sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Neologismos.

Bem já o dizem os lingüistas que a língua é dinâmica; está o tempo todo a sofrer modificações. Por exemplo, a política é quem mais inventa termos. Ultimamente achei interessante o termo “pilantropia” misto de filantropia com pilantragem, algo muito comum, inclusive aqui, em Itabaiana. Eis que o governador Marcelo Deda acaba de criar ou tornar público mais um: ambulantropia, a filantropia de ambulâncias, creio(mais aqui).
Dos ramos de prestadores de serviço que mais sobressai na política, especialmente em cargos menores, são os “fulano da ambulância”. Em Itabaiana, sem muito nos aprofundar, tivemos o saudoso Borrachinha, ex-craque da Olímpica de Itabaiana e motorista da ambulância do Hospital Dr. Rodrigues Dória (hospital morto numa operação de sonegação aos impostos e às contribuições do INSS). Durante anos e até o trágico acidente que o vitimou em 29 de agosto de 1982, José da Paixão, nome do conhecido Borrachinha, era referência na ainda pequena cidade e foi eleito vereador em 1970.
De lá pra cá tivemos o também saudoso José Xavier Correia, tivemos Pedro Góis, hoje aposentado, que mesmo não usando a ambulância propriamente dita, como taxista "fez muito favor" do gênero. Na mesma linha o saudoso Jose Evangelista dos Santos, Zequinha de Mídia, e por fim Edineuza Negromonte. Mas isso não quer dizer que só estes tenham tido cunho assistencialista e isso tenha se restringido apenas aos vereadores ou candidatos que nunca foram eleitos – que são vários - como é o caso de Dissa da Ambulância.
Quem mais se beneficia do cabresto são os cabeças do sistema já que são eles os grandes operadores do mesmo. Quando garoto, portador de duplicidade do polegar direito e vivendo no povoado Mangabeira, durante um comício, quando Euclides Paes Mendonça buscava consolidar e até ganhar mais votos, alguém sugeriu-lhe que me levasse pra Salvador pra fazer uma “operação” no dedo, uma cirurgia corretiva. Prontamente Euclides vaticinou: “Não, meu senhor, esses dois dedinhos é pra pegar melhor na caneta.” Até hoje permaneço com meus dois dedinhos que nunca me incomodaram e Euclides deixou de gastar “desfazendo uma obra que Deus fez” como complementou ele, então. Assistencialismo, era o que mais Euclides fazia. Com o dinheiro do próprio povo, claro.