quarta-feira, 31 de março de 2010

Mata-mata

Olha, eu não gosto desse mata-mata em que a polícia sergipana está se envolvendo (mataram mais quatro hoje). Tem alguma coisa errada. Uma coisa é um confronto de vez em quando; outro é uma rotina como está se tornando.
O pior é que a mais inocente das suspeitas é a de preguiça de investigar; de uso da força bruta ao invés da inteligência. Mas aí vem as outras, inclusive a perigosíssima suspeita do apagar de arquivo. Gente morrendo pra não delatar quem da própria polícia ou até da Justiça estaria se beneficiando com o crime. É louvável a forma com que parte da polícia sergipana vem se comportando. Isso, todavia, não dá salvo conduto pra matança. Especialmente porque, repito, por trás da matança pode estar se escondendo um câncer de proporções colossais.
Quem diz é o mestre Maquiavel: a pena que realmente importa não é a pena capital; de morte. É a pena pecuniária. Não existe maior humilhação a um celerado do que tirar tudo dele deixando-o apenas com a vida para que reflita melhor sobre o uso do poder.
Polícia não é pra matar. Polícia é para prevenir, se necessário abordar, se ainda necessário prender e só depois de exauridos todos os recursos, o mata-mata. Bandido não tem medo da morte; ele já sabe que é um condenado. Todavia, um tempo no xilindró pra que ele saiba que perdeu algo – morto não pode saber disso – e poderá se transformar num desestímulo à nova safra de bandidos que não para de brotar como carrapatos. A única forma de transformar o “herói” bandido em exemplo a não ser seguido não é matando. É mostrando que o braço do Estado é infalível. Aprontou, dançou.