Brasil inclusive, afirmam da necessidade de iluminação e ventilação naturais em ambientes onde estejam seres humanos. Principalmente os de... Saúde! Ou de tratamento de doentes. Por isso conjuntos habitacionais – financiados e ou fiscalizados pelas agências internacionais (BIRD, ONU, OMS, et coetera.) - são construídos levando em conta certa distância entre as suas unidades (que a malandragem dos politiquinhos brasileiros diminuem no espaço geral para economizar os vinte(só?) por cento da gatunagem). Por isso os hospitais - antes da arrogância tecnológica subir à cabeça dos humanos – eram construídos em locais frescos, preferentemente altos, arborizados e, claro, muito ventilados. A arrogância acima descrita junto com a ganância de lucros e a conseqüente desregulamentação – se não nas normas; mas na prática – levou à instalação de instituições clínico-hospitalares em situações pra lá de desaconselháveis.
Bem, mas a observação aqui é sobre o novo perfil do posto de Saúde do SESP. Estão construindo uma muralha que mais parece para uma clínica antiga para doidos do que para pacientes comuns e atuais. Talvez o tamanho da muralha justifique o investimento de quase meio milhão de reais na reforma de um prédio que custaria possivelmente apenas o dobro disso(muros são sempre pra esconder). Mas o que chamou a atenção deste meio escriba e meio servidor dinossáurico da Saúde é que estão acabando com uma das principais coisas boas do prédio, feita exatamente para adequar-se às normas da OMS: a ventilação. Alguns, menos curiosos ou mesmo menos inteligentes hão de se perguntar por que a “besteira” de ter os engenheiros do finado SESP ali construído aquele prédio com uma base tão alta. Eis a resposta: ventilação. Ninguém; nenhum ser vivo vive sem ar. Por mais computadores, naves espaciais, aparelhos “de saúde” milagrosos que construa. O ar continuará sendo necessário aos pulmões com interrupções máximas de um ou dois minutos e raríssimas vezes. Também o tal muro assassino de ventilação não garante segurança absolutamente nenhuma, se é que é essa a alegação. Todos os manuais sérios de segurança atuais são unânimes em afirmar o perigo que é o cercar-se de muros, criando assim um esconderijo ideal para ladrões mais técnicos se aproveitarem da ausência do dono, especialmente as mais prolongadas. Mas, reclamar a quem, né? Os liberais liberaram tanto que acabaram dando tiros nos próprios pés. Como exemplo a atual enxurrada de quedas de preços de ações nas bolsas de valores. Os governos dos “companheiros” parecem não estar a fim de “contrariar” ninguém. E fiscalização com exigência de cumprimento de normas é o que mais irrita aos da liberdade ilimitada. Enquanto isso sobem monstrumentos, para dar vazão a gastos que deveriam ser investimentos. É o PAC do empacamento de tantas outras obras bem mais necessárias e urgentes num município tão carente. Geração de notas.
Oremus!