terça-feira, 24 de março de 2009

Minha dor é perceber...

No próximo dia 03 de abril completará 20 anos que foi promulgada a mais recente Carta Magna Municipal – aliás, única – a Lei Orgânica do Município. No Artigo 3º de suas Disposições Transitórias diz que a Prefeitura encaminhará no prazo de seis meses as leis complementares: Código Tributário; Código de Obra e Urbanismo; Estatuto do Magistério e Estatuto do Servidor.
Bem, mas o que me traz aqui não é a aplicação específica de nenhum artigo; e sim, a lembrança da imensa tristeza que se abateu sobre mim quando numa madrugada qualquer de 2001, ao terminar de digitar o conteúdo da dita Lei Orgânica e descobrir que... Meu Deus! Que maravilha de Lei! E que palavras agora usar?
O que me leva à lembrança da Lei Orgânica e da tristeza que me assolou naquela madrugada é o crime ecológico (veja mais aqui) – sem criminoso identificado – ocorrido no Açude da Macela, sem nenhuma comoção popular (já que não saiu no Jornal Nacional) previsto nos artigos pertinentes ao Capítulo VI, do Título IV – Do Meio Ambiente. Sequer as fotografias que dessem lugar a calorosos debates com trabalhos escolares, passeatas... enfim: levantasse espíritos, ora em estado vegetativo, para a grandeza do lugar onde vive e a necessidade de cuidar da própria casa. Diante da indiferença, só falta a campanha: aterremos o açude (já pensou quantos “amigos” poderiam ganhar terrenos para serem negociados no futuro?).
Já que estamos no assunto, agora continua a me entristecer, saber que tudo continua como dantes e que, o Artigo 177 foi rasgado, dilacerado de ponta a ponta com a aprovação da famigerada Lei 1.222 de 08 de março de 2007, a que cinicamente dá direito (inconstitucional) de dar nomes de pessoas vivas a logradouros públicos; e que até o Santo Antonio, (Artigo 185, § 2º), previsto para ser colocado na serra, foi construído em tamanho reduzido, na entrada mais glamourosa da cidade, e num lugar onde todo mundo quer por alguma coisa o que já dificulta a visão do principal: a cidade.
Mas como “todos” irão embora, né?

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos. Ainda somos os mesmo e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos, como nossos pais.
Belchior - Como nossos pais.

P. S. O escrito originalmente Açude da Marcela foi grafado de forma errada (já corrigido). A grafia correta neste caso é Macela; e não Marcela. Já que se refere ao nome da planta, e não ao nome de uma pessoa.