segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Morreram mais um. E daí?

...e as justiças se não fazem;
(Magalhães Paços, Ouvidor da Capitania de Sergipe, 1799.).

Bem, (ou pior, mal), ontem por volta das dez da noite, encostado a um dos raros espaços que a desassistida juventude itabaianense tem pra sair, na Praça João Pessoa, centro da cidade, dois bandidos numa moto encostaram e mataram mais um na interminável lista desse ano. Polícia? Ah, a polícia sempre chega pra fazer o laudo cadavérico (às vezes atrasa; mas, pouco), e seus porta-vozes vão ao rádio prometer que “agora...” e enquanto isso a sociedade “olha o corpo estendido no chão e fecha – mais uma vez – sua janela de frente e pro crime” (De frente pro crime – João Bosco e Aldir Blanc). Ah, novidade: fala-se em aumento de policiamento. De novo. Novo, porque o velho seria capturar o(s) assassino(s) de Tonho Cabaré. Seria antecipar-se aos bandidos. Seria.
Aliás, hoje pela manhã, não consegui captar toda a conversa travada no programa de rádio de Eduardo Abril, na FM Itabaiana, mas, aparentemente o comandante local do Terceiro BPM prometeu abrir um posto policial no Bom Jardim, salvo engano. Um bom passo pra voltarmos a 02 de novembro de 1787(*) quando sob o comando do Capitão-mor João Nepomuceno Regalado Castellobranco e Loureiro tínhamos posto policial no Pé do Veado além dos povoados que hoje não mais pertencem a Itabaiana: Campo do Brito, hoje cidade; Bernardo em Moita Bonita; e na Santa Rosa de Lima, também cidade. Ou pelo menos imitar 1949 quando havia delegados de interior na Ribeira (um militar de nome Temístocles), na Mangabeira (um civil, meu pai, Alexandre Frutuoso Bispo, no Gandu que me escapa o nome; e se também não me escapa à memória ou a precisão da informação, também teria um na Várzea do Gama de nome Francisco Teles de Mendonça. Havia mais outros, só que não lembro ou tenho conhecimento. Eram delegados, especialmente os civis, de cunho político, claro; mas cumpriam alguma função de controle social.
Deficiência policial em Itabaiana é coisa cultural. Como também é cultural a ineficiência. Tradicionalmente sempre tivemos alto índice de crimes e baixíssimo número de policiais e pior, medíocre índice de solução. Resta-nos a vingança. O acerto de contas. Assim o será enquanto nossas autoridades sequer morarem no município, numa repetição a Luiz Pereira da Silva, nomeado em 11 de dezembro de 1671. Sem o que lhe resultou, já que foi demitido em 22 de julho de 1673 por se manter ausente do local de serviço, antes de vencer os três anos, como de praxe.

(*) Observação relativa aos corpos de auxiliares e ordenanças da Capitania da Bahia, que regulou o Governador e Capitão-General D. Fernando José de Portugal em observância da carta régia de 02 de novembro de 1787. (annexo ao no. 14.394). In Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume 34, p. 224. Rio de Janeiro, 1912.