sábado, 4 de outubro de 2008

Cálice

Esse silêncio todo me atordoa,
atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá qualquer momento,
ver emergir o monstro da lagoa

Chico Buarque/Gilberto Gil. In Cálice.


São 23 horas da sexta-feira que antecede ao sábado, véspera de eleição. A barulheira infernal que se fez até ontem, hoje, pelo menos amainou e a calma voltou à cidade. Enquanto isso, o silêncio profundo é cortado por carros apressados, alguns com apenas duas pessoas, que trafegam pelas ruas como foguetes como se a levar mensagens a agonizantes. Nalgumas casas pessoas recebem mensagens. Talvez uma saudosa lembranças dos tempos de chumbo do AI-5. E as mensagens continuam. E elas continuarão, a despeito da “vigilância” que sempre “cuida do normal”, elas continuarão. Até que se venha a parir mais um monstro pelos próximos quatro anos.
Pai, afasta de mim esse cálice. Mas que seja feita a tua , e não a minha vontade.