quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quero meu campinho de volta.

Leio hoje no blog de Aninha Mendonça que na Escola Neilde Pimentel, no Bairro Marianga aqui em Itabaiana uma experiência ali tocada de promoção ao judô vem trazendo excelentes resultados e, coincidentemente assisti a mais uma reportagem sobre a futura Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Os dois assuntos me reportam aos meus cinco anos de idade na pracinha da Mangabeira, a brincar com coleguinhas de mesma faixa etária – alguns deles meu primos – e onde já ali, por volta de 1965, o “mantra” recitado por nós ao chutarmos tropegamente uma bola era “gol de Pelé!” Isso serve para demonstrar o peso que o nome do já gigante tricordiano exercia naqueles tempos.
Ambos os assuntos também me reportam aos meus tempos de estudante primário e o imperdível recreio de trinta minutos onde se fazia – mesmo sem o saber ou querer – o treino necessário para a convivência social futura. Como? Através das também imperdíveis partidas de futebol. O campinho de futebol era um espaço socializante, edificador da cidadania e da convivência sadia com a diversidade e as adversidades.
E aí me deparo com meus filhos que já adultos ou quase, não lograram o prazer de ter espaço. Sua escola foi um lugar de entupimento mental, de poluição intelectual mesmo, de conhecimentos e teorias – na maioria das vezes anacrônicas e xenófobas, logo, de serventia duvidosa – como se tornou a escola brasileira. Um lugar de aprender, sim e ainda; mas acima de tudo um lugar de consumir livros de editoras cada vez mais sedentas de lucro e que chantageiam autoridades – escolares ou político-administrativas - através de sabujos na mídia, transformando o ato excelso e sagrado de ensinar e aprender num mero negócio. Acabaram com meu campinho. Não apenas no sentido físico, mas no sentido de tornar a escola um lugar de convivência social. Um verdadeiro preparo para a vida.
Do ponto de vista físico, a insensibilidade administrativa dos políticos retirou-nos a possibilidade de mantermos os espaços necessários ao lazer, e isso não apenas da criançada.
Oxalá que, aproveitando o clima de Brasil-2014, o esporte mais popular do país - assim como outros - volte à agenda da vida nacional possibilitando a redução de vários males atuais, inclusive a violência de uma galera que desaprendeu a praticar a concorrência saudável com a devida tolerância, e a vontade de vencer praticada com civilidade.
Post Scriptum: Trabalhinho instigante esse aqui (está em inglês).