quarta-feira, 1 de abril de 2009

Os periquitos

Periquito é uma ave muito barulhenta e, de vez em quando danosa.
Quando era criança, muitas vezes vi agricultores vizinhos e até meu próprio pai “tiririca” da vida com os passarinhos azuis-verde-amarelo por suas manias.
Era comum se plantar, entre março e abril, o milho que nos daria a canjica do São João e o cuscuz do ano inteiro, além do feijão e do amendoim. Em relação ao feijão, nenhum pássaro tocava. Sabiá, bem-te-vis, rolinhas caldo-de-feijão, sanhaçu, cabeças-vermelhas, pintassilgos, nem periquitos. Já em relação à plantação de amendoim e milho, era um inferno! Ao plantar tinha-se que passar uns três dias de vigília senão os desgraçados comiam tudo. E aí se perderia a plantação. Como se sabe, a natureza tem seus ciclos que devem ser respeitados. O inverno é um deles. Passou da época, já era; só no próximo ano.
Sobre o comportamento dos periquitos, até os danados também saíam perdendo. Mas disso, eles não sabiam.
O que dói é ver que gente, de carne e osso, como se diz em certa gíria cabocla, agir como periquitos; comendo as sementes que dariam quilos ou toneladas de alimentos num futuro próximo, numa ganância danosa que os deixará com fome ou semi-nutridos futuramente.
Eis o porquê de algumas sociedades crescerem; enquanto outras, quando muito, vegetam; sem sair da miséria eterna.