segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

NO CAMINHO DE SANTA DULCE, COM AS BELEZAS DA HISTÓRIA.

 

Santa Paulina

Olhando assim, a montagem mapa e foto de fundo é só uma vaca no meio de outras pastando, que a minha netinha, Elisa, três aninhos, ontem, 26 deste fevereiro, por volta das onze horas me fez parar e fotografar. Mas isso sempre me leva à memória do nosso fantástico passado. À História.

Túnel do tempo.


Na minha mente, contudo, houve um retorno rápido a 1640, quando os holandeses de Maurício de Nassau vieram regulamente por sete anos, ao fim de cada ano, na fazenda da qual essa pastagem de hoje faz parte comprar parte da boiada para abastecer Pernambuco, pelos seus engenhos de força motriz e suas cozinhas de carne. Boiadas e mais boiadas atravessaram o rio São Francisco em tempo de seca do rio (julho a dezembro).

O início do Caminho

Fui conferir o mais novo item, parte do que identifica o trecho inicial do Caminho: a estátua de Santa Paulina – fotos que abrem este artiguete - uma espécie de integração aos caminhos do Brasil, uma vez que o Caminho dela já é realidade no estado de Santa Catarina.
O trecho do Caminho de Santa Dulce até o Parque dos Falcões é esquenta aos caminhantes peregrinos, que sai da Maternidade São José – local do primeiro milagre da Santa – com o firme propósito de percorrer os 400 quilômetros até o Santuário da santa, em Salvador.
Uma aventura gostosa, com higienização da alma e com sérias consequências benéficas à saúde; senão pela fé, mas pelo próprio exercício mental e físico. Bem estar geral.

O Cavaleiro, eu e minha neta
O “esquenta”, que percorri de carro(*) - eu com minha esposa, Rosinete; e nosso xodó, Elisa - em parte, só até a estátua do cavaleiro, ao pé da serra se acha muito bem sinalizado; contudo, ainda cabe mais enriquecimento, e nesse caso com marcos celebrando nossa história.
Um que considero imperativo no trajeto é um monumento onde cruza com a primeira versão da estrada real do sertão, Salvador-Olinda, ou Caminho do Sertão do Meio(**), coincidentemente há poucos metros da entrada para o povoado Boimé.
Os boimés foram a segunda tribo existente dentro das serras, ao lado dos mathiapoones, mais a oeste, donde surgiu a lenda, provavelmente levantada por Armindo Guaraná e que chegaria aos dias de hoje pelo grande timoneiro Sebrão, o Sobrinho. (***)
Ali é imperativo que se tenha um monumento celebrando nossa cultura, com natural indicativo da estrada aqui encontrada pelos holandeses, e que foi por ela até a fundação da cidade, em 30 de outubro de 1675.

(*) Não o fiz a pés, apesar da curta e prazerosa caminhada devida a ainda me achar em recuperação das sequelas de um AVC, sofrido há quatro anos. Mas o gostoso e se fazer assim.

(**) Também Caminho das Boiadas, e ainda dos jesuítas.

(***) Os boimés foram aldeados na Missão do Carmo do Japaratuba, hoje cidade de Carmópolis, provavelmente no início do século XVIII, obviamente sob responsabilidade dos carmelitas. Foi um costume da época. Já quanto aos mathiapoones, provavelmente foram extintos, parcialmente, escravizados ou mestiçados com o invasor luso-espanhol de 1590.
Há dois povoados em Itabaiana com os respectivos nomes: Boimé e Matapoan.