quinta-feira, 31 de julho de 2008

Das tragédias nossas de cada dia.

É impossível ficar indiferente ao que ocorreu hoje pela manhã, na Rua Monsenhor Constantino, aqui em Itabaiana. Porém é extremamente difícil encontrar outra palavra que não loucura, para a atitude de Márcio Lopes dos Santos, 26 anos, em matar o próprio filho, uma criancinha de apenas três anos; atentar contra a esposa e depois cravar uma faca em si próprio chegando a óbito.
Atos dessa natureza são indesejados, porém, sempre esperados numa sociedade com níveis de competitividade que beira a própria loucura de que Márcio foi vítima e com ela vitimou. A cidade cresce; a riqueza cresce. Infelizmente, paralelamente também cresce velozmente tudo quando é de ruim, desde um número preocupante de viciados em drogas legais, ditas controladas, a até gangues de assaltantes e pistoleiros que vez por outra se descobre onde jamais se ousaria pensar. Tudo pelo dinheiro; pela posse do carrão, do aparente sem substância alguma. Nessa correria, uns acabam nas clínicas pra malucos; outros na paz dos cemitérios. A cobiça leva à inveja que leva à usura que daí deriva para variadas vertentes, nenhuma a que se possa dizer “Deus te benza!”.
É alarmante o número de jovens de classe média metido em falcatruas de todo o tipo. Gente que deveria estar seguindo os passos daqueles pioneiros da década de setenta que encheram a UFS de ceboleiros, mas que, apesar de dispor dos recursos de que aqueles não dispunham têm preferido o caminho fácil do lado negro, geralmente também o mais fácil para o cemitério. No mínimo para uma penitenciária.
É apaixonante o dinamismo do povo de minha terra. Mas que está faltando o lúdico, isso está; e é urgente. É preciso que fique claro que existe vida além de uma conta bancária ou de uma carreira de sucesso que leve a ela. Qualquer coisa serve: dança, cinema, teatro, ginástica coletiva, esportes variados e populares, macumbeiro, feiticeiro, padre, pastor... alguma coisa além daquele papel impresso na casa da moeda.
"E eu que não creio, peço a Deus por minha gente (que apesar de tudo) é gente humilde..." (Chico Buarque e Garoto)