sábado, 15 de novembro de 2025

COMO HÁ 50 ANOS ATRÁS

 

De fato, jovem sempre foi jovem, mas agora à boquinha da noite eu me senti como há 50 anos atrás. Explico.

Fui convidado pelo Naajohn a me fazer presente em mais um sarau, dos tantos que tem promovido, desde as atividades no Campus Alberto Carvalho, a outras, como esse de hoje, realizado na meia-lua da Avenida Nivalda Lima Figueiredo, quase esquina com Luiz Magalhães.

Eu fui; mas não me demorei muito. O ambiente completamente estranho – tudo jovem, com idade de serem meus netos. A falta de alguém conhecido para trocar algumas ideias. O próprio John lá não estava no momento... me senti um peixe fora d’água.

Ao mesmo instante bateu uma lembrança “de quando eu era assim”. E isso se fez mais forte quando o garoto ao violão, aprendiz de João Gilberto e toda a sua calma, saiu de seu repertório atual de composições, visivelmente de bom nível, e adentrou velhas canções da minha adolescência.

Em 1975, não sabia tocar um violão quem não solasse a introdução, claro, depois entrando na canção de Fernando Mendes, “A Desconhecida”. Era obrigatório. Em geral, terminava tocando também “Preta Pretinha”, do saudoso Moraes Moreira, em geral com o grupo todo, Os Novos Baianos.

Pois foi por “A Desconhecida” que justamente o garoto de voz calma, gilbertiana, começou.

Passou-me um filme na cabeça, incluindo os saraus de meus amigos roqueiros, os saudosos amigos Nem de Abdon, Adelardinho e Cacá de Alcino, ao som do violão divinamente tocado pelo irmão deste, Luiz Antônio; às apresentações do saudoso Ivan Andrade. Gerações de jovens que se sucedem lutando, firmes, para tornar mais adoçada a vida.

Que venham mais e mais saraus, e que o Naajohn continue me convidando. Vai que, de repente me baixe de novo o espírito jovem, e eu me reenturme, né?

Sem cabelo quase nenhum à cabeça, mas me continua a ecoar nos ouvidos os versos de Belchior, “cabelo ao vento, gente jovem reunida”. E como berra o alemão – em inglês – Marian Gold (Alphaville), “eternamente jovem, eu quero ser eternamente jovem”. Seja “Como há dez anos atrás”, como disse o saudoso Renato, do Renato e Seus Blue Caps”; seja há cinquenta, cem, o que for.

“Eu acredito é na rapaziada!”