terça-feira, 29 de julho de 2008

Avisos inquietantes.

Um acidente ocorrido hoje, por volta das sete da manhã no cruzamento das avenidas João Teixeira com Manoel Francisco Teles deixou duas vítimas com escoriações, um susto danado, a correria do SAMU cujas viaturas passaram por mim em desembalada carreira para cumprir com seu papel e, principalmente, um aviso. Um inquietante aviso.
Em 1966 havia na esquina formada pelo encontro das ruas, São Paulo e Augusto Maynard, e Praça João Pessoa um sinal de alerta. Não havia em Itabaiana mais que cem viaturas em circulação entre carros de passeio, caminhões, utilitários e ônibus. O número destas que também demandavam Itabaiana diariamente não deviam passar de vinte. Acabou tudo e somente em 2001 é que chega novamente uma sinalização de trânsito, bastante restrita e, periodicamente, um monte de policiais militares, prancheta em punho, pra multar de forma pra lá de questionável, já que a cada multa havia a suspeita de negociações corruptas, seja de forma direta, com os envolvidos diretos; seja terceirizado: o guarda multava, o polítiqueiro tirava a multa e ficava com o voto.
O local onde hoje ocorreu o dito acidente, somente não já presenciou uma desgraça monumental porque é tão perigoso, mas tão perigoso que todo mundo, mesmo os mais desajuizados morrem de medo de ali se arriscar. Uma esquina de duas avenidas movimentadas, onde caberia no mínimo uma rótula, tem cruzamento direto e pior, com um vão enorme de pista o que convida a todo o tipo de aventura “pra cortar caminho”. Não bastasse isso, permaneceu um vício de usos e costumes, agora em contramão, de quem sai da Praça São Luiz em direção ao centro, como se insistisse no costume de ser ali a primeira estrada pro Campo do Brito, como o foi até os anos 30. O detalhe é que naqueles tempos ela era direta com a rua que adiante preserva o nome – Rua Campo do Brito – e não havia até 1950 a BR-235, que é a atual Avenida Manoel Francisco Teles no seu primeiro ramal dentro de Itabaiana. Na dita esquina da São Luiz, a trinta metros do cruzamento principal existe uma oficina onde nos últimos oitos anos tem ocorrido todo o tipo de abuso por parte da clientela que, na menor das hipóteses, tapam completamente a visão de quem precisa cruzar a avenida (vide foto).



De quem é essa batata quente?

Fruto da mania uspiana(*) de administrar o Brasil segundo o modelo americano, a também mania de municipalização tomou conta do país desde fins dos anos 80 e vem se notabilizando por monstrengos que, ao invés de atingir os objetivos supostamente esperados, vai criando cada vez mais aberrações. Começou pelo SUS quando impôs uma estrutura organizacional onde num município como Pedra Mole com menos de três mil habitantes ficava a obrigação de criar uma estrutura administrativa pouco menor que a da Capital, Aracaju. Caiu a ficha e algum avanço no sentido de corrigir essa idiotice já foi tomado há pelo menos dez anos. O número de tuberculosos, a estagnação nos números de vacinas aplicadas - tudo isso sujeito a” inflações” de números favoráveis – continua. E aí não parou mais até chegar no trânsito.
As fontes de financiamento para a execução da política municipal de trânsito vêm principalmente de dois itens: o IPVA - o de Itabaiana é disparado o segundo maior do Estado, só perdendo para a Capital - e o Poder de Polícia: as multas. No primeiro caso o Imposto é cobrado pelo Governo do Estado, nada a respingar politicamente nos prefeitos. Já no segundo, cabe a pergunta: teria Maria Mendonça – ou qualquer outro - a coragem de perder meio mundo de votos aplicando a Lei de Trânsito em Itabaiana? Num lugar onde em 22 de julho de 1673, antes mesmo da existência do município, já era demitido um funcionário real por não cumprimento de suas atribuições?
No caso da municipalização do trânsito em Itabaiana, sequer houve uma transição; e até mesmo porque quando era de atribuição direta do Estado este desconsiderou sumariamente o problema. Os doutores da Capital não ligam muito pra “essa gente do interior”.
Rezemos a Santo Antonio que proteja seus munícipes, pois.

(*)Núcleo de Economia e outras ciências sociais da Universidade de São Paulo, corrente predominante na alta e média administração pública federal desde o início do governo Collor.