sábado, 7 de fevereiro de 2009

Camundongos e rapinas.

Camundongos, Rapinas, Pebas, Cabaús, Caras pretas, Rabos brancos, Liberais, Conservadores, Udenistas, Pessedistas... tudo isso serve pra quê? Para que espertalhões, de lado a lado, se apossem da máquina pública, de forma direta ou indireta, se lambuzando no mel que dela vem, vivendo como vegetal sem nada contribuir com os de seu tempo e com os que hão de vir. Um excremento humano. Fossem as siglas supra mencionadas, meios de progressão, ao menos dos seus protagonistas e a história seria outra. Não são. Cabe, pois, aqueles que pilotam essa nau cheia de loucos a tarefa de acorrentá-los, de vendar-lhes os olhos que tão pouco vêem; e até tapar-lhes as bocarras fedorentas cheias de peçonhas a vociferar idiotices e cuja única outra finalidade é comerem tudo como se fossem lagartas, vomitando quase tudo em seguida como ocorre a todos os gulosos.


Bom, bom, bom, não ta não, mas...

Dizem por aí que o prefeito Luciano Bispo tem feito o diabo pra desalojar os chiquistas e, portanto, anti-lucianistas, da máquina privada de fazer dinheiro na qual se transformou a Micarana.
Da minha parte, sem o menor pudor ou temor de ser execrado a mando dos ditos espertalhões, acho a Micarana o maior desperdício de dinheiro público a quem alguém pode se dedicar. Se eu fosse o prefeito Luciano, bateria o pé e diria: não, e não e não! Seu benefício popular, do ponto de vista do lazer proporcionado é extremamente questionável. Politicamente é uma meleca; já que, se fizer, ganha uns tapinhas nas costas além do tradicional “muito bem!” dos de sempre, mas deixa o município quebrado; outrossim, se não o fizer, vai ter que agüentar a cantilena dos espertalhões a puxar o coro dos naturais descontentes. Financeira e promocionalmente para a cidade é um desastre. Serve tão somente para que uns poucos troquem seus carros de luxo e façam outros investimentos pessoais, passando o resto do ano sem mais nada fazer “de bar em bar, de mesa em mesa; bebendo cachaça, tomando cerveja”. Enquanto isso, o município que absolutamente nada arrecada com isso, sequer vê chegar verdadeiros turistas que aliviariam a gastança dos ditos festejos; festejos estes que, até por questão de natureza de segurança comercial, sequer os kits dos blocos podem ser aqui fabricados. Eis o que é a Micarana: o maior bota-fora de dinheiro onde os únicos a ganhar são exatamente os que absolutamente nada investiram.
Quanto à decisão de Luciano... a de expurgar os chiquistas, se a tomou, tá mais que certo. Não foi isso mesmo que foi feito desde há quatro anos atrás? Não é uma festa privada com dinheiro público? Não é ela privativa do grupo dos “amigos” de quem manda na Prefeitura? Então “tá bom! Bom, bom, bom, não ta não! Mas ta bom!”

Começou errado.

Até o início dos anos quarenta, a cultura dos que mandavam no Brasil era de que a festa – de que todos sempre gostaram - era algo demoníaco, portanto, proibido. O cinema, o rádio e depois a vitrola espalharam cultura organizada e enlatada pelos quatro cantos do mundo modificando sensivelmente a forma de ser das sociedades. O domínio político saiu do campo exclusivo das armas, da política dos conchavos e da religião para ter um concorrente à altura: a mídia. Em Itabaiana não foi diferente.
No início dos anos quarenta o rádio a válvula trazia notícias muitíssimo mais rápidas e baratas que o telégrafo e muito mais que o jornal. Também trazia música e costumes. Localmente nossos “sambas” (forró é uma terminologia da segunda metade do século XX), quase sempre afastados "da cidade" era a única diversão. Mas ao fim dos anos quarenta surgem por aqui os primeiros clubes de recreação, em especial a Associação Atlética de Itabaiana. E eis que aparece a Micareme de 1949, Uma festa particular, dos sócios da Atlética, mas feita com dinheiro público segundo a lei número 29, de 09 de agosto de 1949(*). Ao que tudo indica a festa já ocorrera em abril – como ora ocorre – tendo sido a dita Lei apenas um socorro legal para justificar o investimento público já pago. Valor: dois mil cruzeiros ou R$ 536,96 (IPC-SP). Euclides Paes Mendonça, raposa política de primeira, voltou com a festa na sua mesma formatação de 1957 até seu desaparecimento em 1963 (leis 155/57; 171/58; 188/59; 199/60; 216/61; e 226/62).
(*) Nos tempos coloniais, até as Posturas municipais vinham de Lisboa. No Brasil independente, já no Império, nenhuma Lei era criada pela municipalidade, exceto a dita Postura Municipal. A numeração de leis municipais na República cessa com o Estado Novo e recomeça no pós-Constituição de 1946. Daí o porquê da numeração baixa da dita Lei.