terça-feira, 5 de novembro de 2019

De debutantes, piscinas e mundos perdidos.


É impossível a quem mais ou menos conheceu os estratos sociais da década de 70 não ter certas recaídas saudosistas de vez em quando. Mesmo que, como eu tenho militado na classe marginalizada ou semi-marginalizada. Eu, em 1975, egresso aos 15 anos da roça, era um jeca;  “apenas um rapazote latino americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior”, como tão bem lamentou em magistral canto o saudoso Belchior.
Nata masculina da juventude em 1968, em baile de debutante. Em destaque, Elenilde Ferreira
Tudo conspira à fuga para o passado! Tudo. Seja uma deprimente Caneta Azul viralizada na interrede, de horrível gosto, seja um comentário de amigo, como ontem ouvi do professor José Taurino Duarte, acerca dos bailes na Associação Atlética de Itabaiana; seja uma crônica de uma amiga nas redes sociais, como a Lilian Rocha (A Paisagem Secreta, 12/10/2013) a relembrar o glamour novidadeiro das piscinas na capital, Aracaju, de fato uma cidade com trejeitos de cidadezinha interiorana até meados da década de 1970, e confrontar com as minhas próprias lembranças – com dor de cotovelo – da revolucionária primeira piscina da cidade, do Aruanda Club, 1973 ou 74, que congregou toda “a alta burguesia da cidade”, como diz o Renato Russo em “Faroeste Caboclo”, até meados dos anos 80, quando finalmente ficou pronta a piscina da Associação Atlética de Itabaiana. Antes, porém, segunda da cidade foi a particular do Seu Agenor, sogro do saudoso e carismático Enéas Carneiro, candidato a presidente da República em 1989, seis ou sete anos depois.
Por fim, uma resposta a uma consulta particular a outro amigo, também confrade na Academia Itabaianense de Letras, o jornalista Dr. Luciano Correia, atual secretário Municipal de Comunicação de Aracaju, a me lembrar que uma foto, motivo da minha consulta se refere a um “Baile das Debutantes, 1978”, promovido a partir do Colégio Estadual Murilo Braga, o centro da juventude cabeça da cidade até os 1980, na turma do 3º Ano Científico, sob a coordenação do mesmo e de Blanar Siqueira.
Cá entre nós: frescuras, não; mas um certo nível de refinamento é fundamental, não acham?
À esquerda, caneca de chopp de festival tão em voga na década de 70; à direita, a referida foto, de estudantes do 3° Ano Científico. De 1978, trajes mais desportivos, porém ainda bem comportados para uma turma de estudantes, numa época de contra-cultura que aqui chegou com a Discotheque.