sexta-feira, 20 de junho de 2008

Lourival ou Seixas?

Pra onde vai a Segurança do governo Deda? Estaria mais pra Lourival Baptista ou mais pra Seixas Dória?
A morte de Tonho Cabaré em Itabaiana não foi apenas a morte de um sapateiro e presidente de uma liga de esporte amador. Tem ela todo um significado político, mesmo que não tenha sido executada a mando de alguém da política partidária. E o motivo é simples. Nenhum bandido age sozinho. Quem mata outro sem envolvimentos de terceiros são os esquentadinhos em briga de bar. Fora disso tem todo um planejamento desde a encomenda – ou as raras decisões por motivos pessoais - o estudo das viabilidades financeiras, de fuga e, óbvio de acobertamento. Tem que ter “alguém mais alto a lhe guiar”, como diz o poeta. É clássica a cena, mesma que rara, do desvendar de crimes pela descoberta que o criminoso, mesmo que de mando, estava na fazenda de A ou B. Recordo-me que na adolescência, em visita a uma cidadezinha dos sertões, fazendo andanças pela sua zona rural me deparei com uma paisagem ao longe que tive vontade de ver mais de perto. Fui logo advertido pelo meu amigo e cicerone de que ali era território proibido. Motivo? Os “amigos” do proprietário ou dos amigos do proprietário. A fama de violenta de Itabaiana vem de longe. Assim como a infame vinheta que foi durante muito tempo usada pelo radialista Santos Mendonça na Rádio Liberdade que começava seu programa na década de 50 com o dístico: “Olhe, eu lhe mato e vou pra Itabaiana”, tudo isso tem origem nos tempos de chumbo da política pior do que é hoje – da era dos Rapinas e Camundongos (Liberais e Conservadores) - da era imperial, quando aqui era covil de assassinos. Ainda há por aqui os “sabidos” que jactam-se de esconder assassinos.
Pois bem. Não tenho a menor dúvida que o assassinato de Tonho Cabaré o foi por motivos alheios à política. Porém, não tenho a menor dúvida de que assim que perpetrado, o “manto protetor” de algum político, de alguma forma está atrapalhando o trabalho da polícia. É o modus operandu. E é aqui que entra o governo do Estado. Além do estrito cumprimento de seu dever, a polícia tem que desvendar esse crime e o mais rápido possível já que se trata de um problema que pode ser agravado enormemente num futuro próximo e comprometer o bom desenvolvimento do governo estadual pela inevitável contaminação político partidária.
Em 1967, mesmo contrariando qualquer bom senso ou norma clara de Justiça e fazendo uso do poder autoritário de que então dispunha, Lourival Baptista repôs os controles sob sua mão ao mandar prender meio mundo de gente envolvida ou suspeita de, nos assassinatos do deputado Torres de Propriá; e de Manoel Teles em Itabaiana. Mostrou que é o Estado quem tem que mandar. A mesma sorte não teve Seixas Dória em 1963 quando perdeu o controle e deixou que chacinassem dois deputados na mesma Itabaiana sem solução alguma, exceto pelo horror que se repetiria quatro anos depois. Não se brinca com bandido, pouco importa se investido ou não de cargo público, eletivo ou nomeado. É o Estado quem tem que mandar. É ele a origem de toda e qualquer forma de civilidade. Sobre Seixas, de tão acuado teve que se apegar a um governo também titubeante de João Goulart o que lhe reservou a perda de mandato em abril de 1964 e alguns anos de cadeia. E isso com certeza não foi apenas por um discursinho na Central do Brasil alguns meses antes. Justiça seja feita, quem começou a bagunça no controle de Estado sobre os coronéis da política interiorana não foi Seixas. Tudo começou quando Arnaldo Garcez permitiu o avanço dos “ilimitados” no que foi seguido, como desforra, por Leandro Maciel. A responsabilidade de Seixas está em não bem administrar a herança maldita.
O caro governador Marcelo Deda Chagas, figura já grande na República não pode e nem deve ficar refém de grupelhos de reputação e principalmente de atuação duvidosa. Tem que tirar isso a limpo. Doa a quem doer. Até mesmo para bloquear certos discursos inconvenientes. Ou vai perder o controle. E assim perderá a República uma das suas maiores promessas – já de em parte real - atuais.